sábado, novembro 23, 2013

CUIDADO, ESTÃO AÍ A VIOLÊNCIA E A DITADURA


Mário Soares, memorável Presidente da República Portuguesa, sempre recordado com respeito, reacendeu a sua força política, com mais de oitenta anos, e tem barafustado contra a situação do país e a "delinquência" do actual governo. Reunindo uma multidão de cidadãos (e muitos admiradores) na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, Soares abriu a sessão com um discurso de dez minutos no qual exprimiu a ideia de que a Nação, vergada à Troika, caminha para o abismo, está perto de entrar em violência, a qual poderá banir todo o governo sem piedade, a par do perigo iminente de se estabelecer no seu lugar uma  nova  Ditadura.
«Mário Soares considera que o actual Governo ignora o texto Constitucional, trivializando palavras alheias ao repetir que a Constituição, apesar de estar nela consagrado o direito ao trabalho, não é por isso que ela nos assegura esse valor. As privatizações, segundo o ex-presidente, são a venda do país a retalho, e os cortes das pensões põem o Estado Social em causa. Para Mário Soares, todos estes males, num gesto de acuso fulminante, devem ser anulados justiceiramente com a mera demissão do Presidente Cavaco e do Governo de Passos.
A grande bonomia de Mário Soares desfez-se assim, sem  aviso nem cortesia.
Cavaco já protegeu mais a Constituição do que o próprio Soares ou o saudoso Sampaio. As iras e as palavras vãs deste nocturno congresso pela Constituição,  Estado Social e Direitos Humanos concentraram-se no absurdo convite feito  ao actual Presidente para que se demitisse e levasse com ele o próprio Governo: assim, como na estapafúrdia quadratura do círculo, logo se percebeu que aquela radical demissão, preconizada por Soares, logo instalaria no país  um tempo sem Lei nem Roque, condimentado por um novo PREC e enterrado em bancarrota, abandonado pela Troika, reduzido a negros orçamentos de cêntimos. Há palavras sem sentido, inconstituconais, que não se devem pronunciar, sequer ao vento da metáfora e da maior onda nazarena. As revoluções não se desarmam nem armam à paulada. Violência produz insanidade e não gere nenhuma verdadeira salvação. De resto, naquela noite, na Aula Magna e a propósito da justeza de alguns combates fonéticos, não havia a menor brisa de Ditadura. Apesar dos dislates dos partidos da maioria e da oposição.
Terá Mário Soares razão, justamente numa altura complicada, em vésperas de tanta coisa nem boa nem má, coisa nenhuma, como se deduziu da luta anunciada por Pacheco Pereira? Outrora morno e de sono sábio, o político Soares grita em nome de uma vaga de fundo. Jedi vinha ajudá-lo e foi descansar com o velho profeta e ainda grande «animal político». Ele o disse: «esta é uma questão de patriotismo e de consciência. O povo, espantado, não se julga em condições de arcar com mais guerras e pede justiça, todos o sabemos.» Jedi, o génio do bem, vindo do fundo das estrelas, acalma os ânimos e fica por ali, à espera da Troika, para nos defender das receitas baseadas em feroz e eterna austeridade. Francisco, do Vaticano, também espreita e faz perguntas. Os partidos envelheceram e já está na forja um outro, para melhores e mais fecundas coligações. Mário Soares, ainda antes do fim do ano, terá de falar para o seu Partido Socialista, do qual o povo começa a desconfiar, achando-o já sem credo nem gente maior. Oremos.



CUIDADO, SOARES AVISOU-NOS: A VIOLÊNCIA ESTÁ A
CHEGAR, ABRINDO CAMINHO A UMA NOVA DITADURA

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1 comentário:

Miguel Baganha disse...

O gag é bom, e a analogia entre o mestre «Jedi» (mestre Yoda) e a figura do ex-presidente Soares, convenhamos, uma mente agora turva e inconsequente alimentada pelos par-ti pris políticos e nada profícuos. A piada até o seria, não houvesse um colossal risco de tudo piorar com as palavras desmedidas de Mário Soares. Nestas alturas, o povo bem pode dizer: «Lá está ele a lembrar pecados velhos».