segunda-feira, março 31, 2008

TECTOS PROVISÓRIOS E LIXO DE ZINCO


É nestes subúrbios cada vez maiores, um pouco por todo o mundo, que os pobres e os grupos de assaltantes formigam interminavelmente, na ilusão enlameada de um futuro dourado, cada vez menos possível e cada vez mais sonhado. As favelas do Rio copiaram-se a si mesmas pelo país inteiro, derramando dejectos pela encosta rasgada, contra as subidas sinuosas entre barracas de madeira e lona, alcandoradas nos socalcos aguçados pelo homem, caixas de cartão e zinco e panos e pneus a configurar a via sacra de mil infâncias degradadas, violência depois, lá e deste lado, pelo Oriente Médio, as religiões urbanas e todas as outras dilacerando, em contradição com os próprios profetas, a vida das comunidades, muçulmanos, cristãos e cruzadas outrora, a Inquisição matando em nome de nada, enquanto hoje papas e cardeiais querem poupar o mínimo feto já marcado pelo delírio da Natureza. Agora dizem que vão alindar as favelas já de tijolo e à semelhança de casas, tudo para colorir a miséria e arrancar os territórios aos compradores e vendedores de droga. Deus não é grande e as religiões envenenam tudo, diz, de fala aberta, Christopher Hitchens.

2 comentários:

Anónimo disse...

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jawaa disse...

Sabe que acabo de chegar (ainda com os sonos trocados)de um país novo em que a miséria é menos notória. Não é que encontrei vários Sem-Abrigo bem no centro de Ottawa...?!!