terça-feira, março 27, 2012

MORTE ESTÚPIDA EM LLORET DE MAR, ESPANHA


Já nem a crise trava os desejos cosmopolitas dos adolescentes e das suas finalizações festivas, sem objectivos pedagógicos ou culturais. Há dias, em Lloret de Mar, Espanha, um estudante excursionista despenhou-se da varanda do hotel em que festejava coisa nenhuma com os colegas.
Morreu e as televisões estão cheias da notícia. O rapaz era de Castro Verde, a população ficou consternada, o presidente da Câmara cuida da privacidade dos outros estudantes logo retornados
(gesto maior nesta deriva de sonhos) e trata do funeral enquanto espera pelo envio do corpo.
Aconteceu. Mas o contexto é estranho. Ninguém ia com os jovens (já crescidos) e o objectivo naquele local em Espanha torna-se inenarrável em substância. Como acontece, poucos dias passados, a uma mesma peregrinação sem «rei nem roque». Só que, desta vez, cerca de 60 adultos vão guardar a caravana dos meninos ladinos. Claro que se lamenta a morte. Claro que se lamenta a metodologia que sustenta tais viagens. Claro que se aceita algum bom senso, por parte de adultos vigilantes, em ordem aos grupos viajantes. Mas é bom perguntar se este, no país e na situação actual, é projecto com alguma cabeça, com um sentido recreio, saudável convívio, dispensado de um eventual contacto com estudantes espanhóis, «cicerones» em sua terra, partilhando a chegada e a fala de todos. Resta saber se as famílias dos jovens estão assim reféns do apelo dos filhos e se têm boa fé nos adultos que alguém escolhe para apoiar os rapazes e raparigas, se é gente com prática e métodos adequados às assimetrias comportamentais cada vez mais nítidas nos estudantes em tais condições.

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

As assimetrias comportamentais dos jovens, com efeito, existem. Mas essas não passam de consequência de uma educação igualmente assimétrica. A liberdade, não é poder agir entre os outros (e com nós próprios) sem limitações -- a liberdade é justamente saber controlar essa vontade: é preciso manter a cabecinha no lugar. Quando isso não acontece (e Deus nos abandona) por vezes tragédias acontecem.

Muitos poderão indagar, tal como o poeta o fez diversas vezes:
"Mas, afinal, como é a liberdade?"

- A liberdade, em certa medida,
É uma utopia, poeta.
Mas, admitindo que existe,
Só poderá ser uma realidade
No momento em que o Homem
Não precisar dela.
Enquanto isso,
Vai ficar aprisionada
Dentro de nós.
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Até esse dia chegar, vamos rolando a pedra, para cima e para baixo.

Um abraço, mestre!