terça-feira, outubro 27, 2009

SARAMGO CONTINUA REFÉM DA BÍBLIA E AFINS

José Saramago

Não é do meu interesse alimentar aqui polémicas inúteis. Em volta dos temas ligados à religião católida, o escritor José Saramago contínua debicando «os maus costumes» dos textos sagrados, antigos, pelejando por uma causa já desgastada nos dias que gostaríamos de o ver a dar corpo a um grande livro sobre a conflitualidade contemporânea, os problemas da nossa civilização entretanto confrontada com com os seus próprios malefícios e vastas populações atoladas no pântano da miséria e do horror.
Até porque, ao receber aqui comentários sobre o assunto, a verdade, como diz um bloguista, é que muitas pessoas acusam Saramago de falta de verdadeiro saber sobre a história das religiões, com falhas graves em teologia. Cito: «...ele não consegue sair de um ateísmo atávico, que ainda toma o cristianismo católico como um "inimigo de classe", sem ter nenhuma da profundidade diagnóstica com que, por exemplo Nietzche aferiu a cristianização da civilização ocidental».
Este depoimento é de um «cibernauta» que se declara não cristão e que, sobre o acto de Caim, esclarece: «Caim é filho do Anjo e de Eva, e não de Adão. O homicídio é-lhe ordenado, para que na prole adâmica se pertetue o "sangue" dos Anjos, forçados a abandonar o Éden e a humanidade. Caim não foi uma criatura vil, muito pelo contrário. Foi um "construtor de cidades», simbolismo de protector dos homens e da civilização (...) Caim tmou mulher, e não foi uma irmã. Adão e Eva e seus filhos nunca foram os únicos humanos; a sua "criação" é uma escolha: um par humano foi conduzido ao Éden para lher ser ensinada a sabedoria, A criação do mundo e do homem ocorreu muito antes. O período edénico corresponde ao da edificação da civilização humana, na antiga Suméria, cujos rios, Tigre e Eufrates, são indicados no livro do Génesis»
Este colaborador da blogosfera («Klatuu») sustenta ainda que o Antigo Testamento, muito deformado por delírios da Igreja católica ao longos dos tempos, pouco tem de fantástico, relata factos históricos, a maioria comprováveis.
«Não me perguntem o que são os Anjos, mas posso garantir-vos que não são feitos de diáfano algodão doce com asinhas». Além do mais, este correspondente, insiste que «além de que sob o ponto de civilizacional, se Deus existe ou não é irrelevante. Nenhum crente tem essa certeza, tem sim essa esperança. E mesmo com "Deus morto", todas as civilizações humanas continuam sustentadas num chão religioso. É inútil combater isso como combater o Darwinismo. O caminho é impedir que toda a forma de estupidez e fanatismo destruam a civilização. Mesmo Marx viu alguma utilidade social (ainda que temporária ) na religião... sem esse "ópio" com o qual resolveríamos a angústia do homem comum, pois se nem duas refeições por dia conseguimos dar a todos os homens espalhados pelo mundo.»

Saramgo, a estas considerações, responderia certamente que o que «não está escrito» não é susceptível de se tornar símbolo ou pressuposto ganho através de outros dados. A sua orientação parece ser jocosa, lógica, pragmática. Espero que o livro «Caim» este escrito como objecto de arte e não de análises literais a segmentos do Antigo Testamento. Cada vez são mais as pessoas que se interrogam, já despojadas de tantos adereços litúrgicos e sacros, «mas Saramago não tem mais em que pensar?»
os nomes das coisas nem sempre correspondem
a essas mesmas coisas





1 comentário:

Miguel Baganha disse...

Existem pessoas de diferentes raças, credos e conceitos. Existe vida e existe morte. Existem formas para nos dar forma.
Mas no entanto, nós não existimos no momento em que existimos.

Se existirmos pelo facto de não existirmos, Não só Deus terà o privilégio de não existir enquanto existe.

A condição de refém é castradora da existência.
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Bem encerrado este capítulo, João.

Um abraço,
Miguel