Estas pessoas sobreviveram ao gelo da morte, ao fogo do inferno, às cinzas poluentes que se libertavam de certas chaminés e a certas horas. São o testemunho para a história futura dessa ignomínia a que se chamou o Holocausto. É uma questão da História lembrar que, na altura em que o Supremo Comandante das Forças Aliadas durante a II Guerra Mundial, General Dwight D. Eisenhower, encontrou as vítimas dos campos de concentração, logo estabeleceu um plano de registo exaustivo das pessoas, lugares, testemunhos, através de fotografias, filmes e gravações. E fez mais. Fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos para que pudessem ser testemunhos vivos dos acontecimentos, participando, inclusive, nos trabalhos de enterramento dos mortos. Eisenhower pensava que esta operação era fundamental: ter o máximo de documentos, tanto pela importância deles em si como para lutar contra aqueles que, em algum momento ao longo da história, tentassem lavar os restos do horror, dizendo que tudo aquilo nunca acontecera. Foi um homem avisado, o general, pois passaram apenas 60 anos sobre a guerra e já apareceram os sinais da negação. Quanto ao problema do mal, justamente nesta dimensão preventiva, é bom relembrar o que disse Edmund Burk: «tudo o que é necessário para o triunfo do mal é que os homens de bem nada façam».
Os prolemas da realidade actual começam a ser atravessados por tais memórias e a desencadear litígios na própia Europa, entre questões religiosas, rácicas e da emigração. O Irão, entre outros países, tem vindo a sustentar que o Holocausto não passa de um mito. Num tempo de globalização, com redes comunicacionais em grande escala, a tese do apagamento de certos factos é bem revelador de quanto importa tratar a fundo do património da humanidade, a todos os níveis. É incomportável ver a destruição de monumentos fundamentais na história do mundo, a tiro de canhão, como quem procura, como os talibãs, estabelecer à sua volta comunidades destituidas do sentido de civilização.
O email distribuido na internet a cerca de 40 milhões de pessoas é uma tentativa de preservar a verdade histórica e os valores civilizacionais por que nos batemos.
Esta atitude é um sintoma assustador, sinal do medo que está a atingir o mundo e quão
facilmente cada país se pode deixar arrastar.
Mas é bem certo que a memória não pode ser destruída, nem por grupos terroristas, nem por teocracias que misturam até ao sangue falsos dogmas religiosos com as convenções políticas menos esclarecidas. A verdade é que, pelo plano dos campos de concentração, sabe-se hoje com propriedade que foram mortos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos e cerca de 1900 padres. Os instrumentos de morte foram conservados, num esforço de significar no futuro a irracionalidade que eles representaram e a sua pérfida geometria, ligações ferroviárias aos pontos, longínquos ou não, de recolha de gente abater. E é pena qus meios da comunicação social, hoje, passem tão ligeiramente por factos ocorridos em África, nomeadamente a guerra entre dois países, por oposição étnica, donde resultaram, em dois meses, a morte de 800.000 pessoas. Onde se colocam estes números? Quem os limpa das próprias escolas africanas?
2 comentários:
João,
são movimentos como o do seu artigo a par com o mail distribuido na internet a cerca de 40 milhões de pessoas, que combatem a conveniência e hipocrisia social em que vivemos.
O holocausto que dizimou mais de seis milhões de judeus durante a segunda grande guerra, deverá sempre ser lembrado como o maior atentado à liberdade humana de todos os tempos.
Se deixarmos que o medo seja mais forte que a verdade, estaremos a contribuir todos para que o "erro" se repita.
A História não pode ser apagada, sempre haverá registos; pode é ser escamoteada segundo as conveniências de alguns e a isso é difícil escapar porque a justiça tem olhos, infelizmente.
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