Há muitos anos, quando escrevi as primeiras palavras desta coluna a que chamam blogue, fiz uma nota prévia em que guardava, acerca dos comentadores pós 25 de Abril, a minha abertura e admiração cultural por duas personalidades: Clara Ferreira Alves e Miguel Sousa Tavares. Esta posição continua clara. E digo isto, hoje, porque leio sempre as crónicas da Clara e também li «O Novo 11 de Setembro», acerca dos recentes atentados que sopram do Islamismo, assim a falar-nos de forma luminosa e civilizada sobre uma cultura político-religiosa que visa destruir o resto do mundo e não sei se então emigrará para o canto mais infértil do Universo.
Clara começa por nos dizer que «no Ocidente o terrorismo só desperta a atenção depois do massacre. A seguir, a população esquece». É um pouco assim, porque o Ocidente radicaliza-se de outro modo: navegando em dinheiros lavados e sujos, rezando maquinalmente em diversas igrejas, emigrando de fortuna para fortuna, entre países, fazendo tudo para comprar casas amplas e eternas, afundando-se nas massas de turistas, até níveis absurdos, alheando-se da morte do planeta pelas suas próprias mãos somadas às de Deus, indiferente às distorções do trabalho e das classes de salário mínimo e as do salário obsceno no seu vulto e diversos tipos de escondimento. E outros pecados domésticos. Em volta disso e da corrupção generalizada nas classes altas, sobressaem duas formas graves de alienação: o Futebol e a Televisão.
O texto de Clara Ferreira Alves começa por nos noticiar «Quase 400 mortos de uma vez, no Sri Lanka». Cita os 2997 mortos do 11 de Setembro e pede-nos para pensarmos nas Maldivas. Ou em Bali: «A primeira coisa que vem à cabeça é uma praia com corais vermelhos no azul turquesa e areias brancas». Mas como sabe que este mundo desta nova indústria é falaciosa, convida o leitor a visitar e viver o real dos cidadãos do Sri Lanka. Os que ficam atrás dos bastidores acotovelam-se para vender montanhas dos mais diversos produtos, abundância das classes mitigantes que sobram por esse mundo fora e morrem à mercê da fúria do clima ou da fome e das doenças.
A situação daquelas paragens cobre um texto rico, actualizado e terrível para quem ainda tem consciência do que acontece no mundo da Globalização.
A certa altura, escreve: «O Iraque é do Irão, com uma minoria sunita descontente, e uma guerra perpétua entre sunitas e xiitas. O equilíbrio de todas estas forças antagónicas é posto em causa, e países como a Jordânia e o Líbano correm perigo sério de desestabilização.
No Ocidente, o terrorismo só desperta a atenção depois do massacre. A seguir, a população esquece. Achando que que o califado foi vencido.» Clara, diz depois: «enquanto o terrorismo não for exterminado na fonte, enquanto as redes sociais continuarem a disseminar o ódio e o credo, o terrorismo continuará e crescerá, mais inteligente, tecnológico, letal e internacional. Mudando organicamente o modus operandi para aproveitar a surpresa e perpetuar o massacre. E todos sonham com o novo 11 de Setembro.»
No Ocidente, o terrorismo só desperta a atenção depois do massacre. A seguir, a população esquece. Achando que que o califado foi vencido.» Clara, diz depois: «enquanto o terrorismo não for exterminado na fonte, enquanto as redes sociais continuarem a disseminar o ódio e o credo, o terrorismo continuará e crescerá, mais inteligente, tecnológico, letal e internacional. Mudando organicamente o modus operandi para aproveitar a surpresa e perpetuar o massacre. E todos sonham com o novo 11 de Setembro.»