sexta-feira, dezembro 17, 2010

OUT OF CONTEXT - FOR PINA | ALAIN PLATEL

imagens apresentasa pelo Público


Trata-se de uma peça grandiosa, onde o corpo refloresce a cada instante, composição cénica que nos mobiliza intensamente o olhar: algo que parece surgir-nos pela primeira vez, em estado de absoluta recepção: OUT OF CONTEXT-FOR PINA. É, de facto, um decisivo encontro cheio de reencontros e por eles as marcas de Pina Bausch. Ela dizia que a liberdade característica do seu movimento vinha do imenso trabalho que nele colocava. Esta ideia é, porventura, uma linha convocada para a peça aqui referida.
SObre esta obra, as palavras iniciais de Tiago Bartolomeu são justas e comoventes: «Com Out of Context -for Pina é um outro Alain Platel que se apresenta. Não há efeitps cenográficos vorazes, nem uma arqui-estrutura que esmaga. Não há sequer um fio que nos conduza. Mas há, como sempre, corpos que parecem vir de um outro mundo, e, por virem de longe, nos surpreendem com o modo como se relevam, intensos, presentes, inteiros. (...) São corpos praticamente nus, embrulhados em cobertores, que falam pouco; e, quando o fazem, citam ridículas canções de amor. São corpo mudos, ou quase mudos, que usam o movimento não como matéria para a acção, mas como a própria acção. E, por isso, mais do que corpos, são espectros que deanbulam num palco vazio, imersos numa paisagem sonora hipnotizante, à espera de nada. À espera de nós.
Esta obra pode parecer «fora de contexto», mas apenas porque se oferece a Pina Bausch e a relembra no ser, na inovação, naquela forma como Pina levava aos corpos a revelação de uma brisa, ou o prazer e o medo do corpo movendo-se sobre a chuva. «Alain Platel, 51 anos, coreógrafo que se reinventou depois de mais de vinte anos à procura de uma ordem para o seu movimento, fala-nos hoje de um lugar mais sereno, onde a urgência tem mais a ver com o presente do que com o futuro.
Segunda-feira, 20, em Lisboa, no Teatro Maria Matos

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

De acordo com o "contexto" que me é dado a perceber, trata-se de um diálogo físico, um género de dicotomia assaz diferente dos repertórios de dança convencionais.

A ideia de Alain Platel trascende-se à coreografia ao colocar "dentro do contexto" a homenagem à singular Pina Bausch.
Fico com pena de não ter visto.

Bem lembrado, mestre!