quarta-feira, março 16, 2011

A GERAÇÃO DESENRRASCADA EM LIBERDADE

Aspecto de um protesto em euforia pacífica. A geração que hoje estuda e ainda sonha com um futuro digno, talvez possível, em Portugal, se todos aceitarem uma vida económica, pacata, regada por cerveja e tremoços, tertúlias futebolísticas, férias de trabalho a limpar as Matas, entre muitas outras coisas com esta configuração de esquerda iluminada e humilde. Assim será possível sobeviver, aguentar os furacões, ondas gigantes, terramotos, guerras locais e nucleares, atmosferas poluídas, comida frugal - tudo sem publicidade, nem divertimentos massificantes, entre pequenos passeios em pequenos automóveis eléctricos, com paragem de meia hora, nos postos de abastecimento.
Não é preciso trabalhar muito para manter um país vivo. É mais limpo e mais saudável. Poderá mesmo dispensar-se a moeda, em grande número de trocas e actividades. Há certas procuras de conhecimento que mudarão de forma substancial, porque se investigará mais para um quotidiano passeante do que para largadas de competitividade (uma palavra obsoleta inventada nos programas eleitorais dos partidos políticos e no espaço dos empreendedores.) Esta última palavra, mais usada no séulo XXI, pertence a um pensamento ligado à enconomia e à religião. O empeendorismo em Fátima, largou das hostes em bancarrota, peregrinos pedindo o passado, e teve de criar uma nova cidade a fim de produzir, para o país e o resto do mundo, incluindo China, Índia, Estados Unidos, Brasil, Angola, África do Sul, Indonésia, pequenos objectos electrónicos com jogos, informação geral, história das religiões, telefone sem imagem nem câmara. Entre estes exemplos, e muitos mais, o mundo destituído de armas, máquinas, sistemas energéticos proibitivos, ladrões, gurus, políticos ligados aos sistemas do século XX. Com os aparelhos de leitura, haverá chaves de casa, do automóvel, das caixas nos antigos bancos, mapas das cidades, servições ainda exploradas. Este caldo de cultura tem, para a história, uma vantagem: é que tornará desnecessário os serviços de saúde, os ajuntamentos no futebol, os endireitas, os juizos, a produção em biliões e biliões de unidades em casos como a cosmética, os desportos de risco, os cursos chatos, as creches, e até, em muitos casos, os empregos, porque a autosubsistência, inspirada no Oriente, fará de cada família uma unidade bastante, eventual cooperante, com outras, nas novas cidades de uma dezena de milhares de habitantes. Essa opção, além de integrar os seres humanos no meio, usa o que ele dá e renova naturalmente. Os doentes com AVC, cancros, doenças degenerativas dos vários sistemas, patologias nervosas, enfartes, tromboses, insuficiências renais, depressões, para citar apenas o mais óbvio, libertará os espaços onde as multidões se amontuam, tossindo, escarrando, sempre à espera de uma consulta, doentes profissionais. Muitas das chamadas doenças modernas regredirão para níveis de há milénios, quando ainda não existiam praticamente. Esta perspectiva que começa a desenvolver-se com a crise da globalização, tende à pacificação das sociedades, à unificação das religiões, à morte dos privilégios milionários. Apesar de tudo, os peregrinos de Fátima continuarão a calcorrear a berma das estradas, pois as religões terão como prece a marcha moderada, exercícios físicos e novas técnicas de reflexão.

Estes exemplos, de 2011, mostram o início da época dos passos.
O cartaz inclui uma verdade simples, ninguem deve viver acima
de ninguém.
Seculo XXI: a grande marcha desenrrascada

2 comentários:

Miguel Baganha disse...

(Acabei de escrever aqui um extenso comentário que se esfumou, assim, sem mais nem menos. Enfim, coisas estranhas e imponderáveis, só ao nível das greves que acontecem em Portugal. Bom, vou tentar deixar uma síntese):
«Ninguém deve viver acima de ninguém», é verdade. Mas também não é menos verdade que ninguém deve viver acima das suas reais possibilidades, acreditando em falsas necessidades. Utopias criadas pelos paradigmas, ou modas, de uma globalização que apenas perverte o significado intrínseco da cultura.

Não é assim que se fazem greves assim.

Miguel Baganha disse...

Correcção: onde se lê «greves» deve ler-se protestos.