quarta-feira, fevereiro 27, 2008

A REFORMA DE FIDEL DE CASTRO


Terça-feira, dia 19 de Fevereiro de 2008, Fidel de Castro anunciou, ainda de madrugada, a sua reforma: «Não aceito nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e de comandante-em-chefe, declarou repetidamente o homem que só a doença forçou à suspensão do cargo de Presidente de Cuba, posição que detinha desde há 49 anos. Durante a sua hospitalização nomeou o irmão, até voltar ao serviço, como seu substituto. A sua despedida, em longa carta, consumou-se quando os cubanos ainda dormiam, mas não se tratou de um suicídio, nem sequer político, pois o Homem da Ilha indiciou o seu comportamento na vida que ainda lhe resta: escrever editoriais, assumir o seu direito ao chamado exercício de influência. Segundo Nuno Paixão Louro, o irmão de Castro é o seu herdeiro natural, mas há mais candidatos, desde os históricos aos talibãs. Apesar da renúncia a todos os cargos, Fidel escreveu: «O meu desejo foi sempre cumprir as minhas tarefas até ao último suspiro. No entanto, seria uma traição à minha consciência assumir uma responsabilidade que exige mobilidade e dedicação, condições de que já não disponho fisicamente para tal desempenho. Digo-o sem qualquer dramatismo».
É óbvio que este homem, apesar de anunciar o prolongamento da revolução para além de si mesmo, depois de morto, aspirava a cumprir funções até ao último suspiro, o que deixa a entender não admitir, contra qualquer lapso e dor, uma apropriada eutanásia quando já nem suspirasse,
Não há verdadeira oposição interna e os cubanos acordaram e viveram os dias pós-carta como se nada tivesse acontecido, excesso de zelo que lhes tem servido, nos prós e contra, como estratégia para resguardarem a sua liberdade interior, a sua rectaguarda pessoal. O poder de Fidel continuará a sentir-se em todos os aspectos da governação. Seja como for, a sua saída de cena pode marcar o início de um novo tempo. Em surdina, os opositores de Castro dirão mais ou menos isso, mas parece não acreditarem numa verdadeira diferença senão depois da morte de Fidel e do, também natural, desaparecimento de Raúl, reformado por sua vez ou não. De resto, como numa cena de destino longamente ensaiada, a votação para a substituição institucional de Fidel de Castro, consagrou por inteiro a escolha de Raúl Castro. A sucessão está consumada, com um presidente de 76 anos.
Por enquanto, entre os personagens em rede criados por este singular regime, uma enorme incógnita subsiste: continuidade ou mudança?


terça-feira, fevereiro 26, 2008

A DERRADEIRA OBRA DE ANDY WARHOL


Esta obra, executada na clandestinidade por Andy Warhol, foi descoberta algures, mas os estudiosos e coleccionadores de arte não tiveram acesso aquela peça. Os gráficos da revista Sábado, presume-se, procuraram reconstituir, com a maior fidelidade possível, segundo informações especiais e através das novas tecnologias, o aspecto conclusivo desta importante obra da arte pop universal.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

CIDADES E LUGARES SUBMERSOS, SEC.XXI

foto de Miguel Lopes Lusa
A imagem deste homem que transporta raros víveres num chapéu de chuva invertido, simulando breve embarcação, surge num contexto de águas de cheia, poluidas, lamacentas, e dir-se-ía enquadrado em algum daqueles cenários recentemente evocados aqui, a propósito do cinema de Tarkovsky. O clima é patético. E o acontecimento verificou-se há três dias na zona metropolitana de Lisboa, de súbito como que revelada cidade do terceiro mundo, submersa em pontos cruciais e em poucos minutos, mercê, sobretudo, da incúria dos homens, da ganância cega que rompe com todas as regras ecológicas e conduz à contrução em leito de cheia de montanhas de casas geminadas, sem circulação estudada, sem vias de escoamento, sem plantas, paisagens inenarráveis bem perto de qualquer epílogo castratosfista de alguns livros de ficção antecipadora e terrivelmente coisificada no actual estado do clima ou dos efeitos nefastos de tecnologias pesadas, dependentes das maiores voragens sobre os meios naturais da terra.


Pensemos no texto alinhado com a fotografia anterior e vejamos agora esta outra imagem afinal semelhante à primeira, de há poucos dias também, obtida noutras cheias de assombro, em Moçambique. Este velho homem percorre o possível caminho da salvação, na estradinha submersa, e transporta igualmente alguns meios de sobrevivência, seguido de perto por meninos deslocados, que sugerem um conhecimento determinante de situações destas, regulares, apavorantes. Sub-desenvolvimento e civilização tecnológica avançada sob os mesmos avisos e incorrendo nos mesmos erros.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

ESTAMOS PERTO DA NAVE DA ESPERANÇA



Na época nobre da literatura de ficção científica, Edmond Cooper, com o seu livro «A Nave da Esperança», enfrentou o problema da nossa finitude, da finitude do próprio planeta em que vivemos. Perante a crise global da sustentabilidade da vida em geral, na Terra, as Nações uniram-se para lançar indefinidamente no espaço uma espécie de «Arca de Noé», uma imensa máquina capaz de se refazer e refazer, no seu interior, o ciclo da vida. Uma comunidade de eleitos, os melhores e mais estruturados em todos os níveis, foi treinada para viver nessa nave, reciclando materiais, nomeadamente os biológicos, tendo filhos e adestrando-os naquela habitat, embora ninguém se devesse desligar da memória das origens e de toda a história do homem, incluindo dados completos das tecnologias mais avançadas, sob o sinal de um Objectivo geral, a de um dia as futuras gerações desenvolvidas na Nava da Esperança puderem encontrar, algures no Universo, um lugar compatível com a vida e o prolongamento da espécie. O Objectivo envolve, não expressamente, um certo sentido místico, a ideia de um renascimento constante, e assim Edmond Cooper descreve a vida na Arca, a sua renovação, um percurso entre sistemas estelares e planetas, as pausas de pesquisa em todos esse lugares quando pareciam indiciar condições para ancoragem e sedimentação. Durante séculos, a Nave da Esperança gravitou por longas distâncias no Universo até chegar a um ponto muito semelhante ao Sistema Solar donde havia partido. Cooper não se atreveu a consolidar a Utopia: as sucessivas rotas alternativas haviam trazido a Nave de volta à própria Terra. Não havia mudado grande coisa naquele núcleo constituído pelo sol e pelos antigos planetas registados em todos os seus aspectos. A procura do que tinha características aparentemente compatíveis com a vida do homem levou o Conselho de Entidades de comando a perceber o que se havia passado. Infelizmente, pelas minuciosas observações efectuadas, a Terra tinha mudado de forma radical: a humanidade que aí ficara, cultivando a espera e a mesma dilacerante competitividade, suicidara-se através do despoletamento de todas as reservas nucleares. O planeta estava inteiramente destruído e contaminado para milhares e milhares de anos, apesar da imagem pacificadora que oferecia no fundo negro do Cosmos.

O MUNDO AINDA VIVE NA IDADE DAS TREVAS

pintura colectiva: Cruzeiro Seixas, Mário Botas

No livro «deus não é grande», Christopher Hitchens assume um eloquente debate com os crentes, apresentando argumentos contundentes contra a religião e a favor de uma abordagem mais laica da vida, sobretudo pela leitura atenta e erudita dos textos religiosos mais importantes. São dele, a terminar aquela obra, as seguintes palavras:

A religião esgotou todas as justificações. Graças ao telescópio e ao microscópio, já não oferece explicação para nada importante. Antigamente, nos casos em que podia, por força do seu completo comando de um panorama mundial, impedir o surgimento de rivais, a sua decisão era impiedosa e assombrosa. Agora só pode dificultar e atrasar - ou tentar abrandar - os avanços mensuráveis que fizemos. É verdade que por vezes os admite astuciosamente. Mas fá-lo para poder escolher entre a irrelevância e a obstrução, a impotência ou a reacção imediata, e com esta escolha encontra-se programada para seleccionar a pior das duas. Entretanto, confrontada com panorâmicas internas nunca imaginadas do nosso próprio córtex em evolução, dos limites mais recônditos do universo conhecido e das proteínas e ácidos que constituem a nossa natureza, a religião oferece aniquilação em nome de deus, ou então a falsa promessa de que se levarmos uma faca aos nossos prepúcios, ingerindo bocados de pão, seremos «salvos». É como se alguém a quem foi oferecida uma fruta deliciosa e fragrante fora de época, amadurecida numa estufa feita com muito trabalho e amor, deitasse dora a polpa e o sumo e mastigasse taciturnamente o caroço. (...)

A prossecução da investigação científica, sem entraves à disponibilidade de novos achados para massas de pessoas através de meios electrónicos simples, revolucionará os nossos conceitos de pesquisa e desenvolvimento. Será imporante situar o divórcio entre a vida sexual e o medo, entre a vida sexual e a doença, e ainda entre a vida sexual e a tirania, passos que podem agora pelo menos ser tentados, com a única condição de banirmos todas as religiões do discurso. Tudo isto, e não apenas, estará pela primeira vez ao alcance da nossa história, porventura ao alcance de todos nós.

domingo, fevereiro 17, 2008

TARKOVSKY, UM CINEMA DO ESPÍRITO






NOSTALGIA
















SOLARIS











O ESPELHO














IVAN













RUBLIOV













A obra fílmica de André Tarkovsky, gerada por um talento incomparável e um grande sentido de missão pela própria arte, baseia-se por isso mais nos valores do espírito do que na exploração das tecnologias que lhe são subjacentes. Trata-se de uma espécie de missão de fé, não no sentido religioso propriamente dito, até porque o autor não era homem de igrejas, mas no sentido humanista da mensagem artística, tendo em conta, de forma profunda, as questões da vida e da morte, o entendimento do ser na estranheza dos seus contextos reais e também simbólicos. A Rússia imensa e trágica emerge de filmes que ultrapassam o tempo, desenhando frescos transcendentes como «Rubliov», justamente um pintor do século XIV, falecido no convento Spasso-Andreievski, perto de Moscovo, entre os anos de 1427, 1430. É um personagem que se revela para além da bruma, cuja actividade se conhece mal, embora se saiba que o seu estilo, tocado pela pintura grega (bizantina) se desenvolveu e transformou no terreno russo, em termos de forte pendor idealista e simbólico. Para além da sua obra mais referida (o Ícone da Trindade), os dados sobre a vida e arte desta personagem invulgar desdobraram-se em referências erráticas ou mesmo de sabor mitológico. E falar dele aqui serve apenas para situar o filme que nele se baseia, «Rubliov», de Trakovsky, empreendimento cinematográfico fabuloso e cuja forma, por capítulos em perfeita harmonia, nos fornecem um grande fresco da época, dos conflitos, dos combates religiosos, da implantação quase mágica de grandes símbolos do fazer artístico, tudo numa densidade portentosa, por vezes barroca, sempre medieva, como que a perseguir, entre o ruído das tempestades humanas, o sentido da criação, a ascenção do espírito acima das terras húmidas e das cúpulas das catedrais. Porque, no fundo, esse filme contém desde logo a anunciação de Tarkovsky enquanto visionário, poeta, senhor de uma imagem com regras e acima delas, capaz de forçar todas as mordaças e gritar para sempre através do silêncio como instrumento superior. Isso já acontece em «Ivan» e estende-se a um grande amor pela imensidão do seu espaço, memórias que sobram à sua volta, figuras, parentes, ruínas, a nostalgia delas e o sacrifício por elas.

O cinema de Tarkovsky, ainda que travado inicialmente na Rússia, sobreviveu aos escondimentos e chegou até nós na decisiva aurora do 25 de Abril de 74, como se pudesse colar a sua reflexão sobre o homem à revolução precária que nos envolveu. Foi assim apontado na verdadeira grandeza que o caracteriza, contraposto aos impulsos da indústria cultural e colando a
angústia que exprime à nossa própria melancolia, a saudade das terras longínquas, a rude cultura marcada pelo triângulo da água, do fogo e do binómio luz/sombra. Essa viagem é assumida fisicamente por Tarkovsky, que emigrou para a Europa Ocidental e aí produziu obras paradigmáticas da distância, da ausência, da memória, da lucidez perante os sinais do mundo em crise, quer através de «Nostalgia» (rodado em Itália), quer através de «Sacrifício» (feito na Suécia). Esses filmes trazem a marca da corrida interdita de «Stalker», a reinvenção das zonas secretas, o pesadelo orwelliano de lugares poibidos, onde as pombas são virtuais e o deserto pode alastrar pelo interior das velhas casas, entre sulcos e água e marcas de fogo. Uma obra assim, e aqui refiro-me a todos os filmes de André Tarkovky, deveria ser reproposta regularmente ao público, num trabalho pedagógico salvador das indústrias do consumo, das marcas redutoras a que tudo globalmente vai cedendo.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

SACRIFÍCIO, de André Tarkovsky

Tenho estado a rever a obra fílmica de Tarkovsky, meu objecto de culto, e penso reflectir sobre alguns dos principais aspectos desta superior criação. A estética de Tarkovsky coloca em campo as mais profundas reflexões sobre o homem, a vida e a morte, abrindo a linguagem aos seus mais extraordinários efeitos directos. Deixo aqui a primeira imagem do longo plano de abertura que marca, desde logo, o último filme de Tarkovsky.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

NA MORTE DE LUÍS RALHA, Pintor e Designer

Luís Ralha
Homem de grande força de espírito perante as contradições do mundo, Luís Ralha, pintor e designer, nasceu em Alhandra, em 1935, formou-se na Escola Antóno Arroio, em 1957, e em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL), onde viria a ser professor assistente, nos anos 80, após vários anos vividos em Moçambique. Exerceu actividade docente na Universidade do Porto e na Escola Superior de Arte e Design (ESAD). A passagem pelo atelier de Daciano Costa revelou-se bastante profícua no aproveitamente da sua vocação. Em Moçambique trabalhou essencialmente para a Direcção Nacional da Habitação, dirige um Gainete de Design Industrial - tendo então realizado as suas primeiras exposições individuais. Participou num grande número de exposições colectivas e explorou o design em obras de interior ou para equipamentos industriais, assumindo também as funções de desenhador no atelier de Daciano Costa. Foi sobretudo, nas múltplas disciplinas trabalhadas, uma figura ligada a obras de equipa, Reitoria da Universidade de Lisboa, Hotel da Balaia, Galerias Ritz. Projectou galerias municipais em Vila Franca de Xira, Alverca e Póvoa de Santa Iria. Além de outras prestações em domínios semelhantes, esteve ligado a exposições bienais, mobiliário urbano e projecto cromático para espaços dessa área. Produziu Arte Pública em Lisboa (estação do metro de Entre Campos), Alverca e Santa Iria de Azóia.
As duas únicas pinturas que foi possível recolher em tão pouco tempo (Ralha faleceu no dia 6 do presente mês de Fevereiro) mostram bem a qualidade da forma plástica que desenvolveu em diferentes modos e conteúdos. Empenhado socialmente, interessado pela nova pedagogia no ensino artístico e na própria evolução estética das coisas do espírito, Luís Ralha, como outros da sua geração e ainda activos, foi preterido pela nova crítica, enquanto, por si mesmo, se recusava a usar o habitual tráfico de influências para a sua mediatização e sucesso público. Pertence indesmentivelmente à história da arte portuguesa contemporânea, mesmo para os inventários ou publicações que o foram esquecendo na vaga de deturpações que só acharam a nossa moder- nidade e os seus protagonistas a partir dos anos 80.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

CARNAVAL OU A TRANSFIGURAÇÃO DO MEDO

No dicionário pode ler-se que «o Carnaval corresponde aos dias, semanas ou meses, conforme os usos dos países, que precedem a Quaresma.» Para nós cita-se o período de três dias que precede a quarta-feira de Cinzas, tempo durante o qual, por vezes com uma grande vibração catártica, se celebra essa liberdade mítica onde todos os prazeres são possíveis, entre jogos de máscaras, cortejos críticos, bailes de disfarçe, vivência do corpo e da música, danças dionisíacas, uma enorme careta em esgar contra o mundo. As diversas situações desta época singular, que por vezes transformam o riso e a alegria numa manifestação quase monstruosa do ser, têm origens em ritos e exorcismos muito antigos. Naquele fragmento de uma das maiores favelas do Rio acomodam-se os grupos tradicionais do canava brasileiro, o mais faustoso do mundo, com o seu famoso samba, as suas ritualidades, a sua marcha, um assombro de delíro desfilando por uma avenida com bancada que se chama sambómetro. Alguma coisa se exconjura assim, entre a sedução pelo corpo, um sexo enfim liberto das cangas religiosas e morais, uma nova ordem contra o caos habitual das grandesmetrópoles, o apelo à fantasia, o desejo expresso de pôr a ridículo as instituições e personagens do poder.
A ideia que tenho destas manifestações, além de outras de que as religiões se apropriaram, passa pela recusa festiva do cerco habitual demarcado nas sociedades actuais (e nas outras, nas longínquas comunidades do homem primitivo) por forma a eliminar o medo em plena catarse. O Carnaval seria assim, cada vez mais absurdo, a revolta em riso e canto contra uma permanência do medo, do limite na morte. O medo acabaria, duante algum tempo, de perder a força que desaba sobre o nosso psiquismo já carregado de ruído, transfigurando-se transitoriamente na clarificação dos melhores estados vitais, corpo e espírito vogando numa outra dimensão, entre vigorosos exorcismos, gelos e calores tropicais.




risos sem temores

BREVE VISITA À OBRA PLÁSTICA DO REI

Às cinco da tarde do dia 1 de Fevereiro de 1908, um atentado no Terreiro do Paço vitimou o rei D.Carlos e o príncipe herdeiro. Atacado pela propaganda republicana e traído por sectores monárquicos, responsabilizado, com razão ou sem ela, por todos os males do país, D. Carlos foi caricaturado de forma sistemática e impiedosa. Ficaram testemunhos do seu lado cultural e científico: pintor, fotógrafo, oceanógrafo e amante da Natureza.
PERFIL DE ANCIÃO
pastel sobre cartão, sem data. D.Carlos
dominou também a técnica da aguarela
GADO DA RIBEIRA
pastel sobre cartão, 1896.
Este quadro foi um dos vários que valeram
prémios ao rei enquanto pintor

MEXILHOEIRO
pastel sobre cartão, 1908, obra inacabada.
Apesar de amador, D. Carlos foi um dos melhores
pintores naturalistas do seu tempo
citações da revista Única Expresso

sábado, fevereiro 02, 2008

O HOLOCAUSTO NUNCA ACONTECEU

apagamento da realidade aqui noticiada

Os brasileiros, pressionados pela comunidade judaica, decidiram proibir a passagem no cortejo de carnaval de um carro alegórico ao holocausto cometido pelos nazis contra aquele povo. A imagem
do post seguinte mostra uma parte do carro sobre o holocausto, instalação aterradora de cadáveres nus, esqueléticos, como tantas vezes temos visto no cinema e na televisão

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

CARNAVAL E HOLOCAUSTO

Carnaval e Holocausto, título jornalístico que nos ocorreu entre dificuldades, explica-se aqui, quer através da imagem, quer pelas breves palavras que publicamos. Esta fotografia, tão objectivamente parecida com documentos dos mortos nus nos campos de concentração nazis, faz parte da reconstituição hiperrealista, num terrível volume evocativo do Holocausto, que os brasileiros pretendem ser tema de um dos carros alegóricos do seu Carnaval do Rio. A ideia envolve justamente, a meio de um trabalho lúdico, em que o prazer corporal costuma alcançar expressão arrebatadora, o empenho na revitalização da memória sobre este e outros acontecimentos similares. Tantos, aliás, em plenos século XXI, um pouco por todo o lado, produzindo imagens semelhantes a esta, sobretudo no continente africano, vítimas de guerras absurdas, étnicas, feitas por mandantes enlouquecidos, enquanto o mundo se agita entre crises económicas baseadas nos facores niveladores da globalização. No Carnaval, este carro, dizem alguns dos nossos bem comportados cidadãos, parece uma heresia e uma falta de respeito pelos mortos evocados. Sim? Deviam experimentar e parar o carro diante da tribuna onde aquecem, alcoolizadas, as consciências dos bons cidadãos do mundo.