quarta-feira, novembro 24, 2010

PARA O IMAGINÁRIO DE JOANA VASCONCELOS

Muito espantados andam os portugueses medianamente cultos com uma jovem artista plástica portuguesa, Joana Vasconcelos. Porque se trata, na verdade, de alguém que, em poucos anos, explorando um imaginário rico e bizarro, usando adereços industriais, tampões, pentes e outros objectos/materiais desse tipo, constrói (com uma autêntica indústria caseira) faustosas peças que competem com o sonho jurácico, lustres de tampões, piscinas com a forma das nossas fronteiras, sapatos de salto alto e revestidos por tampas de panela, qualquer coisa do tamanho de um automóvel.
Acontece que descobrimos o uso dos mais diversos preservativos, no tamanho e na cor, enrolados ou desenrolados, unidos uns aos outros, ou sobrepostas ao jeito de certas flores, tudo à chinesa e a favor da moda. Os que viram este espectáculo disseram mesmo que a moda habitualmente proposta nas passerelles, em cima de esqueletos execráveis, fica muito longe desta pujança e deste convite ao prazer (do visual aos outros). Joana Vasconcellos não foi ainda ultrapassada: estes objectos, além de nos preservarem das doenças sexualmente transmissíveis, como salienta o Papa, acedendo ao seu uso, podem manipular-se consoante a vontade expressiva que nos acometa, fazendo deles balões e balõezinhos, atados ou não uns aos outros, flutuando na piscina pedagógica (Portugal metendo água), ou prontos para exportação e com instruções. Sabe-se que as melhores marcas, além do ar, aguentam cinco litros de água. Mil preservativos mais ou menos cheios de líquidos mais ou menos coloridos, atados como um grande astro e dinamitados para uma hora zero em pleno Tejo, eis o lado efémero, performativo, que poderá (assim ou de outra maneira) ser apurado por Joana. Até porque se trata de coisa bem didáctica. Um amigo nosso lembrou que os mesmos preservativos, talvez 2 ou 3 mil, mais ou menos cheios de um gaz leve, formariam no espaço o efeito de grande e espantoso OVNI, o maior jamais visto. Spielberg podia ser convidado para o evento e convidado a transfigurar a máquina de «Encontros do Terceiro Grau».

alguém pensou que esta rapariguinha seria capaz
de um tão elegante e imaculado aparecimento?

Um dos mais susgetivos bazar da moda,
da arte pós-pop, erótico e floral

2 comentários:

Miguel Baganha disse...

Entre concepções e "contra-cepções" ideológicas, esta ideia é, sem dúvida, algo a "preservar".

Uma abraço,
Miguel

jawaa disse...

E será que estes vestidos não ombreiam com muitos outros de costureiros renomados?
Sou uma admiradora desta Joana, mulher de alma bem portuguesa!