quarta-feira, dezembro 05, 2012

CENA NO DIA DA MORTE DE JOAQUIM BENITE, TMA


JOAQUIM BENITE | encenador

Jonas acreditava na sua estrela


Joaquim Benite, homem que se dedicou desde longa data ao teatro e ao seu tratamento através de encenações recuperadas de vários ângulos da modernidade, nomeadamente no Teatro Municipal de Almada. O teatro em si foi uma grande aquisição para o meio e a programação absorveu as mais diversas peças, do clássico à contemporaneidade, tendo como condutor relevante o próprio Joaquim Benite, de quem fui amigo e cujo trabalho só me foi possível seguir à distância, por razões de saúde. Morreu hoje, esse batalhador por uma arte que tanto tem sofrido com as massificações das indústrias culturais e crise civilizacional. Morreu de forma quase fútil, com uma pneumonia pertinente e absurda. Lembro-me das nossas conversas e do muito que ele apreciava Camus. E pelo facto de eu ter feito uma adaptação de Jonas (novela de Camus) ao teatro, a ele a confiei, embora soubesse quanto era árdua a sua montagem. Chegou a estar agendada e numa altura em que eu ainda estava disponível. Fica aqui a capa, não para uma publicidade inútil e logo absorvida nos habituais azedumes e equívocos. É a minha homenagem a Benite, um trabalhador incansável no âmbito do teatro, redescobrindo actores e processos para dar a ver difíceis mensagens de uma arte do espaço e do tempo, vivida num frente a frente entre actores e público. Que Almada possa continuar esta obra.


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