sexta-feira, março 02, 2012

NOVA ESCRAVATURA NESTA EUROPA CIVILIZADA?


HOLANDA

SUIÇA

Falou-se há tempo na agricultura para discutir estratégias de combate. Mas onde deveria ser recrutada a mão de obra para trabalhar montanhas? Gente obscura tratou disso. A Europa civilizada, entre a Suiça, a Holanda e alguns mais, entrou em crise e fez com que o sul se catalogasse como periferia e outras coisas mais, desde pigs a candidatos à nova escravatura. Há angariadores um pouco por toda a parte, sobretudo nos países intervencionados, como Portugal ou a Grécia. Gente desesperada com a falta de trabalho e meios de sobrevivência é aliciada para postos de trabalho não identificado na Holanda, por exemplo, com remunerações à volta dos euros. As pessoas deitam tudo para trás, pagam 190 euros para serem transportadas de «táxi» (leia-se carrinha) até ao destino. Que vão ficar num hotel. Que vão trabalhar numa GPA (empresa desconhecida). Não vão nada para hotel nenhum, nem para uma vivenda. Vão para casas rústicas, tipo bungalow, nas quais, por estranho que pareça, há mini-quartos para duas e quatro «hóspedes», em certas circunstâncias dois homens e duas mulheres, ou mais tarde em casas isoladas, tipo vivenda, onde são alojados nove indivíduos, os quais pagam equipamento e outros «deveres». Pagam certas coisas à cabeça, ficam a dever a um patrão oculto, só sabem dizer quem os contratou, uma tal Manuela que tem terras em Portugal e uma casa de campo de bom aspecto e nunca abre a porta a jornalistas ou simples vizinhos. Mas ela angaria os novos trabalhadores e a filha transporta a malta no «táxi», desaparecendo à chegada. O marido da Dona Manuela fica na Holanda, distribuindo serviços e cobrando dívidas. Porque o trabalho errático e diverso logo se desvanece para dois ou três dias de cada semana, sem alimentos nem direitos de função. Os portugueses mais antigos, que ainda vivem naquele «planeta» à espera de pagar as dívidas e ganhar algum para o regresso, todos eles se queixam e há mesmo organizações embrionárias, crentes em Fátima, que procuram criar condições mínimas a esta gente minimamente tratada, esquecida, escravizada numa «não periferia», a senhorial e rica Europa, a norte, no frio, onde os carros de alguns aventureiros trabalham noites inteiras a fim de que os donos, dormindo, possam sobreviver aos 15º negativos, uma vez que nunca receberam o prometido alojamento de trabalho. A TVI deu hoje uma entrevista sobre estes casos, alguém ofereceu a cara para contar, para testemunhar, porque dos regressados ao pobre sul, afinal rosto atlântico da tal europa, ninguém se atreveu a correr esse risco. Mas há riscos? Alguém acena que sim com a cabeça. «Até os que experimentaram na Suiça e voltaram sem futuro e sem alma». Isto são casos entre milhares, na Europa que se desagrega do seu projecto, sob o «jugo» de duas figuras cimeiras, o presidente da França e a Chanceler da Alemanha. Seria este o plano que se pensava para sociedades do século XXI, esta exploração miserável do trabalho como no requiem dos antigos impérios, como na África onde a política pode resolver-se através de genocídios e de dinheiros por lavar? Procurem no coração dos despojados. Façam de conta que estão interessados. Imaginem que a mafia os recebe em hotéis de cinco a dez estrelas, ao lado de sulcos em terras de ninguém, onde o povo italiano protesta, procurando mostrar que há desalojados (e perigos para a produção agrícola) se aquele TVG Turin/França for concluído. Um luxo em plena crise para a grandeza de conquistar ao tempo três horas de morte adiada.

2 comentários:

lena.barrinha disse...

Muito boa análise. Permita-me que divulgue este texto no Facebook (com indicação da autoria, claro).

Helena Barrinha

Miguel Baganha disse...

Em todas as mortes há um parasita.
Em todos os jogos há um batoteiro. Em todas as guerras ou crises mundiais há um homem frio,calculista e desumano. Hoje, invariavelmente e tal como no passado, a história repete-se. Infelizmente.
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João,
as suas mãos, mais uma vez, desenham aqui um belo texto sempre adoçado à realidade paroxística da "moderna" economia europeia.

Abraço