módulo lunar | projecto apolo
À medida que a nossa civilização, agora avaliável em termos planetários, avança no espaço e no tempo, crescendo fisicamente na mais absurda produção de excessos, empastando de lixos tóxicos todos os continentes, uma parte da humanidade começa a interrogar-se sobre quais os meios de sustentabilidade para este fenómeno. No limiar da revolução industrial, as conquistas práticas derivadas de descobertas inalienáveis pareciam abrir ao homem um espaço, no futuro, altamente promissor quanto à facilitação da vida e da sua qualidade. Mas escolhas nem sempre foram sensatas, poucas vezes o foram mesmo quando pareciam evidências colossais. O cálculo do crescimento, que deveria ser enquadrado no projecto da ocupação territórial activa, perdeu-se em apenas duas décadas, não mais, e os novos materiais, tecnologias, maquinarias, processos construtivos de todas as áreas, acederam à ideia de crescer, crescer sem estatuto nem norma, crescer em altura, em extensão, e sobretudo com o fluxo absolutista de meios energéticos derivados do carvão ou do petróleo, no sonho imberbe de que o mundo, pela sua imensa dimensão, diluiria tudo o que fosse expelido em completa desnecessidade para a atmosfera, para certas zonas periféricas dos continentes, para o espaço profundo dos oceanos.
Hoje, apesar dos devaneios insanáveis e das assimetrias assim geradas, tendo em conta o aumento exponencial do quadro demográfico dos povos e os erros de confundir crescimento com desenvolvimento, os organismos mundiais de maior responsabilidade tentam atenuar o famoso efeito de estufa, prever ricochetes tormentosos, investigar alternativas, ponderar as formas de contrair as cargas monumentais de CO2 atiradas para os céus que nos protegiam e garantiam a vida. Porque também a água começa a faltar e os gelos a descer dos polos, provocando um aumento aterrador do volume dos oceanos, mais sete metros no seu nível, daqui a uns séculos curtíssimos, tudo isso configurando as circunstâncias que obrigam a recuar, a redireccionar energias, projectos, falsas necessidades. A catástrofe do sistema orgânico das estruturas fnanceiras, aviso brutal de que ainda estamos a mastigar as consequências, precisa de uma prevenção muito ampla, revisão de mercados e sua regulação. Tais medidas são gotas de água no oceano, as sociedades querem ainda iludir-se com limpezas de superfície, continuarem ricas, permanecerem reféns de uma absurda ideia da deificação para a eternidade do milionésimo de segundo a que nos reduzimos.
Os profetas do século XIX, e sobretudo do século XX, têm sido os cientistas e escritores da literatura de ficção científica. Hoje prevêem cada vez com maior base de conhecimentos e segundo metodologias de áreas como as da biologia, geologia, física quântica, antropologia, entre outras. E já acertaram demasiadas vezes para serem apenas encerrados nos campos do entretenimento. A viagem para o espaço, com as rudimentares caravelas de que dispomos, já começou. A comunicação automatizada à distância permite-nos conhecer de perto astros dentro e fora do nosso sistema solar. Estamos mesmo numa fase na qual se tornou possível descobrir planetas remotos, mais de 400, e daqui a pouco saberemos o que são e como são. Continuamos, contudo, ligados a propulsões quase caricatas, não há rotina à vista, nem velocidades de cruzeiro. Seja como for, a mística instalou-se, de forma distorcida e de forma plausível: o homem tende a desejar conhecer o Universo visto de outras perspectivas, capacitando-se de como será possível, um dia, enviar emigrantes humanos para o espaço com algumas probabilidades de ultrapassar tal destino de um milionésimo de segundo de eternidade.
Olhando para o módulo lunar do Projecto Apolo, o insólito da imagem sobre a Lua, com a Terra brevemente em fundo, altera muita coisa em termos de imaginário. Mesmo quando sorrimos para o design cacofónico destas peças mitigadas, tão claustrofóbicas como as cascas de nóz em que os povos antigos navegaram longamente, para conhecerem onde viviam e o que poderiam esperar do futuro, o nosso espírito agita-se. Após o desaparecimentos de milhões de pessoas, uma geração qualquer, num amanhã indescortinável, poderá assistir à partida sem retorno, em direcção a pontos fora do Sistema Solar, de grupos protésicos de novos «argonautas».
Hoje, apesar dos devaneios insanáveis e das assimetrias assim geradas, tendo em conta o aumento exponencial do quadro demográfico dos povos e os erros de confundir crescimento com desenvolvimento, os organismos mundiais de maior responsabilidade tentam atenuar o famoso efeito de estufa, prever ricochetes tormentosos, investigar alternativas, ponderar as formas de contrair as cargas monumentais de CO2 atiradas para os céus que nos protegiam e garantiam a vida. Porque também a água começa a faltar e os gelos a descer dos polos, provocando um aumento aterrador do volume dos oceanos, mais sete metros no seu nível, daqui a uns séculos curtíssimos, tudo isso configurando as circunstâncias que obrigam a recuar, a redireccionar energias, projectos, falsas necessidades. A catástrofe do sistema orgânico das estruturas fnanceiras, aviso brutal de que ainda estamos a mastigar as consequências, precisa de uma prevenção muito ampla, revisão de mercados e sua regulação. Tais medidas são gotas de água no oceano, as sociedades querem ainda iludir-se com limpezas de superfície, continuarem ricas, permanecerem reféns de uma absurda ideia da deificação para a eternidade do milionésimo de segundo a que nos reduzimos.
Os profetas do século XIX, e sobretudo do século XX, têm sido os cientistas e escritores da literatura de ficção científica. Hoje prevêem cada vez com maior base de conhecimentos e segundo metodologias de áreas como as da biologia, geologia, física quântica, antropologia, entre outras. E já acertaram demasiadas vezes para serem apenas encerrados nos campos do entretenimento. A viagem para o espaço, com as rudimentares caravelas de que dispomos, já começou. A comunicação automatizada à distância permite-nos conhecer de perto astros dentro e fora do nosso sistema solar. Estamos mesmo numa fase na qual se tornou possível descobrir planetas remotos, mais de 400, e daqui a pouco saberemos o que são e como são. Continuamos, contudo, ligados a propulsões quase caricatas, não há rotina à vista, nem velocidades de cruzeiro. Seja como for, a mística instalou-se, de forma distorcida e de forma plausível: o homem tende a desejar conhecer o Universo visto de outras perspectivas, capacitando-se de como será possível, um dia, enviar emigrantes humanos para o espaço com algumas probabilidades de ultrapassar tal destino de um milionésimo de segundo de eternidade.
Olhando para o módulo lunar do Projecto Apolo, o insólito da imagem sobre a Lua, com a Terra brevemente em fundo, altera muita coisa em termos de imaginário. Mesmo quando sorrimos para o design cacofónico destas peças mitigadas, tão claustrofóbicas como as cascas de nóz em que os povos antigos navegaram longamente, para conhecerem onde viviam e o que poderiam esperar do futuro, o nosso espírito agita-se. Após o desaparecimentos de milhões de pessoas, uma geração qualquer, num amanhã indescortinável, poderá assistir à partida sem retorno, em direcção a pontos fora do Sistema Solar, de grupos protésicos de novos «argonautas».
2 comentários:
Já se diz por aí que «agora» é que vai notar-se realmente a diferença entre ricos e pobres.
Parece que os ricos vão poder ter a ilusão de emigrar para outros planetas...!
Ao que parece, a humanidade cansou-se de rolar a pedra, para cima e para baixo. Mas é bom que não se iluda, porque a quebra da rotina,(em muitos dos casos)é também, quebra de harmonia e equilíbrio.
«...as sociedades querem ainda iludir-se com limpezas de superfície, continuarem ricas, permanecerem reféns de uma absurda ideia da deificação para a eternidade do milionésimo de segundo a que nos reduzimos.»
Neste jogo do "usa e deita fora", o Homem descarta aquilo a que devia estar eternamente grato:a Terra. Ele não sabe, mas a única coisa que conseguirá perpetuar, é a sua própria estupidez.
Um abraço
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