terça-feira, agosto 05, 2008

A ESTRANHA PEDAGOGIA NAS ESTRADAS


São estranhas, em Portugal, as campanhas das autoridades que têm a seu cago a vigilância, prevenção e acções pedagógicas no sector rodoviário de todo o teritório. Não é a primeira vez que abordo aqui esse problema, um dos mais sérios com que nos defrontamos nos noticiários, num clima especulativo e demagógico pela referência das imagens, bem como na repetição inconsequente das mesmas razões para os desastres, sem que, em sede de redacção, os jornalistas se detenham a examinar, noutras perspectivas, a regularidade, em números e desgaste, dos desastres que acontecem nas nossas auto-estradas, estradas e cidades.
Todos os anos, nas Festas e na abertura da temporada de férias correspondentes ao Verão, as brigadas de segurança às estradas, anunciam efectivos mobilizados na ordem dos milhares. E publicam, entre viaturas identificadas e viaturas não identificadas, uma cadeia de graduação de multas que chega a ser humilhante, tendo em conta o que se repete anualmente. A polícia de serviço nas rodovias têm formação adequada, segundo creio, mas nunca se nota a diferença de métodos quanto a situações também diferentes, nem um diálogo pedagógico com os condutores, ultrapassando a mera trindade do alcool, excesso de velocidade, incumprimento de regras.
A polícia, e os seus técnicas, ainda não se pronunciaram sobre questões como as seguintes:
>Terá o país dimensão e meios para os dois milhões de carros que andam por aí?
>Haverá algum curso de formação de instrutores e meios modernos de abordar matérias relativas à condução, à psicologia dos condutores, às diferentes situações que se lhes deparam, aos adequados preceitos de aprendizagem bem fundamentada do código da estrada?
>E esses instrutores estão capacitadas a abordar a quase totalidade dos problemas que podem surgir a um condutor, manobras agressivas mas necessárias, conhecimento do carro, da sua mecâmica e da mecânica em geral?
>A polícia estará habilitada a abordar os automobilistas na estrada, nos métodos de paragem, de pedir documentos, de espiolhar todas as desnessidades às quais eles são amarrados?
>A teoria inerente aos exames para obtenção da carta está bem exposta, não terá excesso de índices cuja matéria é facilmente esquecível? A perda do exame de código por «morte súbita», como nas séries com pistolas durante a guerra do Vietnam, não será desajustada do nosso temperamento e graus de relação com a realidade?
>Porque é que o ensino não usa simuladores e porque razão não se estuda, com base científica, a natureza de certos desastres, os mais típicos, os mais regulares, os de evidente continuidade?
>O patrulhamento do trânsito é fixo ou acompanhado, sobretudo em motocilos, cuja mobilidade e visibilidade permite tomar decisões preventivas a montante e a jusante das colunas?
>Porque não se procede ao reordenamento dos bloqueios, através das brigadas em motociclos?
>O que é que se ganha em agir ilegitimamente, com carros disfarçados, que chegam a disputar situações de velocidade e infringem claramente (num exemplo aos outros) as regras relativas à via contínua, estados de aproximação, tipos de sinais, entre outros?
>Porque é que, em vez da actual rotina e a baixa descida, em geral, de desastres mais ou menos graves e de mortos, não se opta pela ajuda em vez de infligir medo e mesmo terror aos automobilistas? O medo nunca foi bom conselheiro nestas questões. Conheço condutores que adquiriram traumas fóbicos ou de «fuga em frente» pelas inúmeras experiências desadequadas a que foram sujeitos pelo comportamento das autoridades. A polícia não faz por mal, acredito, mas a problemática das estradas, incluindo a mais iníqua das sinalizações dentro e fora das cidades, têm reunido um conjunto vastíssimo de comportamentos de risco a desabar sobre os condutores de viaturas ligeiras ou outras?
>Outro tanto se deve dizer quanto aos camonistas, entre o comportaento relativo aos ligeiros como no que se refere aos dispositivos de sinalização em viagem. Experimentei viajar de noite numa zona montanhosa de Espanha, onde fui encontrando vários carros pesados. Tais carros acendiam logo que se apercebiam da nossa presença, atrás, uma luz vermelha: assim eu era advertido de que não podia ultrapssar dadas as condições existentes. Pouco depois, o condutor do camião acendia o farolim amarelo, avisando-me que devia estar preparado para uma eventual ultrapassagem. Quando as condições estavam reunidas, o condutor acendia o farolim verde, apitando, encostando à direita e moderando a velocidade. Isto existe por aí? E será que não se percebe a vantagem (civilizada) do dispositivo?
>Não deverá a polícia distinguir o comportamento de acompanhar e coordenar o trânsito, em marcha paralela, quando são previsíveis grandes quantidades de veículos, das operações fiscalizadoras, propriamente ditas, aí sim, podemdo estar em brigadas estacionadas, em comunicação umas com as outras, usando de privilégio de mandar parar carros para verificar toda as condições que são devidas ao trajecto que o condutor esteja a cumprir?
Eu acho que basta pensar um bocadinho e asim evitar a repressão dantesca, com carros ilegais e multas de um valor absurdo, tanto para certos casos, como para o país, que não pode ser vampirizado desta maneira. O dinheiro ganha-se de outra forma. Penso eu (de que) e não tenho nenhum Boby...

1 comentário:

jawaa disse...

Muito pertinente o que aqui é referido e nunca é demais enfatizar.
Na verdade não se compreende o comportamento dos condutores, o que querem eles demonstrar quando aceleram e põem em risco a
própria vida e a dos outros.
A instrução para a obtenção da carta não deve ser das melhores e o comportamento e actuação da polícia de trânsito deixa muito a desejar, não tenho dúvidas. Nunca estão presentes onde é preciso, isso é ponto assente.
Parece haver demasiadas falhas na formação de uns e outros...
Ainda há um ponto importante a considerar que é o excesso de carros pesados nas estradas (uma política consciente há muito deveria ter rentabilizado as nossas linhas férreas) e o facto de termos em grande parte veículos comprados em segunda mão, por preços mais acessíveis à nossa bolsa. Ao que sei, aqui desagua o «ferro velho» que já não é considerado seguro para as estradas alemãs ou suecas... principalmente.