Professor José Saldanha Sanches
Morreu ontem, aos 66 anos, este homem que tantas vezes nos vistou pela televisão, soltando a sua palavra lúcida e o seu comunicativo modo de estar. Rui Cardoso escreve, no Expresso de hoje, que Saldanha Sanches foi referência de uma geração da Academia de Lisboa - «no tempo dos livros proibidos e filmes censurados, da negação dos mais elementares direitos de cidadania». Do alto da escadaria da Faculdade de Direito, a suz voz fez despertar consciências e arrebatou multidões. Sanches era, segundo Fernando Rosas, um orador brilhante, tão capaz de explicar e mobilizar, como de destruir os argumentos adversários com uma retórica demolidora.»
Corajoso e convicto, era dos poucos que não fugia quando a polícia carregava ou quando a PIDE fazia emboscadas. Por isso esteve várias vezes preso. O 25 de Abril abriu-lhe as portas de Caxias. Depois dessa data, juntamente com a sua mulher, Maria José Morgado, foi um dos primeiros a demarcar-se dos delírios esquerdistas e das políticas radicais.
O «Expresso» publica hoje a sua última crónica, ditada na cama do hospital, texto de que se publica aqui, como homenagem esclaredora, um pequeno excerto:
«Além das vassalagens, não podemos esquecer os outros papa-reformas, profissionais da acumulação de reformas públicas, semipúblicas e semiprivadas. Basta ver o caso do Banco de Portugal, ou outros menos imorais, que permitem a uma série de cidadãos -- gente séria, acima de qualquer suspeita -- alimentar-se vorazmente, em acumulações de pensões, com reformas e complementos, começando a recebê-los em tenra idade. Muitas vezes até com carreiras contributivas virtuais, sem trabalho e beneficiando de promoções (dizem que para isto são muito boas a Emissora Nacional/RTP e a Carris). Tudo isto, como sempre, é feito ao abrigo da lei. É que isso dos crimes contra a lei é para os sucateiros. O problema é que a lei que dá é refém dos beneficiários que tiram e da sua ética».
Fiscalista
Passará na televisão um pungente documentário em que Saldanha Sanches, entrevistado por Mário Crespo, revisita a prisão em que esteve preso e as memórias de um quotidiano sem sentido.
1 comentário:
Prof. Rocha de Sousa,
Em Fevereiro do ano passado publicou um post de Fernando Pessoa acompanhado de uma serigrafia/litografia de Pomar. Tenho um amigo que possui uma igual e numerada mas gostava de saber o valor para a vender. Será que nos pode orientar? Obrigada. O meu mail é adoro.laranjas@gmail.com
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