quarta-feira, outubro 05, 2011

COINCIDÊNCIAS VOLUNTÁRIAS, UM LIVRO RARO


Um livro que se recomenda a todos os que gostam das artes e das letras, mesmo que, para isso, tenha de telefonar para a editora, aproveitando, enquanto pede o envio do livro, para protestar pelo facto de uma obra deste tipo não tenha lugar (pelo menos à vista) em Lisboa. Aproveitamos para publicar um pequeno excerto, talvez bastante para aguçar a vontade de «intervir».

«Tenho a manta sobre as pernas, os dedos frios, e uma dor nas costas que me anuncia, sobretudo nos dias húmidos de inverno, os desacordos do meu corpo com a Natureza. Olho para o texto que sobra no écran, já alinhado, e coloco o queixo sobre os dedos erguidos e dobrados da mão direita, talvez para saber se tem algum préstimo, mesmo em jeito de rascunho, escrever assim um atalho na direcção da alma ou da memória lacunar, coisa repisada de notas antigas e depreciadas.
Revisitação, escrevi no início. Mas é sobretudo um exercício contra a perda, as mãos separando papéis, fotografias, livros anotados, rascunhos de actas sem data, projectos inacabados de visitas verdadeiras, porventura a confirmação de que avistadas em certos lagos significam ainda, ao sul, um apelo utópico de solidão e permanência, contra a morte».
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autor Rocha de Sousa, Editora Edita-me, rua Barata Feyo, 140-Sala 1,10
4250-076 PORTO
tel: 965393431

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

Entre Nobels e Pulitzers o que realmente importa não são as atribuições mal-amanhadas (e o hífen é para manter, com ou sem acordo) ou desmedidas. Independentemmente das venetas caprichosas que sentenciam quem e o que é bom, o que mais importa é sentirmos nós próprios se o nosso produto vale e em que medida.

E neste caso, penso que o João sabe isso melhor do que ninguém.

Um abraço