Só na cidade do Rio de Janeiro existem cerca de 750 favelas, onde habitam mais de um milhão de pessoas. A revista «Visão», de 19 de Abril, apresentou um excelente texto de Alexandra Correia (enviada especial para seguir os acontecimentos de violência naquela cidade) em colaboração com os fotógrafos Walter Mesquita e Fábio Café. Sobre este mar de habitações implantadas caoticamente num dos morros do Rio, entre céus tropicais, Alexandra diz que «os morros do Rio de Janeiro são cenários de guerra. Entalados ente os traficantes de droga, a polícia e as milícias populares, os seus habitantes são filhos do abandono, gente que o Estado esqueceu. Histórias de violência e da vida que existe para além dela». Raramente se encontra no mundo algo de semelhante a isto, bem perto dos belos prédios implantados na curva sequencial da baía, algo que o tempo vai fazendo explodir, clandestinidade dos materiais tratados de forma embrionária mas fazendo aparecer na distância uma fantástica tapeçaria quadriculada, festiva, num espectáculo de silêncio. De perto, tudo é escabroso, e ainda belo, vidas escorrendo pelas vielas e grupos tribais que disparam sonhos de grandeza entre a música, a vida e a morte.
Uma frase terrível abre o texto e cita bocados de uma história esfacelada: Alberto não é homem de contar quantas almas já separou do corpo. Sabe que começou com 11 anos e cedo aprendeu a fazer desaparecer gente pelo método do microondas. «É numa espécie de caverna, na rochas, no cimo do morro. A gente põe o cara lá, bota fogo e tapa a entrada da caverna». Fala de Alberto. Depois fala do método do pneu a arder, o cara dentro dele. Quando Alberto conta, com um cero brio do dever cumprido, que matou a tiro um «cara que passava as mãos nos sobrinhos, acaba assim, sem mais: «Nem era para matar, só para torturar. Mas olha, foi».
2 comentários:
Pois...
Pois?????
Boa semana
Esta foto foi utilizada no âmbito de uma campanha de sensibilização para a construção habitacional desorganizada e até ganhou um prémio. O mais chocante (e logo o ponto forte da campanha) é o facto de a foto estar de pernas para o ar. A nossa mente nem sequer conseguer avaliar e organizar o caos que vê. Absolutamente assombroso!!!
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