sexta-feira, março 07, 2014

UMA CARTA QUE ESCAPA AO SABER DA HISTÓRIA

       
                  

                                                                            


       carta do descompromisso                   

Li hoje no jornal Público mais uma saborosa crónica de Vasco Pulido Valente. Chama-se esse texto Uma Pequena História do "Consenso". Todos sabemos de quem ele fala e da carta invertida por dois protagonistas da teimosia e por vezes praticantes do non sense. Vasco Pulido Valente procura, sinteticamente, elencar  os dados da nossa tendência para os «consensos». Começa ele pela Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro IV. «A Carta pretendia reconciliar o radicalismo «vintista» com o antigo regime, e a alta nobreza tradicional com a classe média e a plebe das cidades.» Consenso não era a palavra usada: antes, e bem, "compromisso".
Carta aqui ao nosso gosto de um baralho de contrários, mas na simbologia do tanto apreciado OURO.
Explica Pulido Valente: «O compromisso de 1826 provocou uma guerra civil que se estendeu, aos soluços, até 1834. Daí se concluía que não pode haver entendimento nenhum entre Esquerda e Direita (e eu pergunto se os senhores aqui evocados em imagem não serão antes uma mistura sem especial sabor das tontarias do nosso mundo sem razão). Radicalistas do Exército e da plebe de Lisboa decidiram abolir a Carta: falaram com a Rainha e a sua proposta constava sabiamente da junção das duas Cartas (1826 e 1834 com efeito em 1842).
Tão brilhante exercício, que ficou nas mãos de Costa Cabral, não acabado a tempo das impertinências expectantes do país, gerou uma nova guerra civil -- e a dívida e a fome aumentavam. Segundo Vasco Pulido Valente, e perante intervenções de Espanha e Inglaterra, Saldanha, em 1851, estabeleceu a «concórdia universal e Fontes Pereira de Melo sustentou essa concórdia com dinheiro da Inglaterra e da França.
Já se vê como canta o ouro (dinheiro) e como os parceiros destas nebulosas conjuntas se trocam na pose -- cabeça para baixo, cabeça para cima e vice-versa, sem a plebe riscar as paredes.
Depois de 1851 «veio logo a época dourada da Regeneração», cinco anos de alegrias e venturas, «remessas do Brasil» e já os partidos a fingir o tal compromisso («fusão») para partilharem fraternalmente a Pátria. Mas os fios apodreciam, a fome não aguardava a retoma, e assim, de 1890 a 1893 a «ilusão morreu, a guerra civil, «larvar ou activa» não sossegou os portugueses. Mais tarde «Salazar, com a censura, o Exército e a polícia política, abafou essas longas festividades.» E Pulido Valente conclui: «Hoje, o Governo que fala em "consenso" e o PS que recusa por razões triviais não percebem que o "consenso" implica um Estado com dinheiro, e muito dinheiro, e crescimento económico. Não sabem História.

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in Público 7.03.2014, baseado no artigo de VPV





1 comentário:

jawaa disse...

Não sabem História e nem sequer sabem ouvir a voz do povo.: o dinheiro não traz felicidade mas é metade dela.

E os que ouvem, não sabem matemática, metade é igual a 50%, nem mais nem menos.