quarta-feira, dezembro 11, 2013

MORREU NADIR AFONSO, ARQUITECTO E PINTOR DE ESPAÇOS ONDE A GEOMETRIA SE TORNAVA PAISAGEM E SONHO


    Nadir Afonso,
    Arquitecto e pintor


Nadir Afonso Rodrigues nasceu em 1920 e faleceu hoje, dia 11 de Dezembro de 2013. Iniciou os seus estudos de arquitectura na Escola de Lisboa (Belas Artes) ainda segundo os termos da reforma de 32. Muito dotado para o entendimento das problemáticas relativas ao domínio das disciplinas do espaço e da cor, diplomou-se em arquitectura e trabalhou com Le Corbusier e Oscar Niemeyer, personalidades do conhecimento do  mundo, aliás de grande relevo no século XX. Além do mais, Nadir empenhou-se desde cedo no campo da representação votada ao espaço, à pintura, à memória urbana. Estudou pintura em Paris, tendo assumido uma aproximação de trabalho com Vasarely, o criador da arte op, além de personalidades como André Bloc e Fernand Léger. A dinâmica cinética devida aos estudos de Vasarely inspiraram bastante Nadir Afonso. Ele é visto, justamente, como um dos pioneiros da arte cinética. Daí, em boa medida, ter sido autor de uma teoria estética, publicando diversos livros nos quais sustenta que a arte é puramente objectiva e regida por leis de natureza matemática. Ele defende a ideia de que a arte não é um acto de imaginação mas de observação, percepção e manipulação da forma. Muitas vezes, esta tese envolveu ensaios contraditórios, sobretudo por não haver razão, nas razões apresentadas, para se excluir dos pressupostos indicados na teoria os factores derivados da imaginação.
Nadir Afonso foi considerado um espírito invulgar, mesmo em termos de reconhecimento internacional. Está representado em muitos museus e as suas obras mais famosas integram a série chamada Cidades, belas peças que, de início, o artista negava serem representações de carácter urbano. Em volta dele, na SNBA, num Salão de Arte Moderna, alunos de Belas Artes insistiam «não são mas parecem». E ficaram parecendo, brilhantemente até hoje, porventura pelos tempos fora ou da História. Lugares do mundo. Espaços onde a geometria se tornava espaço e sonho.

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