quarta-feira, abril 30, 2008

AS VELAS DOS MOTORES E SUA MORTE SUJA

Na oficina do Frederico havia um caixote a abarrotar de velas para motores de explosão. Mas eram velas mortas, sujas, cuja derradeira serventia não me ocorre. Sei apenas que o Joaquim, mestre electricista, tinha sempre as mãos oleosas e por vezes com cortes que limpava e tratava numa bacia miserável, como todas as bacias destes lugares onde se desvendam entranhas, lâminas e e velhos ferros recicláveis. O Joaquim juntava velas destas, mortas e sujas, na bancada onde pousava dezenas de ferramentas metálicas. Quando elas cresciam em demasia, carro a carro, revisão a revisão, ele pegava as velas inúteis na cova das duas mãos juntas e despejava-as no caixote. O resultado plástico desse lixo sempre me fascinou.



tempo de anulação, morte e apodrecimento

2 comentários:

naturalissima disse...

A plástica desse lixo todo é fascinante, por nos levar à realidades de extremo sentido da Vida, do Homem, da Humanidade...

Fiquei também fascinada com o seu texto. Belo pela mesma carga de sentimentos e sentidos.

Um bom feriado
DanielaSobrinhaSua

Ah, ia me esquecendo... Fiz um pequeno destaque do seu livro, no NATURALISSIMA.

beijos ;-)

naturalissima disse...

Fiquei sensibilizada com os seus comentários, no Naturalissima.
Falaremos pessoalmente.
Agradeço-lhe tudo o que me tem dado.

um forte abraço... carinhoso.
sobrinha, eu