Jodie Foster
A ESTRANHA EM MIM
A ESTRANHA EM MIM
Este filme, tendo em vista os actores e os meios de produção entre Austrália/EU, podia tratar mais o estranho que, em certas circunstâncias, passa a viver, irreversivelmente, dentro de nós. Ou seja: poderia cuidar menos do efeito exterior, na transformação «vingativa», e sobretudo das sombras com que temos lidar, em silêncio. Jodie Foster, apesar de tudo, é uma actriz adequada para estes géneros de papéis, mas a natureza morfológica e fisionómica do seu rosto faz mais por ela do que o inegável talento que possui. No filme, o namorado é assassinado e ela fica gravemente ferida. Depois, a longa cura da personagem, digamos assim, porque algo passou para dentro dela, ficou habitada, como alguém a houvesse incorporado, numa espécie de posse do seu psiquismo.
Agora é que se deve dizer que esta ideia, apesar de habitar, inegavelmente, um respeitável filme, poderia ter sido trabalhada menos fisicamente -- a estranheza de um interior mudado, misterioso, incontornável. Mas o argumento (americanizado) coloca Erica a patrulhar as ruas, após ter comprado uma arma. De um ponto de partida profundo e independemente dos bons meios, dos bons actores, o espectáculo dessa outra vida que destroçou a natureza da rapariga teria ganho em escapar à via do mercado, ao desejo do sangue, à entrega a uma forma visual que tem meios para seduzir mas resulta por vezes redutora.
Sem comentários:
Enviar um comentário