aspira ser 1º Ministro e um 1º Ministro Sombra
Pinto Monteiro, P.G.R, diz que, apesar dos latidos que se ouvem entre as caravanas mais diversas, não se vai demitir (era o que mais faltava), embora haja em Portugal o hábito de resolver questões políticas pela via judicial. Conforme, senhor Procurador, como ainda não temos hipermercados para excepções de natureza e execução judicial, o mais certo é a vontade típica ceder à derrota antecipada, porque os actos que chegam às cerimónias da audição, coacção inquérito e julgamento, sem contar com uma possível condenação, custam tudo aos olhos da cara ou a venda clandestina de um rim. Isto está pelas horas da morte, senhor Procurador. Veja aqui mesmo, nesta nota resgatada à imprensa, o espírito laico e divertido dos próximos zeladores da nossa democracia e certamente pagadores de dívidas. Não têm o futuro que julgam, mas é preciso não os desanimar. Aliás, é o que faz o tal senhor de cabelos brancos, das finanças, que os jornais apelidam de 1º Ministro Sombra. O senhor Procurador não é sombra nem o quer ser, daí repudiar qualquer postura idêntica à da Rainha de Inglaterra. Eu, se fosse ao senhor, não desdenharia aqueles poderes, assentes, sempre que preciso, em assessores exímios e seguranças capazes de calarem o Dr, Louçã só com um sopro (de arma, está claro). Em geral, concordo que o aparelho da Justiça e suas próteses mais conhecidas estão com hábitos talibaneses, o que descredibiliza a famosa civilização ocidental. Mas devagar se vai ao longe.
Vou aconselhar a quem me lê, a leitura da sua entrevista ao expresso em que todas estas coisas (dos poderes, sobretudo) vêm, a meu ver, bem explicadas, claras e com a nobreza que não ficaria mal a uma Rainha -- ou a um rei, obviamente.
Não, não se preocupe com o Paulo. Ele tem os submarinos às costas, como todo o polítivo, em Portugal, tem sempre qualquer carga explosiva sobre os ombros. Mas o Paulo Portas já fechou as portas do Independe, o «tomba ministros». De resto, como escreve o Sousa Tavares, «há quase cem anos que Portugal é governado em obediência ao poder das corporações e a pergunta é: valeu a pena?»
Eu não sei, mas há quem saiba. E o senhor Procurador talvez pudesse esclarecer-me uma outra sequela que me intriga: que paixão é esta de dizer que a política é dos políticos e em nada se mustura com as questões judiciais? Eu não quero fazer cinzento da mistura entre preto e branco, mas os valores daquelas duas áreas, e seus objectivos, são como o ocre e o terra de Siena-- tocam-se, vêm da mesma terra. Há questões políticas claramente paralelas a questões juduciais.
Há nisso uma espécie de maniqueismo de cozinha, corte à faca, cada qual no seu galho.
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