sexta-feira, julho 10, 2015

OS MUROS CEGOS E MUDOS QUE CERCAM OS POVOS


Este é o velho muro de Berlim, ainda de pé, hoje já apagado e as duas Alemanhas unificadas. Esta não foi a primeira tragédia, neste domínio, vem de longe a ideia de sequestro, de corte de vias, de aprisionamentos perante o fluxo vital de certas populações, trabalhando, afinal, do outro lado, em regime escravo.
A grande agitação que atravessa o mundo em todos os sentidos, abrindo e fechando vias de negócio, envolve vagas humanas de migrantes. Milhares de pessoas procuram furar esse hediondo muro horizontal, o Mediterrâneo, em busca de melhores condições de vida no norte da Europa. A União Europeia endurece. E apesar disso vemos uma Itália humanitária atenta aos milhares de emigrante espoliados na fonte por 80.000 euros às mãos de traficantes que os atiram, em carradas suicidas, para barcos de borracha ou embarcações sobejamente danificadas. 


Milhares de emigrantes que atravessam o Mediterrâneo até Itália, morrendo por vezes às centenas, visando, em terra, aceder ao norte, pedem alojamento, alimentação e medicamentos.                  




A ONU aborda (é uma palavra curiosa) o impacto humanitário do muro de bloqueio na Palestina - Portal Vermelho. Onde terá ficado, em fatias, o muro de Berlim, nódoa que se espalhou, como se vê por diversas áreas de conflito, e as ornamentou e se tornou símbolo? Monumento ainda, em pedaços, vozes da libertação e peso grafitado de todas as esperas que ainda nos esperam.
Em 2002, o governo israelense, liderado por Ariel Sharon, decidiu implementar a construção de uma "barreira de segurança", como ficou conhecido em Israel o muro segregador, alegando o objectivo de impedir ataques de palestinos contra israelitas. Um exemplo "benemérito" dos judeus outrora torturados e mortos pelo império Hitleriano.



Vem a propósito assinalar esta imagem dos muros no século XXI: aqui vemos, simplesmente, não  os judeus a caminho das câmaras mortíferas, mas simples palestinos aguardando junto de um dos portões do muro israelita. E há muito para dizer na faixa de Gaza, a tal zona que mais parece um campo de concentração e que o Estado Islâmico tem em vista assaltar, degolando os chefes.
O problema foi também assumido pelo sombrio governo da Hungria: o país pediu autorização à União Europeia (e esta concedeu) para a realização de um muro de bloqueio, contra as vagas emigrantes, obra apenas com quatro metros de altura e 175 kms de comprimento. Será que isto vai acontecer nas costas do norte, do sul e do ocidente? Não pedimos nada disso e a Grécia solicitou um acordo onde algumas escolhas soberanas favorecessem a sua dieta.



Não é difícil perceber quem são estes personagens e que construção tão minimalista é esta parede em módulos, sem janelas nem portas.



Seja como for, neste mundo dourado faz-me lembrar, sem apelo, aquele solitário suicida descendo em pleno espaço, de cabeça para baixo e uma perna dobrada quando do atentado às torres de Nova Iorque pela al Qaeda.

Sem comentários: