sexta-feira, julho 22, 2011

UM ROSTO NOVO E ESTIMULANTE NA REPÚBLICA

Assunção Esteves, nova presidente
da Assembleia da República Portuguesa

«A primeira mulher a integrar o Tribunal Constitucional entre 1989 e 1998, foi eleita Presidente da Assembleia da República. Deputada pelo PSD desde 1987, foi eleita para o Parlamento Europeu em 2004 e hoje, com mais de 80% dos votos, tornou-se a Primeira Mulher eleita Presidente da Assembleia da República e a Segunda Figura do Estado, com o aplauso unânime das bancadas parlamentares. Está de parabéns Assunção Esteves, a Assembleia, todas as pessoas que valorizam a cultura de mérito e, por razões por demais conhecidas, as mulheres, a quem dedicou este momento: em especial às mulheres anónimas e oprimidas... Portugal, todos os seus cidadãos registam, em particular a frontalidade e harmonia desta personalidade excepcional, e agradecem a sua escolha, desejando-lhe as maiores felicidades.»
Como se pode ver, em muitos aspectos, entre os principais, Portugal assume por vezes actos nobres, escolhas lúcidas, entregando à cultura e à razão de uma das suas mais notáveis cidadãs o segundo mais alto cargo da Nação. Não se trata de um louvor, trata-se de uma especial subtileza.

NA MORTE DO NOTÁVEL PINTOR LUCIAN FREUD

auto-retrato de Lucian Freud

Lucian Freud, nascido em Berlim, a 8 de Dezembro de 1922, Londres, 20 de Julho 2011, e é tido como um pintor e gravador britânico. O modo de formar que usava, num trabalho brilhante de acentuações, é bem mais germânico do que inglês.
Para além das controvérsias, uma maioria de observadores considera este artista como génio. Numa época de NEGAÇÃO, em que tudo o mundo queria ocultar a realidade, autores como Lucian Freud colocam os nossos olhos diante da vida: beeza, fealdade, paixão, desamor, juventude. O seu avô Sigmund Freud psicoanalisou mediante a psiquiatria o seu neto, a face bem simétrica aos olhos.
Lucian Freud aproximou-se da estética do surrealismo mas, durante os anos 50, mudou de registo, explorando a pintura de retratos, geralmente nus humanos. Filho de pais judeus, Ernst Ludwig Freud, arquitecto, e de Lucie Brasch, era, como vimos, neto de Sigmund Freu e irmão do escritor político Clement Raphael Freud e de Stephau Gabdol Freud.
Frequentou e concluíu estudos de arte em duas brilhantes escolas inglesas. O seu trabalho terá recebido daí muitos ensinamentos técnicos e de atmosfera, mas os nus de corpo inteiro, patéticos, e os retratos surpreendentes, a começar por si mesmo, têm sintomas germânicos e sobretudo a força afirmativa dos sentimentos ou, em certos casos, os olhares imóveis de uma lembrança impossível.














sobreposição fotográfica de
dois registos em tempos diferentes

(exploração do autor do blog)


terça-feira, julho 12, 2011

LOUVOR AO CORPO, PINTURA PORTUGUESA HOJE

Pintura de Duarte Vitória

A pintura tem alcançado novas dimensões do imaginário e de relação com o real. O real, perdido para as artes, em grande medida, nos espaços teóricos e especulativos do século XX, parece retornar à necessidade da representação, à necessidade do realismo, entre outros modos de formar, mas de facto numa infinidade de tipos de remake, num universo que pulsa, abre, selecciona, desprende parte de si num misterioso intuito de criar réplicas da sua pulsão interestelar.

segunda-feira, julho 11, 2011

AS PEDRAS DA CALÇADA VINDAS DA MÃO HUMANA

Desenho de Paula Prates

As pedras de calçada parecem ser assim, mas não. A verdade vem mais da natureza e da mão dos calceteiros, artesãos do princípio do mundo. Aqui temos apenas uma representação em grafite feita por Paula Prates.

quarta-feira, julho 06, 2011

ENTRE O PROGRESSO, PERIFERIAS E MONSTROS


obra de Cabrita Reis
Usemos um novo Título
ENTRE A PERIFERIA DA LUZ E O MONSTRO INSTÁVEL


Razoavelmente antes do TGV, comboios a vapor gastavam seis horas para cobrir a distância entre o Algarve e o Barreiro. E mesmo assim houve desastres monstruosos, arrasando muita ou pouca gente. Toda a Europa, que guerreara desde a antiguidade, embora muio desenvolvida com as tecnologias do século XX, gerou nesse século, a partir da Alemanha, sobretudo duas hediondas guerras mundiais, umas das maiores tragédias da humanidade, feita pelas mãos humanas e cabeças superiores, da engenharia às artes. A II Guerra Mundial foi servida com as mais devastadoras armas inventadas pelos homens. A Europa ficou pulverizada em ruínas, sobretudo na Alemanha, onde o belicismo alcançou grandezas e poderes de destruição aparentemente imparáveis. A vida é má para os pobres, mas as gerações recentes não podem imaginar os efeitos da II Guerra Mundial, fronteira do horror. Já na I Guerra se haviam usado gases dizimantes, a morte em combate por gases, enquanto os sobreviventes dessa loucura ficaram para sempre presos às sequelas de tais armas. E mais tarde, pior ainda, a todos os níveis dos efeitos produzidos, a bomba atómica, lançada pelos americanos em Hiroshima e Nagasaki, continua activa nos resultados sobre a contaminação da terra, o que não impediu os mais poderosos de engendrarem energia eléctrica por centrais nucleares, cujos percalços cravaram em certas regiões a marca indizível do Mal, desde Chernobyl ao Japão, recentemente.

Todas estas coisas, e todas as posteriores bombas que são potencialmente as grandes empresas transnacionais, a invenção fútil e por vezes mortal de matérias utilizadas em vários géneros de construção, tudo isso arrasta o mundo para uma voracidade consumista acima dos recursos aqui e além disponíveis, pelo que os Bancos inventaram Donas Brancas universais para que o dinheiro corresse, fosse donde fosse, enchendo os impérios adicionados às Mega Empresas, acicatando consumos aberrantes, trocas virtuais de dinheiro, nas Bancas de todo o Mundo, onde se ganham e perdem por dia, sem trabalho nem qualquer virtude para além do risco, biliões e biliões de unidades monetárias. Prontas a explodir na cara ingénua dos americanos, europeus, asiáticos e outros, de súbito percebeu-se que, nas caves da corrupção e de todas as armadilhas, se inventavam operações financeiras perigosíssimas, produtos ditos «tóxicos», que foram levados para os balcões onde as frenéticas populações arriscavam ganhar depressa o mais possível, para encherem de automóveis as estradas e auto-estradas, veleiros inacreditavelmente inúteis, usados em nome do prazer, que enchem hoje milhões de marinas em todos os continentes, a par de uma das maiores crises financeiras de sempre, da qual ainda não se reabilitou a América e a partir da qual a sofisticada Europa, na qual se tentaram edificar uma união de Estados sob o a força do euro, moeda única e a esperança da partilha de trabalhos, de desenvolvimentos, num espaço alargado de meios e interacções, a solidariedade gerida entre tratados de invulgar complexidade e futuros anunciados acima das utopias do século passado.

A crise geral infectou quase o mundo inteiro, fez os seus prisioneiros nos EUA, deixou o continente Europeu a tremer de operações icontáveis, barcos nas marinas, gente igualmente a turisticar como se tudo fosse breve e controlável, enquanto umas brughelianas entidades de rating, situadas no continente Americano mas abarcando o mundo inteiro, se encarregam de espreitar a movimentação financeira e económica um pouco por toda a parte — e, como num mero jogo de cartas, esses limites do imaginário, gente que trabalha para inomináveis forças do poder, pelo dinheiro, decretam diariamente, em joguinhos de letras e de + ou -, aquilo que apregoam ser a situação dos países em termos de moeda e de credibilidade financeira. Isto permite fazer guerras muito perigosas e injustiças ainda maiores: centenas de comunidades são atacadas por classificações que flutuam entre o «excelente» e o «lixo», ficando prisioneiras de dívidas colossais e juros que nem Pilatos cobrou. O que se vê através das televisões leva à indignação muita gente: porque os operadores de rating não foram formados especificamente nem recrutados com transparência, de forma democrática, enquanto os monstros do lucro se escondem atrás de empresas colossais, brilhantes e com clientes de inocente zelo. É só roubar. E depois sujeitar os países, de forma o mais aviltante possível, a entrar em recessão com a obrigação de pagamentos de megatoneladas. O FMI, eficaz e de receitas sempre iguais, ajuda os países em dificuldades a mergulhar até ao fundo das suas fezes, na esperança de que, em breve, a superfície ficará limpa, lisa e com os seus Bancos floridos.

Portugal tem andado numa roda viva e já entrou em recessão. Corta-se em tudo e privatiza-se o que quiserem. Os ministros vão a Bruxelas por tudo e por nada, voltam com uns tostões sob a marca de juros a 15%. E continuam a ter esperança.

Mas há pior: a Europa de tom federativo, de partilhas e solidariedades, capaz de irmanar os povos demografica e geograficamente menores aos maiores, tendo em contra proporcionalidades e grandes cerimónias de tráfego de divisas, tem estado a colar-se à Alemanha, a França pelos ajustes, nada de irradiante, moral e criador. A Grécia praticamente rebentou e a Comissão Europeia, além de outros patamares, atrasaram o auxílio, enquanto a Irlanda tinha de manobrar juros a 30%, sendo tais países alcunhados pela esferas nórdicas de periféricos. Os periféricos ou se governam ou vão à vida e sucumbem. E ninguém vai preso. Merkel, que às vezes acaricia os nossos ministros, acusou-nos de termos de trabalhar mais. «Ui, aquela gente periférica é uma peste que nos está a estragar o negócio». A falta de decoro, como aconteceu com o Presidente da República Checa e Cavaco. Estes mimos animam-se. Não fazem nada para refrescar as relações de países que aceitaram tratados ilegíveis. E agora? Já dizem, alguns meliantes, que a Grécia deve estudar o seu abandono do euro. Querem limpar as periferias. Nós ainda sabemos navegar em caravelas e fazer um manguito à III Guerra Mundial. A periferia é donde vem quase tudo, senhora Merkel: representa os rostos da Europa; sem periferia restariam uns países bem pen- santes que o mar virá submergir em breve. E de resto, porque é que a Alemanha não se considera a periferia do Norte? Já passei por aí e descortinei uns portos negros, poluídos, importadoramente grandiosos. Cuidado com as raças, a geografia e a xenofobia.