Não resisto à tentação de publicar aqui duas belas fotografias de Lobo Henriques, aliás divulgadas em série nums colecção visualizada na internet. Julgo não ferir nehum direito de autor. Desta forma, garantida a identidade da obra, é possível alargar a partilha, tornar mais «itinerante» algumas destas obras. O retrato, mesmo na fotografia, é uma arte difícil: as pessoas que vivem no interior de cada «máscara» são entidades profundas, surpreendentes quando espreitam pelos olhos os nossos olhos. As vias de registo e comunicação de que dispomos, como no caso da «câmara clara», são preciosas a vários títulos, e aqui guardando bem a essência do instante. Mas o mundo, dizemos desconfiadamente uns aos outros. Pois sim: a massificação até lhe normalizou tonalidades, minutos de família, a face dos meninos e dos velhos. No caso das fotografias que transcreve para este blog, um dos desafios que se nos coloca é o seguinte: imaginar cores e tons adequados para tornar os retratos mais verosímeis. Não dá resultado: o preto e branco, com as suas meias tintas, parecem conferir mais autenticidade às imagens, por momentos como se estas mulheres velhas nunca tivessem pertencido a outro contexto além do nos espreita aqui.
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3 comentários:
Tem razão, não há tinta que lhes dê cor.
Permanecem assim, sem tempo nem idade, são apenas velhas bonitas. Como bonitos achava os velhos mendigos que uma colega no colégio desenhava primorosamente a carvão (sua mãe já era pintora)e, ao que soube há muitos anos, fez carreira fora de Portugal.
Trata-se duma incontornável evidência, João : a cor não confere existência ás imagens/coisas, começando pela simples razão dessa não existir.
Os retratos aqui apresentados, se por ventura fossem coloridos distrairiam a nossa atenção- prejudicando o que o artista mais pretendeu realçar:A INSTANTÂNEA-EXPRESSIVIDADE GESTUAL-HUMANA.
Funcionando como um projector emocional(muitas vezes catalizado)a nossa capacidade de expressão gestual e espontânea é uma linguagem singular muito própria do Homem - assim uma espécie de CANAL por onde revelamos os nossos sentimentos mais profundos.Sejam eles de estupefacção, perplexidade, alegria, tristeza ou simplesmente abstracção:são eles que nos caracterizam e diferenciam.
Assim sendo, o preto e branco nesta vertente fotográfica humanizada, permite-nos fazer uma melhor "absorção" da essência expressiva dos retratos onde as tonalidades ou contrastes tornam o jogo de luz-sombra num efeito mais real ou verosímil aos nossos olhos.
As "máscaras" registadas por este magnífico fotógrafo, levaram-me a diversos locais que vão desde o real, passando por momentos pelo contexto artístico(tão bem analisado por si)e acabando no meu imaginário pessoal.
Perdoe-me a kilometragem do comentário, professor...mas é que entrei nesta via-rápida fascinante e desatei a acelerar desenfreadamente sem olhar para o limite de velocidade.
Com a admiração de sempre, saúdo-o, tiomeu ;-)
leugim
P.S.A PALAVRA PENSA A IMAGEM, ou será que A IMAGEM DÁ PALAVRA AO PENSAMENTO?...
tiomeu
vim manifestar a minha satisfação ao comtemplar estas magníficas fotografias de cores preto e branco, onde as almas saltam daqueles rostos já em vias de extinção... preenchendo-nos com sabedoria o nosso espírito.
Grande fotógrafo.
Não adianto muito mais... o nosso Miguel deu cabo disto. Para além do seu rico texto, tio, ele ainda acabou por acrescentar mais qualquer coisa.
Espero que ele não tenha apanhado uma multa por excesso de velocidade! :)hahaha...
um beijinho carinhoso
Daniela
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