gráfico da colisão de partículas
Julga-se que o maior acelerador de partículas descobriu o «Bosão de Higgs». A colisão reveladora de uma partícula calculada teoricamente por Peter Higgs, há cerca de 50 anos, é um facto científico da maior importância. A partícula que colidiu com outras de natureza semelhante, sub-atómicas, tem as características da que pré-anunciou Higgs: sendo invisível, o seu embate noutros componentes que rodeiam o átomo aumenta a massa deles — e é a este princípio que os cientistas se agarram como explicação da origem do universo. Ninguém pode garantir que o universo terá tido essa origem, mas em termos da lógica da ciência e das sucessivas colisões em sucessivos aumentos de massa, agregação e expansão, tudo durante milhões e milhões de anos, algo parece fazer sentido. Mas, pelo meio, ficam descobertas e perguntas sem resposta, quer sobre as galáxias, a sua forma e dinâmica, os buracos negros, a matéria negra e a interacção das forças gravitacionais responsáveis por manter a coesão da massa e tudo o que se conjuga dentro e entre os espaços galácticos, as velocidades alcançadas, a vida e a morte de biliões de matérias configurantes no simples colapso incalculável de uma estrela, que pode desaparecer ou tornar-se mil vezes maiores.
Em cima, vemos parte do grande acelerador de partículas, o CERN, onde já se trabalha e se analisa o tipo de colisões acontecidas num percurso circular de 28 quilómetros, no sub-solo. Milhões e milhões de colisões de protões lançados a velocidades extremas, foram analisados desde 2010, tendo sido possível, agora, detectar a nova partícula (simbólica e popularmente chamada «partícula de Deus»). Rolf Heuer, director geral do CERN, respondeu a diversas perguntas numa conferência de imprensa e referiu-se à «pegada da partícula» como podendo ser um bosão de Higgs, o que não limita o resultado, pois tudo parece indicar que não há apenas um bosão, o de Higgs, mas muitos derivados dos mesmos cálculos. Há outros cenários (mais interessantes) que também preveêm bosões de Higgs. O Modelo Padrão pode completar-se em torno de outros dados. Perante o desconhecimento do que seja a matéria negra, o cientista aponta para uma hipótese de aquela não ser a partícula calculada por Higgs e «isso poderia vir a funcionar como um portal», dando acesso a novos territórios do conhecimento.
Muito ainda há que fazer para que este ramo do conhecimento descubra algum sentido no universo, as suas conexões, a sua finitude que parece em lançamento alucinatório para a infinitude, tão absurda como nós pensarmos isto e a nossa consciência, cheia de certezas e perguntas, se poder apagar, transformando-se em nada, com a morte do homem.