segunda-feira, janeiro 04, 2016

UM PAÍS APRISIONADO NAS GRADES DO MUNDO



                                                                 
Velho e quase enterrado no excesso de uma civilização entretanto contaminada por todas as pestes antigas e modernas, esqueço-me do que disse e desejaria ainda dizer. A chamada crise baralhou tudo até ao abismo. E já estávamos inseridos na Europa a que tinhamos aderido com esperança. Mas a Europa não é, entretanto, um espaço de solidariedade, de novas e respeitadas fecundações. Quase inerte perante os luxos das suas instalações na Bélgica, cavaqueando propostas por vezes cintilantes mas que os grandes grupos parlamentares chumbam liminarmente, a «União Europeia» parece esquecida dos seus tratados, todos eles cada vez mais carecidos de remoção ou aperfeiçoamento, a fim de que não se tornem fomento de totalitarismos e outras pestes. Porque muitas coisas mudaram, a idade dos  paises  difere muito entre si, e a Alemanha (apesar das suas  fecundações e peso económico) quase dirige, convoca e adia, apressa e repete  fórmulas, cada grupo de trabalho  está  por ela atempadamente tocado seja para o que for. Ignorando-se a perigosa grandeza das tecnologias mais avançadas, sobretudo as da comunicação, e a inchada globalização que nivela tudo, absorve tudo, movimenta excessivamente empresas, energias, fronteiras em perda. E isto perante a convulsão de todos os roubos e conflitos em curso, o que deveria implicar outra vigilância e um atendimento inicial aos refugiados. Nada daquilo a que se assistiu durante estes últimos tempos, vendo morrer milhares de pessoas no Mediterrâneo, deixando que os especuladores lhes comessem todas as quantias possíveis e empurrando-os, com barcos super-lotados, para as águas frias. E eles, os que se salvaram em maioria, começaram a tomar como gare de partida para a Alemanha os países a que chegavam, Itália e Grécia. Isto não podia ter acontecido assim. Tinha que haver acordo com os países de partida para identificar, coordenar e embarcar de forma segura aqueles que tivessem fortes razões para fazer a passagem. Ou eles ou a Alemanha  julgavam que tudo podia caber ali, com  uns  grupelhos por aqui e por ali, no bem melhor que houvesse. Agora tudo está ensarilhado, é preciso técnicos de recepção, novos lugares, melhores distribuições, previsíveis retornos a países recuperados, como a Síria que já devia estar ocupada por forças da ONU, vindas de todo o mundo, Assad reformado, a reconstrução em curso, enquanto houvesse meios de tratar do Daesh, que tem a força que tem porque as etnias e religiões politizadas nunca tiveram mais do que uns turistas já em fuga.


1 comentário:

Arca de No É disse...

Todos os países vão ficando "aprisionados nas grades do mundo" . E a maioria de nós vai fazendo turismo dentro das grades convencendo-se que está fora delas. Entretanto, há sempre alguém que tenta fazer a diferença e a diferença não se dá por ela!

Um abraço da Teresa