debitando para o espaço milhares de toneladas de gases impróprios
Apesar do entusiasmo com que as sociedades mais avançadas encaravam o século XX, por comparação com as alegrias e capitais de esperança quase utópica alimentadas no século XIX, a história, com bases científicas bem sustentadas, ficou sobretudo marcada com duas grandes catástrofes de exclusiva responsabilidade humana: e estou a referir-me, naturalmente, às duas Grandes Guerras mundiais, talvez com relevo mais apocalíptico para a segunda a projectar-se no espaço e no tempo (afinal de ambas), desde a expansão gigantesca das tropas sob o comando geral de Adolfo Hitler, cujas ideias sobre a raça ariana, a dura concepção dos sistemas, a par da exclusão dos judeus, se exprimiu em campo das formas mais hediondas e ocupou em pouco tempo praticamente toda a Europa. Apesar do extraordinário avanço das tecnologias nesse tempo, há cerca de oitenta anos, o fim da guerra e a partilha da Alemanha entre Russos e Americanos, veio traduzir-se, desde logo em termos de reconstrução, num leque de resoluções ao mesmo tempo aterrador e utópico. Não foi preciso esperar muito tempo para se sentirem os efeitos que por vezes decorrem da dinâmica bélica, acabando por se projectar nos mercados e em mutações dos sistemas de vida. Os crescimentos desproporcionados, sobretudo no recurso aos combustíveis fósseis, carvão e petróleo, todos sabemos, induziram brutais gastos de energia, produção massificada de bens de conusmo, opções que, visionando a imensidão do planeta, desde sempre prescindiram do estudo quanto aos efeitos de grandes perdas em lixo, materiais e gases corrosivos, tóxicos, perturnadores do próprio equilíbrio sistémico do planeta. sem pontadOs pensadores castrofistas conseguiram antecipar cenários inquietantes e foram surguindo filmes de ficção que procuravam, contudo, conferir a maior das verosimilhanças a desastres profundos, tratados já com elementos de uma investigação dos sistemas que equilibram a realidade e a realidade da vida. As novas tecnologias, em ambientes difundidos para todo o mundo pela televisão, também reflectiam as aprendizgens decorrentes da complexa abordagem e exploração do espaço cósmico. Mas os limites existem, apesar de tudo. E basta referir que a estratosfera é já um enorme caixote de lixos, entre centenas e centenas de satélites com inúmeras funções. Cá em baixo, há aterros indizíveis, onde só os indigentes profundos procuram restos, comida existente nas embalagens azedas, jantares de pães soltos mas duros, cascas de frutos, uma imensidade de detritos que a fome e o engenho parecem reconverter para usos comuns. Cartões transitórios, entretanto utilizados pelos milhões de cidadãos sem abrigo, cuja casa desmontável se implanta na rua, seja qual for a natureza do tempo, acrescentam às cidades um efeito desagredor da realidade afinal delicada, insustentável (sem ponta de metáfora) ao lado das indústrias poluentes, que rompem em baixo paisagens inteiras e enviam para o espaço biliões de toneladas de gases tóxicos, numa incalculável destruição de equilíbrios, apesar da absorção do Co2 pelos oceanos e florestas. Apesar disso, a verdade é que na superfície da Terra o peso dos factores emitidos desafina a balança dos fenómenos e diversos efeitos relativos à manutenção do equilíbrio.
Hoje, estamos à beira do limite. A derrocada das condições de vida nesta nossa nave colocou-nos, pelas nossas próprias mãos, num cenário de catástrofe global e, a prazo, de total extinção das espécies. Por isso, depois de assembleias mais ou menos falhadas desde há vinte anos, aposta-se tudo na reunião, em Copenhaga, de representantes qualificados de 190 países, um total de cerca de 15.000 pessoas. O aparato ilude. Desde há pouco que já se conhece a reincidência dos Estados Unidos da América em não se comprometerem, apesar de declarações da China e de outros países terem começado por admitir reduções de poluição significativas. As energias aternativas são uma via já em prática mas os donos do petróleo que resta esperam cinicamente enriquecer ainda mais à custa de plataformas especulativas e contrárias ao esforço pretendido. Porque, embora eles pareçam julgar que nada vai acontecer, a verdade é que vai -- e vai muita mais depressa do que se julgava, com os gelos a derreterem, os oceanos a subir, o aquecimento do planeta anunciando alterações climáticas apocalípticas.
Imaginemos um qualquer erro de cálculo e a antecipação de novas ressurreições.
1 comentário:
Tudo bem mais depressa do que esperávamos a afundar. E os capitães que não reagem com a rapidez necessária e os marinheiros sofrendo de iliteracia em relação às tempestades que nos assolam!
(Em Toronto, desde 1937 não acontecia chegar o mês de Dezembro sem um nevão na cidade).
Enviar um comentário