domingo, fevereiro 22, 2009

FALECEU MESTRE LAGOA HENRIQUES

Prof. Escultor Lagoa Henriques

Tinha 85 anos. Serviu a cultura e o ensino artístico, com ardor e um entusiasmo quase pueril, durante mais de meio século, acompanhando os processos da vida, os métodos da descoberta, a natureza poética do traço em belos sentidos de deriva sobre o papel. Acompanhei muito o seu trabalho, enquanto artista e professor, em Lisboa, antes da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa ter sido integrada, como Faculdade, na Universidade dita clássica. Ele saira antes, inconformado com os arrastamentos dos governos, num apelo por programas de televisão, temas sobre lugares e gente na margem, uma didáctica simples, feita do seu modo de representar a própria invenção da fala, entre metáfora e devaneios narrativos sobre as imagens. O mundo deslumbrava-o, e as coisas, e os restos, e as recordações da mãe, entre fotografias e pequenos objectos que povoavam, um pouco por toda a parte, a sua casa, dentro do próprio atelier. Casa alcandorada, pisos de madeira, salas intimistas, abarrotando das mais insólitas memórias da sua apetência pelo achamento de novos sentidos aqui, e em plena praia, ou além, numa viagem meio bizarra. Ao acabar as suas séries televisivas, um pouco traído nesse sonho, já não tinha a sua Escola e os seus alunos, um auditório atento, olhos de espanto perante a invenção dos gestos explicativos, dos arredondamentos, da graça e da ponderada gravidade do encadeado das frases. Retomou, apesar de tudo, a actividade do ensino nas Universidades privadas, procurando conservar a sua verdade pedagógica e a visão poética dos seres.
Era um mestre do estar, um praticante da viagem interior, comovido cultor de afectos.
Na notícia da sua morte, alguém escreveu por ele:
«Adeus, até sempre que é o tempo certo.»

terça-feira, fevereiro 10, 2009

VIDA IMPÚDICA E PÚDICA DO DITADOR SALAZAR



Olhamos para a figura severa, num palácio nocturno, e reconhecemos logo a figura do homem que governou Portugal durante 48 anos, em ditadura, o povo amordaçado, rédea curta, polícia política nas esquinas do nosso descontentamento. Não era figura com quem se brincasse e toda a gente acreditava no seu viver solitário, mandando em tudo do centro da sua casa de S. Bento, a polícia e os ministros. Uma governanta de cutelo servia-o e e ajudava-o na disciplina destinada aos agentes da PIDE que tratavam da segurança do forte de S. Julião da Bara, onde gostava de passar as suas férias, ver a horta caseira, fazer a sexta e ler. Muitos falavam de uma grande paixão que o acometera nos tempos de Coimbra, coisa que derrapou, assim ficando tão só como disse Christine Garnier, na sua visita longa e seu amor tardio. Quando ela partiu (estava a escrever um livro, «Férias com Salazar»), o carro rolou devagar e ele ficou a acenar da porta. Ela escreve isso mesmo. E terminou com o célebre período de uma palvra apenas: «Só»
Ora acontece que, depois de ensaios televisivos mais ou menos históricos, de época, o último dos quais tem sido o EQUADOR, escrita imprópria para a oralidade, trechos secos e pequenos, os actores como gente do teatro amador, debitando pouco e movendo-se como se houvesse um risco no chão, a SIC enfia-nos pela garganta uma inacreditável «Vida Privada de Salazar», coisa sem sentido nem verdade, pior que todos os filmes feitos sobre o milagre de Fátima. A produção, no Equador, apostou no cenário. Grandezas. O director cortou aos actores todas as deixas e a fluência dos racords. É teatro e teatro a mais. No caso de Salazar é mais ficção do que outra coisa, com um actor (que conhecemos do seu mérito nas novelas) mas que, através da sua juventude carregada da lama na pele, sem nada de parecido com Salazar, sopra o que pode para alguns comparsas conhecidos, atura a D. Maria, mas desde cedo caiem-lhe no colo mulheres lindíssimas, em actos de amores perdidos, ele bem vestido, beijando como um galã tímido. Meus senhores, que diabo de coisa é esta? Como é que se faz um trabalho que fica a milhas do já discutível Amália?


Na hora da morte, que deixou de começar com a queda de uma cadeira «preguiçosa», sendo substituída por um tempo meio omisso da queda na banheira, o homem que está na água, e quando nos calha ver um raro grande plano da personagem, não é nem o actor nem o Salazar: é a máscara de Marlon Brando, sem tirar nem pôr, rosto que Copola apadrinharia com todo o gosto.











Irene Pimentel, uma historiadora credível, arrasa a série sobre Salazar. E seguimo-la no jornal «Diário de Notícias». Segundo o que diz, só o diálogo com o futuro Cardeal Cerejeira e a proibição da família Perestrelo que, por razão de classe, impede o relacionamento entre o jovem Salazar e a filha Julinha, têm rigor histórico. Esta é a opinião da historiadora Irene Pimentel sobre a estreia, no domingo, da miní série da SIC «A Vida Privada de Salazar». São dela as seguintes palavras: «Achei a série altamente especulativa. Duvido muito que muitas das histórias contadas se tenham passado de facto» Irene Pimentel afasta-se da condição de crítica de televisão. Mas a verdade é que aquilo não se trata de televisão, nem de cinema, é um subproduto que chega a envergonhar algumas das novelas que já somos capazes de fazer (repare-se em «Olhos nos Olhos»), descontando a piroseira infecciosa dos roteiros, histórias impensáveis, arrastadas, próprias para uma forte punição e despedimento com justa causa. Salazar não é Salazar, mesmo que fosse capaz de rebolar na cama com mulheres tão estereotipadas. O actor está sempre a dar tiros no pé. Não digo que ele tivesse de ser a máscara de Salazar. Mas poderia sugerir. E, ainda por cima, é um jovem talentoso a pisar a casca de banana, que investigou fontes obscuras do ditador e não sabe nada daquele Portugal, aliás bem ausente da composição de interiores e exteriores.








Irene Pimentel considera que os «diálogos são pouco ricos». Não são diálogos, argumentamos nós. E de facto as figuras de 1905 não falavam assim, não se vestiam assim, não se movimentavam assim.
Esta ímpia apresentação, cena após cena, tem uma forma (mesmo na inexorável patetice dos momentos) inadequada a contextos e tempos. De resto, como o sotaque lisboeta das meninas da Beira, ao menos em honra da figura do impúdico Presidente do Conselho e sua voz desde cedo esganiçada - «a Nação não se discute e a Pátria nao está à venda».
Salazar não morreu de forma trágica como o filme sugere, um «padrinho», pesado e nu, a ser escorregadiamente amparado pela governanta e uma criada. Os jornais foram comedidos e alguns (censurados) tentaram descrever a queda da cadeira numa jeito algo ridicularizado, em contraste com a pose de Estado que Salazar assumia nas poucas vezes que aparecia em público. Depois vêm os incautos tapar-nos os olhos com a peneira, porque nem uma obra destas o Presidente do Conselho merecia, o homem que fez as guerras coloniais e transigiu com os males (e mal entendidos) da polícia política. Nuno Santos, director de programas da SIC não quer perceber que a aventurazinha desta vida de Salazar, além de ficcionada até ao ridículo, só passa por um rol insensato de relacionamentos do político com mulheres (assim?), «sem qualquer contextualização histórica, sem nenhuma ideia da importância política do António Salazar no século XX português. Tudo é desleixado e alguns actores, que representam gente que existiu, são, como a própriia figura deste Presidente do Conselho, ensurdecedores erros de casting.




Jorge Queiroga, realizador da série, classificou os resultados alcançados como «excelentes». É inconcebível. É assim, que gente assim, em nome de audiências opacas, prestam serviços ao país, actos redutores e cada vez menos classificáveis. O pobre actor que teve de fazer esta cena na banheira, parece-se muito mais com Marlon Brando do que com Salazar. Este recorte da cena, reinventado aqui e partindo da imagem do filme, mostra à saciedade o trabalho patético assim desenvolvido. O duvidoso «Primeiro Português de Sempre» (do concurso televisivo) recebeu de Queiroga esta púdica e impúdica homenagem.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

CARTAS DE AMOR | PESSOA PINTADO POR POMAR

Pessoa pintado por Pomar


Terrível Bebé: gosto das suas cartas, que são meiguinhas, e também gosto de si, que é meiguinha também. E é bombom, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo e o Bebé deve escrever-me sempre, mesmo que eu não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguém gosta de mim, e também porque é que havia de gostar, e isso mesmo, e tudo torna ao princípio, e parece-me que ainda lhe telefono hoje, e gostava de lhe dar um beijo na boca, com exactidão e gulodice e comer-lhe na boca os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu ombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ofelinha gosta de um meliante e de um cevado e de um javardo e de um indivíduo com ventas de contador de gás e expressão geral de não estar ali mas na pia da casa ao lado, e exactamente, e enfim, e vou acabar porque estou doido, e estive sempre, e é de nascença, que é como quem diz desde que nasci, e eu gostava que a Bebé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despia-a, e o papel acaba aqui mesmo, e isto parece impossível ser escrito por um ser numano, mas é escrito por mim.


Fernando Pessoa (1888 - 1935) para Ofélia Queiroz



Júlio Pomar no seu atelier

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

GIL TEIXEIRA LOPES: SOPROS DE VIDA

Gil Teixeira Lopes SOPROS DE VIDA

Gil Teixeira Lopes expõe (13 de Fevereiro), no Centro Cultural de Cascais e apoio da Fundação D. Luís, um conjunto de suas obras suas a que, neste caso, confere o título SOPROS DE VIDA. Como já é habitual neste autor, a força da sua obra pictórica faz-se acompanhar de ensaios e peças de escultura. A História terá de reiterar a importância e o colossal vigor do trabalho deste artista, professor catedrático jubilado de Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. E é ainda preciso fazer apostas destas perante os opacos silêncios que, em Portugal, sufocam a voz de artistas assim, algumas gerações que marcaram a arte contemporâmea portuguesa até aos nossos dias e que uma certa crítica recente, sem memória, presa a uma aprendizagem mimética das vanguardas acentuadas sobretudo a meio do século XX, espectáculos muitas vezes não mais que redutores, a par dos exemplos maiores a quem foi permitido que atravessassem a fronteira dos anos 80. Os jovens passaram, em muitos casos com justiça, a ser tutelados (ou mesmo orientados) por tal crítica tecnocrática; mas o excesso de informação consumista diversificou falsas originalidades, procurando o dogma e o esquecimento de todos os passados. Muito mecenas, algumas instituições, que absorveram alguns críticos como curadores, abriram imensos caminhos aos jovens. Há jovens em todas as veredas da busca, novas galerias, bienais, feiras, lojas do devaneio. Os grandes autores vivos do século XX português são ostracizados, por vezes escandalosamente, como sempre aconteceu com o pintor Gil Teixeira Lopes, Grande Prémio Internacional de gravura, obra que deveria ser revista e explicada justamente aos jovens. Sobraram Júlio Pomar e Paula Rego. São cumprimentados casos intermédios mas apoiados, como Graça Morais, Cabrita Reis, Angelo de Sousa, entre alguns outros. Hogan foi devidamente compensado quase a título póstumo. Querubim Lapa não tem rosto. Artur Rosa fotografa a Helena. Júlio Resende está lá para cima. João Abel Manta não é solicitado. E tudo o que era preciso rever, comparar, mostrar o que é isso da evolução das formas em autores que já faleceram mas deram importantes contributos para o próprio século XXI: Sá Nogueira, António Charrua, D'Assumpção, Bual, Menez, Eduardo Luiz, Costa Pinheiro, António Areal, José Escada, Manuel Baptista, Jorge Pinheiro, uma galeria imensa de já falecidos e outros ainda vivos, cuja obra teve circunstancialmente um sucesso por vezes mitigado e aos quais teria certamente de pertencer Gil Teixeira Lopes. Ao superar, durante anos, um enorme sofimento com cirurgias ao coração, refém da morte próxima, Gil conseguiu fazer um transplante cardíaco, lutar de novo, não parar nunca, e aí está o testemunho cujos êxitos são genuínos e os fracassos próprios de quem corre riscos e nunca cede, nem à doença. O gosto telúrico desta gravador/pintor, desenhador, escultor, pode ser acusado de ampliado na retórica. Mas então veja-se o modo de criar na Renascença e a reabilitação transformista dos maiores mestres da modernidade. É preciso que se saiba, de uma vez por todas, que a arte portuguesa contemporânea não se divida em dois compartimentos intransitáveis: antes dos anos 80 e depois dos anos 80. Mesmo no domínio da opinião, a ganância em efeitos como os que vemos, agora, em volta, pelo mundo inteiro, desconstrói o mundo, esconde os valores, faz do excesso a pequenez do animismo recente.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

EUTANÁSIA: O HOMEM E DEUS


Uma figura de relevo da Igreja Católica, em declarações reiteradas, tem insistido publicamente que o Holocausto não passa de uma manipulação contra a História, nunca aconteceu, devendo estimar-se em cerca de duzentos ou trezentos mil os judeus mortos nas repressões e incidentes da 2ª Guerra Mundial. Personalidades de todo o mundo, e de muitas áreas do pensamento humano, têm, por sua vez, protestado com laminar indignação perante este incidente que já nem cabe no que de mais retrógado persiste nas próprias elites do Vaticano. O silêncio de omissão mantido pelo Papa vem, mais uma vez, ensombrar o seu pontificado: o que se lhe exige é o cumprimento do seu poder sobre a hierarquia dos seus cardeais e bispos, entre o rigor das atitudes e a sensata ligação delas ao senso dos cléricos no seu território evangelhico. As vozes insistem em que o Papa repreenda o pronunciante, as suas palavras, a sua distorcida visão da História e do mundo. Tarde, sem maiores consequências de esclarecimento para com a sua comunidade religiosa, julga-se que o Papa terá, enfim, proibido a propalação daquele discurso sem base no mais sólido conhecimento adquirido e provado sobre aquele aterrador crime contra a humanidade. Será que devagar se vai ao longe? O Papa será um precioso teólogo mal assessorado por entidades humanistas? Como é que o mundo poderá tomar contacto mais ilustrado e visivel com as posições de Bento XVI em circunstâncias desta natureza?
Eluana sofreu um acidente de viação há dezassete anos, tendo ficado inutilizada para esta vida a que chamamos de humana e pela qual a ciência se tem batido estoicamente, obtendo resultados cada vez mais avançados, num assombro tal que os seus intérpretes chegam a cometer actos de tão grande quanto absurdo zelo. Primeiro com a conivência da família, agora já perante o desespero de comunidades inteiras, os médicos têm mantido a vítima, durante todo este tempo de dezassete anos, ligada às máquinas e por tanto em estado vital, letárgico, sem qualquer percepção das coisas e de si própria, um sopro mecânico capaz de simular, em sinistro prodígio, a aparência do sono.
Sempre que este assunto se coloca às sociedades, perante casos hediondos de sofrimento e de «prolongamento» dos sinais vitais das vítimas, nada ou apenas isso, mesmo perante casos de morte cerebral confirmada, a maior parte das pessoas vinculadas à religião, no nosso caso a Igreja Católica e a sua insustentável concepção do Universo, reagem muito mal à paragem de assistência mecanizada, com ajuda suave para evitar longos e inúteis sofrimentos em indivíduos cuja morte não está a ser anunciada, está a ser camuflada. Esta atitude é hoje impensável e alguns casos célebres, sobretudo de um tetraplégico em Espanha, despertaram a reflexão sobre a vida e a morte, a relação entre o homem e Deus. A Igreja, que condena o aborto mesmo em casos muito controversos, que renuncia a todos os métodos contraceptivos insinuando a mera funcionalidade reprodutiva dos casais, também aqui, sem base nos pressupostos teosóficos, éticos, humanistas, e mesmo apenas religiosos, se opõe a qualquer prática de eutanásia (rigorosa e assistida) para que os casos de mortes arastadas e de um sofrimento clamoroso sejam evitados.
Muitas perguntas se podiam fazer aqui. Porque há decisões deste tipo que são contraditórias, dos
próprios princípios sobre a vida, sobre a solidariedade, sobre os direitos humanos em ordem à qualidade da vida e do próprio prazer. Se o casal constituído por um homem e uma mulher, rejeitando todos os métodos contraceptivos, excepto aquele que se diz natural (Ogino), procura dar ao mundo filhos desejados e nunca o consegue por causa de um incidente de infertilidade feminina ou masculina, que diz a Igreja a estes exemplares seguidores da doutrina? Há sempre a inacessível máxima que nos assegura «serem insondáveis os desígnios de Deus». Num caso destes, em certa aldeia no norte da Europa, o padre consultado poderia ter respondido: devem comportar-se consoante a lei de Deus, apesar do vosso incidente, o qual a Deus se deve. Já ouvi contar esta história passada no Alentejo (é lá que tudo tem o contexto sócio-cultural adequado, diz a maioria dos falantes). Nesse caso, o padre consultado disse apenas: «desenrrasquem-se.» E os «pobres de espírito» insistiram: «Mas a gente não sabe desenrrascar uma coisa destas». O pároco, de nariz avermelhado, agora com ar mais bondoso, disse: «Em verdade, como sabeis, os casais, com a regra da Natureza ou a abstinência, cumprirão uma procriação limpa de pecado e apoiada pelo senhor. Mas como vocês não podem ter filhos segundo a regra, isso significa certamente que Deus os presenteou com uma vida conjugal feita só de prazer».
Ali perto, nessa zona, havia um rapaz que tratava sozinho da mãe, cuja vida se reduzira a uma respiração incerta e muda. A senhora sofria imenso, gemendo todo o tempo, e o filho, ao ouvir falar na eutanásia legalizada na Holanda, também resolveu consultar o padre. Este explicou-lhe, pelas suas próprias palavras, naturalmente enviesadas, escudadas pelo pecado, em que consistia a eutanásia. O rapaz coçou a cabeça e perguntou ao seu pastor: «Então, se a minha mãe está a sofrer tanto e já nem vive, só respira, os médicos podem deixá-la morrer devagarinho, sem dor?» O padre ergueu as mãos e colocou-as, com força, sobre os ombros do moço. Então disse, com forte determinação: «Não, meu filho, médicos são homens como nós. E isto não é um caso que caiba aos homens. É só tarefa de Deus»