sábado, junho 22, 2013

O BRASIL JÁ ESTÁ A ARDER? SÃO GRITOS DO POVO


Toda a gente ouviu falar no aumento dos transportes em S.Paulo, Brasil. A presidente tinha acabado de visitar Portugal, com alguma simpatia mas sem participar no 10 de Junho, dia de Camões e da Pátria, mãe do grande Brasil, feito de brasileiros a que os portugueses gostam de chamar irmãos. E, de súbito, o povo de S.Paulo veio para as ruas, protestar: era um pequeno erro da engrenagem política. Dez cêntimos a mais no bilhete. Num país que tinha crescido até há pouco a sete por cento, vindo de um desenvolvimento que retirara muita gente da pobreza mais dura, a febre pela História de amanhã abriu festa por todo o lado: para receber o próximo campeonato do mundo em futebol, com dez novos estádios, e tudo o que é preciso para, a seguir, se realizar ali as Olimpíadas, além de, durante os próximos anos se aceder à realização de grandes eventos desportivos, aberto ao planeta. Ora só a Copa do Mundo implica o gasto de quarenta bilhões de euros e os outros casos onze bilhões, incluindo ainda mais aeroportos, portos e hotéis, entre reforço e modernização dos transportes.


Com o passar dos dias, as multidões invadiram cerca de cem cidades em todo o Brasil, sofrendo batalhas com as forças da ordem, por fim exauridas com a desproporção dos factos. Havia protestos em ordem à melhoria dos serviços de saúde, da educação em todos os seus níveis, bem como protecção social, habitação, sistemas viários. O que parecia resolvido no Brasil, era ainda um mundo carecido de maior expansão infraestrutural. O que se compreende, apesar do desenvolvimento entretanto verificado, num país com muitos milhões de habitantes e zonas de menor avanço, por razões endémicas e outras, a extensão da terra, os custos cada vez maiores das coisas e das tecnologias. 
O governo já começou a reunir, procurando anunciar um plano que reforce os campos apontados pelas manifestações de rua. É preciso que os brasileiros agora se convençam da demora de todos os grandes projectos e do combate à corrupção, enviesamento cultural e civilizacional que a globalização veio favorecer num imenso espaço onde as sociedades cada vez menos são capazes de sustentar o tal «admirável mundo novo» de que tanto se falou nos anos 60 e durante as vertiginosas descolonizações que criaram independências e contracções de povos sem recursos de saber para desenvolver com harmonia os territórios onde o horror urbano e as assimetrias da população atrasam o amanhã.
 



                                  POLÍCIA MONTADA,
                                  DEDOS QUE APONTAM   
                                  A CORRIDA E A QUEDA,
                                  OS GRITOS E OS GESTOS




1 comentário:

Miguel Baganha disse...

Um pouco por toda a parte, um muito por toda a parte, se sente que o mundo está em mudança, e com ele os seus inquilinos e suas culturas, algumas milenares, começam agora a claudicar.
A metamorfose é evidente ao longo do planeta -- só não sabemos em que coisa essa coisa chamada Homem se irá transformar.