segunda-feira, fevereiro 09, 2015

CABRITA REIS, GÉNIO CONTRA O HORROR


pedro cabrita reis

                                                       
OBRA EM TOULON

Cabrita Reis é um artista de grande projecção internacional, obra plural e problemática, representado por muitos museus , colecções e coleccionadores, algo excêntrico, sábio a pensar o seu ofício, o discurso da sua arte. Jean François Chougnet nomeia-o de génio, porventura em termos de fascínio a par de profunda complexidade das aparentes ocasionalidades de alguns dos seus arranjos, instalações performativas. Há uma certa discrição no espectáculo humano e artístico de Cabrita Reis: como no cinema onde também actua, pode parecer um monstro sagrado; na relação quotidiana, e de país em país, não explora a mediatização, não viaja obra em cacilheiro, prefere o cobre e a madeira às plumas. 
Nesta fase, repare-se: obra feita de calhas de alumínio, iguais lâmpadas fluorescentes, cabo eléctrico, molduras de janelas, portas usadas. No Hotel onde se encontra instalado diz que um bom artista é «mudo».
«Em arte -- sublinha Cabrita Reis -- nada vem do zero. Cada objecto parte de uma longa história. E eu estou dentro dessa história, tal como as minhas obras, que espelham a forma como eu e elas nos posicionamos no mundo. E é o conjunto desses olhares que constrói civilização. A civilização não se baseia em ataques assassinos, como recentemente se viu em Paris. É justamente por isso que temos sempre de nos manter curiosos face à arte: é absolutamente necessário manter muito alto a criação, a liberdade e a imaginação -- contra o horror.» 

_________________________________________
citações a propósito de um texto de Chougnet, em encontro com Cabrita Reis em Toulon

Sem comentários: