domingo, novembro 26, 2006

SAUDANDO ÁLVARO LAPA E A SUA OBRA


Campéstico (com muro vermelho), 2005

A vida noutros tempos, 1974


Um orgão, a consciência.
Conforme o seu objecto a consciência vive.
Toda a vantagem em escolher os objectos, mas se não puder ser, qualquer um serve.
Nas obras de arte encontramos: o fausto, a ruptura, a amizade, as emoções pela Natureza,
o inominável e a mão que dispõe.
A minha preferência pela pintura chinesa e japonesa corresponde a uma antropologia e não a uma a uma metafísica.
Nos festins da consciência encontramos uma compensação.

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Este pequeno texto foi extraído de uma introdução de Álvaro Lapa à sua rópria exposição realizada em 1985, na galeria Emi, Valentim de Carvalho. Na sua globalidade, este artista mal conhecido no país, disponde de uma obra invulgar, enigmática, que aborda a consciência do ser, obteve o prémio edp de 2004 e só agora é exposto, antologicamente, no Palácio da Cidade de Lisboa, nos dois pavilhões existentes. Exposição digna, bem contextualizada, e publicação de três volumes, dois sobre as fases da obra plástica e um em torno de muitos dos textos do artista. A sua obra escrita, de grande qualidade, deveria ser reordenada e publicada.
Significativamente, Álavro Lapa faleceu quando ainda decorriam os preparativos para esta exposição e respectivos catálogos.

1 comentário:

P. Guerreiro disse...

Não conhecia Álvaro Lapa. Pelo que escreveu, desde já mérito seu, fiquei interessado em conhecer um pouco mais. O simbolismo da morte quando escolhe o momento certo para se tornar trágica sempre nos fez pensar, no destino, nas coincidências, na vida e também no país que teima em desconhecer tantos dos nossos valores.
Gostei de “A vida noutros tempos”, a data revela um pouco do sentido que eu lhe dei, no entanto percebe-se um texto que aponta outras direcções.

Sempre um prazer visitá-lo.
Boa semana!