terça-feira, outubro 09, 2007

A LONGA AGONIA DAS ESPÉCIES

revista Visão


Milhares e milhares de anos depois desta nossa época turbulenta, cheia de sinais, entre avisos e genocídios, a Terra, ameaçada no seu próprio corpo pelo aquecimento dos elementos da sua estrutura atmosféria e marítima, terá o seu declíneo marciano, amargamente recortada por continentes perdidos, mares secos, transformados em crateras, planícies e rochas abismais, enfim desertificada, sem vida animal ou mesmo vegetal, gretada como o indica a fotografia aqui publicada, um grande habitante das profundidades, quase de súbito sem condições de vida, morto e apodrecendo. Enquanto o tempo passa e os homens insistem num futuro da abundância, a verdade é outra, esconde-se nas florestas delapidadas, nota-se nas cento e trinta espécies de seres vivos que se extinguem por dia. Os próprios homens, apesar da sua sofisticação tecnológica, produz futilmente e deixa que avancem no espaço e no tempo novas doenças fatais, fruto de uma genética abalada em si mesma. Dezenas e dezenas de genes acusam a sua anomalia, criando agentes propícios a distúrbios muito graves, entre os quais Alzheimer parece um imenso castigo de Deus, apesar da Sua absurda Omnipresença. Sida, tuberculose, distúrbios arteriais, depressões, diabetes, cancro, obesidade -- e a fome que mata em lugares cujo suporte natural seria uma reserva futura inalienável, África, preciosidades roubadas por poucos, sem compaixão pelos próprios irmãos que abandonam, sob a crueldade de chefes tiranos, em campos de concentração, milhares e milhares de mortos todos os anos. Os sistemas ecológicos degradam-se e abortam, os rios passam sujos de terra, óleos, peixes mortos, sobrevivendo ainda à nossa volta, milhões de insectos cada vez mais vorazes.

Quantas toneladas de habitantes do oceano terá comido aquele pesado espécime, ali morto, apodrecido, picado de mosquitos do futuro?

3 comentários:

P. Guerreiro disse...

Para já um dos problemas que necessitam de resolução urgente. Enquanto dependentes do planeta Terra seremos sempre uma espécie em risco de extinção. Esperemos que a actual ficção cientifica se torne realidade no futuro, pelo menos que haja tempo para que possa acontecer.

Um bom fim de semana!

Carla disse...

que haja tempo para pensar e corrigir...
beijos

miruii disse...

Eu não serei um desses mosquitos, de certeza.
Apesar de tudo o que diz com justeza, como sempre nas suas análises, gosto mais de ser um mosquito de hoje.
Piquei.