Aspecto geral (nocturno) da praça Central do Cairo, Egipto, no auge do delírio libertário, noite de 11 de Fevereiro de 2010, quando o Presidente Mubarak acabou por ceder às pressões nacionais e internacionais e abandonou o poder, delegando no Exército a coordenação das operações de transição. Este homem que governou o Egipto durante 30 anos, e sucumbira às obscuridades dos manipuladores do poder, manteve-se agarrado à lógica anterior num discurso em que apelava à unidade. Por sua parte, depois de duas semanas de resistência, Mubarak afirmou não ter intenções de se candidatar a novo mandato, em Setembro, devendo o país reorganizar-se a partir daí. A expectativa colossal em que se mantinha a multidão, silenciosa, de olhos ao alto, explodiu ao sentir-se traída desta maneira. O que terá acontecido entre os restantes membbros activos da presidência, logo a seguir à emissão do discurso, só um dia se saberá. É que, pouco tempo depois de haver reiterado o seu cargo, Mubarak optou por se demitir. A notícia fez explodir a alegria dos egípcios ali concentrados. A liberdade passa por aqui! - - dizia-se. Graças a
Deus! O Egipto é um país livre!
O grito da liberdade
A voz do povo transcende as habituais esperas e negociações entre grupos em conflito. Há os que temem a dificuldade de fazer esta transição de forma sustentada e profícua. Sabe-se, todavia, algumas coisas importantes. Há dados de naturesa assinalável: muitas das pessoas que se manifestaram eram nacionalistas de boa educação, indivíduos que vivem em cidades e que querem ter oportunidade de construir uma democracia que lhes permita viver melhor. Não nos podemos dissociar dos factos históricos desde a fundação do Egipto moderno, a falta de tradição democrática, a fragilidade das instituições, embora o Exército possa, dada a sua força e o apoio do povo e de potências aliadas, criar as estruturas constitucionais para a formação de um país cujos meios podem alargar-se e comsolidar-se acima do mais.
Uma frase «lapidar» de Mubarak quando falou ao país, sustentando a sua continuidade no poder até setembro.
Dentro e fora do país, em nações como a Rússia, as multidões criaram fenómenos de contaminação considerável. Os gritos e os sinais da nova situação, apoiada pelos militares, permite ter como fiáveis uma transformação bem sustentada do Egipto
Um curioso acto de fé
O poder está agora nas mãos do Conselho Supremo das Forças Armadas. A revolução não poupou o número dois do regime, Omar Suleimam, que a maioria dos manifestantes da praça Thair dizia ser a extensão de Mubarak Depois de tudo o que de trágico e de eufórico aconteunaquele lugar (Thair) nas últimas semanas, havia que dar o salto e tentar uma manobra mais arrojada: uma marcha até ao próprio palácio presidencial
a dada altura, surgiu a notícia de que Mubarak
estava em fuga. Apesar das dúvidas imediatas, os sinais penderam para uma verdade há muito esperada, numa luta sem armas. Afinal foi a festa
1 comentário:
A hegemonia faraónica deu aqui o seu último suspiro. Foi uma vitória gritante do povo sobre um sistema autocrático que há muito assombrava e castrava o progresso de uma nação.
A democracia é feita de pessoas que fazem os sistemas, não o inverso.
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