Mais depressa do que se pressentia, e tendo sobretudo em conta os milhares de meios e modos de comunicação que tornaram global a vida dos povos sobre a Terra, os desastres de toda a espécie, incluindo os naturais, fazem do mundo de hoje um espectáculo carregado de ameaças, conflitos armados de toda a espécie, confrontos de povos e civilizações, aumento aterrador dos movimentos subterrâneos que dinamizam centenas de milhares de actos complexos no domínio de diferentes tipos de tráfico, armamento, droga, contrafacção, escondimento de fraudes de grande complexidade, com efeitos demolidores sobre as sociedades, as finanças e a economia. Porque, em vez de um progresso contido e estabilizado, sem os desequilíbrios monstruosos entre vastas áreas de pobreza e fome, culturas estacionárias e minorias poderosas, com acumulação de dividendos por vezes suficientes para a compra de cidades inteiras ou de geminar duas enormes empresas transnacionais.
A crise que se está a viver em todo o mundo, com pontos iniciais na América, entre bancos ensandecidos e burlas capazes de arrasarem meia dúzia de Estados, é hoje uma epidemia à escala planetária. As contracções que poderá gerar, lançando na bancarrota muitos países, além de accionarem as instituições que combatem tais situações (nunca por altruismo, naturalmente) podem vir a esmagar grandes nacões da base da nossa história e da nossa civilização. A Grécia, envolvida por constantes cercos de juros altíssimos, foi forçada a pedir a intervenção do FMI, tal como a Irlanda (tão próspera até há relativamente pouco tempo) e agora Portugal. Os bancos, muito poluídos por recentes convenções especulativas, produtos tóxicos, como é referido, foram salvos por avalistas poderosos, os próprios Estados, e estão hoje a viver (e a pedir dinheiro) numa terrível faixa de risco. Tudo se descoordenou, enquanto as agências internacionais de rating, obra tentacular de um capitalismo selvagem, avassalador, que faz crescer e morrer milhões de pequenas empresas todos os dias, cobrem jornais e televisões com as suas validações impertinentes, previsíveis, e em nada justas no campo das operações de crédito internacional com que os países, cada vez mais, se governam segundo projectos mais ou menos megalómanos. A miséria cresce, avança no ponto de 50% da população mundial, enquanto nas áreas mais ricas (tendo sempre em conta a exploração alucinatória do petróleo e de outras matérias) famílias e agentes do alto comércio, da alta indústria, engradecem e enriquecem numa escala que roça o absurdo. O capitalismo, enquanto se sofisticava nas formas de explorar clientes e accionistas diversos, tornou o mundo presa de interesses e associações capciosos. A União Europeia, lugar de uma civilização superior e milenar, começou a gerar uma área poderosa, através de tratados e projectos de entrosamento económico, produtivo, de trocas e circulação de mercadorias a par do aumento da tendência turística.
Vejamos um pouco do horror, agora que Portugal se deixou cair nas chamadas normas de austeridade, que emagracem tudo e provocam anos de recessão, pressupondo salvações equilibradas quando nada se faz para um novo paradigma de ordem equilibrada entre ter e haver.
A Moody's, Fitch e Standard & Poor's são três agências de rating visadas pela acção que dará entrada na Procuradoria-Geral da República no início da próxima semana e que é subscrita por um grupo de professores de Economia. Um acto decisivo, ético e moral. Mas o problema tem de ser debatido à escala do mundo: tudo o que aquela gente faz é crime de manipulação de mercados, acções que têm tudo menos uma base científica e uma coordenação relacionada à escala dos continentes e das uniões. Ora a verdade é que estas agências (onde o próprio FMI já denunciou irregularidades de comportamento) usam e abusam do poder que têm e necessitam de uma supervisão muito mais estreita, melhoria de objectivos, projectos de estabilidade mundial. As suas actividades têm um impacto significativo, mesmo brutal, nos custos de endividamento dos países, podendo afectar (já o fizeram) a sua estabilidade financeira e outras. Os técnicos que estão a enfrentar esta monstruosa barreira de destruições, lembram que a UE considera a possibilidade de responsabilizar financeiramente estas agências pelas consequências dos seus erros, ao que estas respondem ameaçando abandonar a actividade da Europa. Bem se vê que não se batem em estado de honra em argumentos, mas nas retiradas estratégias que, bem vistas as coisas, deviam ser pulverizadas com o esforço da UE, EU, Japão, China, Índia, Canadá, por exemplo. Há muitas coisas de que o mundo ainda precisa, mas não desta electrónica agiotagem, com «jogadores» encobertos e aos quais devia ser movida uma «guerra», essa sim, global. Até porque a globalidade é um embuste, unindo diferenças em artifícios como doenças, uma rede vil donde parecem brotar as próprias doenças modernas. Biológicas e tecnológicas.
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