sábado, novembro 10, 2012

ÂNGELA MERKEL, SEGUNDA - FEIRA, 12, EM LISBOA

CHANCELER ÂNGELA MERKEL

Clara Ferreira Alves, na sua crónica da revista do Expresso, escreveu hoje, sábado, a dois dias da chegada a Lisboa da poderosa Ângela Merkel: «o que quer que se tenha desatado na solidariedade da zona euro, está desatado para sempre.»
É inquietante, talvez releve da globalização e de certas heranças alucinantes para mil anos, mas, seja como for, trata-se de um fenómeno cada vez mais impiedoso. A Europa, a que já chamámos verdadeira e polo avançado da civilização Ocidental, já não existe, soçobra na conspiração universal de um capitalismo inominável, com mecanismos odiosos e criações ilusórias, selvagens, sob domínios que se acentuaram com a pulverização  do comunismo e a enxurrada que atravessou (de várias maneiras) o destruído "muro" de Berlim, além do equívoco "jardim" das chamadas grandes potências emergentes. A Alemanha zela por si, mesmo que venha a ser submersa num oceano de milhões de chineses, trazendo de volta as fabriquetas que para lá exportaram. A Alemanha trata dos seus traumas de guerra, reconquistando o velho jeito de mandar, de cobrar a regra, cabelos louros, raça única, amiga dos antigos países ocupados pela União Soviética (onde ganha fortunas) e dos enregelados mas superiores países do Norte, e hoje, com Merkel, é o símbolo avassalador de panos económicos (austeridade e pobreza em vez de destruição de fábricas e bens fúteis) que relevam de previstas destruições do equilíbrio federativo e solidário, estados cada vez mais equívocos neste mundo que nem respeitam uma das mais raras criações do Universo o Homem.
Cercada pelos agiotas da conspiração do dinheiro, da guerra financeira que vai esmagando toda a civilização contemporânea, a Europa, com países afundados ou quase, a caminho de uma pobreza generalizada, é hoje um «lugar de catástrofe». Em redor dos areópagos de cínicas escolas de economia, soprados pelo crash de Wall Street, propagam-se guerras completamente irracionais, na Síria, na Ásia, no Médio Oriente, assaltos militares, golpes de Estado, terrorismo, um clima ao qual a Natureza responde com outras agressões, apesar das populações vitimadas continuarem a voltar ao fanatismo do crescimento, multiplicando o nomadismo das unidades industriais em nome do progresso (apenas dinheiro assimétrico), tudo numa desagregação imparável, milhões de mortes encobertas e de riquezas expurgadas a povos ainda primitivos, «libertados» euforicamente pelas elites da descolonização, continentes abandonados, territórios vazios e cidades explodindo de ensandecidos rios de gente.
Fazemos votos pelo bem estar da senhora Merkel e desejamos que, ao chegar à Alemanha, não a encontre submersa por 500 milhões de chineses, todos finalmente bem pagos.

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

O Homem, uma das mais raras criações do Universo, «é o resultado tardio e não programado do processo evolutivo global do Cosmos».
A origem desta pequena palavra remonta à Grécia ancestral e a sua semântica pode traduzir-se em valores como ordem, beleza, organização, harmonia, nomeando o universo na sua totalidade, do microcosmo ao macrocosmo, e das estrelas até as partículas subatômicas. O microcosmo corresponde ao Homem que representa todo o universo, do ponto de vista pessoal e objectivo, e o macrocosmo do ponto de vista coletivo e objectivo.

Estes dados científicos determinam o Homem como uma espécie de acidente de percurso, reservando-lhe por direito uma posição integrante com todo o espaço universal, mas há uma ínfima parte da humanidade doutrinada (se calhar não tão ínfima assim) que acredita em todo o processo evolutivo como um "projecto" cujo destino e finalidade se desenham por uma mão suprema, cada vez mais trémula e mais ausente.

E no centro de tudo isto está o Leitmotiv: o poder, o êxito, a glória, a inalcançavel imortalidade que o Homem pretende alcançar -- valores utópicos, hoje conduzidos, na europa e de forma magistral, pela sra Merkel. Uma autêntica personificação do cinismo universal. Estou certo que Diógenes concordaria comigo.

De resto, esperemos, enfim, que os 500 milhões de chineses, «todos finalmente bem pagos», não inundem a velha Alemanha.