sexta-feira, agosto 14, 2015

FALECEU EM FEVEREIRO O ARTISTA VICTOR BELÉM


VICTOR BELÉM

Quase te conheci desta forma, porque assim conversámos e abrimos a alma aos encontros de outros tempos, muitas galerias e a SNBA, chacoteando um pouco os vícios da fama alheia ou o céu quase súbito das inaugurações guardadas por uma burguesia que se fechava para os sonhos dos outros -- e ainda mal se sabia que o 25 de Abril estava por perto, depois engalanado com seduções, utopias e esquisitos conflitos entre pares e ímpares. Bom foi convivermos mais tarde, por cima de algumas décadas: fazer textos, ver exposições, aplaudir as tuas e alguns livros meus, de mistura com as colagens que levei à 111.
Soube tarde da tua morte, agora mesmo, no fim de contas. Tinha bonecos teus para publicar mas prefiro esta austeridade como sinal de revolta por ninguém ter accionado as ferramentas públicas para que o país  te oferecesse a exposição tua, da tua obra, que era merecida e necessária,  anterior que foste, no sarcasmo e na ironia, a muitos triunfadores da pop, da bad, dos vários neos e minimalistas, novas representações do sagrado objectualista.
Escrevi mails, chamei por ti, mas só agora me disseram que estavas sofrendo e que havias morrido em Fevereiro. Preservaste a tua dignidade perante um Universo mandador e absurdo.
Disseram na Net que "Cascais e a cultura nacional perderam um dos maiores vultos das artes plásticas da segunda metade do século passado e início do corrente. Victor Belém (Cascais 1938-2015) destacou-se pela sua modernidade e irreverência, primeiro como artista plástico e mais recentemente com trabalhos de fotografia ficionada." Dizem ainda que te formaste na Escola António Arroio e como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. E mais, ou por isso, que trabalhaste dois anos sob a orientação de Júlio Pomar.
Depois dizem mais algumas coisas, mas poucas, porque não sabem dos teus segredos, a do papel higiénico, o da fisiologia em secagem, as bandeiras e certas instalações. Mas lembraram-se que estás representado em colecções e museus, em Portugal e no estrangeiro. Nos bons dicionários. E sem palavras sobre os corações onde permaneceste, entre o riso e a melancolia. Nem sobre os registos daquela Maternidade que os talentos da malta representou no teu ateliê. Grande ópera a apregoar o fim do Mundo e o Início do Seguinte.

segunda-feira, agosto 03, 2015

DÚVIDAS NÃO CALAM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO


NENHUM REQUIEM À ENTRADA DESTA CITAÇÃO

ESTA CITAÇÃO ENVOLVE UM TEXTO COM O QUAL SE
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A TERRA ONDE VIVEMOS É ESTA, NÃO CONSTA QUE TENHA SIDO FEITA PARA DOENÇAS FINANCEIRAS NEM PARA DEMÊNCIAS SUICIDAS

sábado, agosto 01, 2015

O MUNDO VIVE EM REDE CONSPIRATIVA



Cheguei a uma cidade do sul e não vi ninguém. Terá sido outra onda de emigração? Vão e voltam os turistas, enchem os restaurantes e comem tudo o que vêm. Os moços da chamada hotelaria vão e voltam, trazem as lagostas nos  pratos. E nem ligam às pernas das raparigas, mil vezes mais ofuscantes, no desenho e na cor, do que mil lagostas ou sapateiras. Morre gente nas estradas, ou em casa, de velhice, as pensões são cortadas e no futuro serão minguadas e beneficiar da liberdade (princípio fundamental da democracia) de saltarem para o espaço privado, aquele  em que se embrutece pelo dinheiro e por ganhos que nada se relacionam com Estado Social ou ramos da solidariedade. Dizem que a Coligação (do governo em fim de festa) já afia as facas para os cortes resilientes da austera harmonia futura, permitindo que as autoridades possam colocar o país entre os dez mais competitivos do  mundo. É verdade que já somos dos mais despachados a emigrar, sem ligar à terra e a uma secular plantação de géneros hortícolas. Perdedores de barcos e de sardinhas com uma zona marítima das mais vastas do mundo, este lugar já navegou até às sete partidas desse mesmo mundo -- e quando era mais pequeno em gente, tornando-se endemicamente rico para grandes não se sabe porquê, nem os comunistas que se julgaram capazes de gerir o mundo com ordenados mínimos para todos e um remanescente em poder militar, na fome de todas as ucrânias. Viu-se. E vê-se, quando Putin tira a camisa, alarga os ombros e manobra no seu mar de recreio uma vedeta que dava para duplicar o ordenado a todos os russos, incluindo os velhinhos acamados numa serra de gelo. Mais a ocidente, a Europa ordenou o desmantelamento de milhares de embarcações, marinha mercante e frota de pesca.


Mas deixemos essa gente  distante e geneticamente austerizada. 

Li uma coisa esquisita num jornal que talvez fosse o Diário de Noticias. Via-se que o articulista (não digo o nome podem aparecer aí alguns talibãs e jihadistas). O artigo dizia logo à cabeça: «PLANO VINGATIVO DA EUROPA PARA PRIVATIZAR A GRÉCIA». Parece um capítulo da "Teoria da Conspiração". O homem diz que «no dia 12 de Julho, a Cimeira congregou os líderes da zona euro e ditou os seus termos de rendição ao primeiro ministro Alexis Tsipras, que, atemorizado com as alternativas, terá aceitado todos. Um desses termos dizia respeito à disposição dos restantes activos públicos da Grécia.1
Os líderes da zona euro exigiram que os activos públicos gregos fossem transferidos para um fundo do género Treuhand -- plataforma de venda urgente semelhante ao dispositivo utilizado após a queda do muro de Berlim para privatizar rapidamente, com grande prejuizo financeiro e com efeitos devastadores no emprego de toda a propriedade pública do Estado Alemão Oriental que se desvaneceu. 
O Treuhand grego foi indicado para ser sediado no Luxemburgo (esperem por isso!) e orientado pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wojfgang Schauble, aliás, ele mesmo, autor do esquema. Tal operação, no caso da Alemanha Ocidental (desvanecendo a Oriental por 1 geminação integral) foi acompanhada pela Colossal Conspiração investimentos maciços em infraestruturas por parte da Alemanha Ocidental e por transferências sociais em larga escala para a população do lado Oriental. Estas situações não são comparáveis ao método imposto à Grécia, mas de todo em todo bem diferente. No caso desta eventualidade passar a facto histórico, o que se sabe é que a Grécia não receberá nenhum benefício correspondente e de qualquer espécie.
Seja como for, o actual ministro das Finanças grego, há duas semanas, fez por diluir certos desastres ocasionados pelo método e conseguiu que o Treuhand se centralizasse em Atenas. Por estranho que pareça, este político logrou achar para o efeito alguns abrandamentos dos credores, a chamada troika da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacioal.1

citado de um artigo de Yanis Varoufakis (ex-ministro das Finanças do actual governo Grego)

Mas que havemos de pensar de tudo isto? Ainda que a Grécia possa ser um companheiro difícil, isso não pode significar o tratamento dos seus representantes a que assistimos no tal dia 12. Não há nenhuma Europa em regime de União (que não pode ser só financeira) que seja sustentável daquela forma e do modo como os seus orgãos funcionam de momento. Todos se voltam para a Alemanha e para o seu fogoso Ministro das Finanças. Estas personagens, horas e horas desfazendo uma soberania ou a ideia de uma solidariedade antiga, relevam de um fundo histórico que se pensou ter mudado após a derrota nazi na última Grande Guerra. O mundo tem picos e personagens que simulam a Colossal Conspiração e que emergem um pouco por toda a parte, e isso bem se vê em todo o Médio Oriente, na Ucrânia, e em grande parte do continente Africano. Morrem os emigrantes vindos da selva (selva de Poderes) e a Europa, atulhada em dinheiros assimétricos insiste num silêncio de qualquer Grande Herança: o pior é se se devora a si mesma, recebendo genéticas ímpias do sul. Não há Sul nem Norte. Cuidem que o sol continue a nascer Leste e a descansar a Oeste. Podemos ainda travar mais uma guerra Universal (não Mundial) mas depois disso não haverá mais "plano Marshall" que nos salve e as doenças do planeta terão progredido até à fuga dos restos populacionais para contentores no espaço. Calais e o Canal  da Mancha terão desaparecido. Há quem diga que os últimos sobreviventes, em coma induzido em escalas mais ou menos conhecidas consoante as rotas gravitacionais, teráo 5% de ressurreição, mas nada se saberá quanto aos que poderão sair desta galáxia e entrar noutra.



   UNIÃO EUROPEIA 2015
depois da emigração em massa dos humanos em condições de o fazer ninguém mais soube pensar o universo