sábado, novembro 29, 2008
O BAZAR LABIRÍNTICO DA VIZINHA PATRÍCIA
A SAUDOSA AIA DA RAINHA CARLOTA JOAQUINA
sexta-feira, novembro 28, 2008
PAISAGEM DE UM RESCALDO TRÁGICO NA ÍNDIA
VOLTAREMOS À BARBÁRIE NO SÉCULO XXI ?

quarta-feira, novembro 26, 2008
terça-feira, novembro 18, 2008
SARAMAGO DADO A VER POR MEIRELLES
É preciso dizer desde já que, a partir dos primeiros sintomas, a mulher de um dos personagens (actriz Julianne Moore) conservou a visão, facto que o casal decide esconder em nome de sobrevivência. E ela conservou a visão sempre, apesar de teremer perdê-la de um momento para o outro. Mas isso permitiu-lhe, estoicamente, minimizar esforços, ordenar muitas coisas, dirimir conflitos. A história desta peste branca é contada com grande verosimilhança e detalhes surpreendentes, além de medonhos. Depressa se vai compreender que o eterior estará também vitimizado e que a assobrosa barbárie vivida na quarentena tem de ser interrompida em nome da dignidade possível, em busca da mínima aprendizagem dos actos comuns, em ordem à sobrevivência e aos agrupamentos solidários, capazes de partilharem lugares de vida, entendimentos, compreensão so estado do mundo.

O ensaio, no fundo, é mais sobre a natureza humana do que sobre aquela oclusão visual por uma espécie de cortina branca. A redenção é alcançável, pensam os mais atentos aos sintomas em redor, sobretudo quando, além da mulher não invisual, outro elemento do grupo organizado em torno dela recupera a visão. A estabilidade insular desse grupo, porventua como de outros que vemos no caos inóvel das grandes paisagens urbanas, aponta para novos objectivos e para a própria irradicação do fenómeno. É então muito plausível que nos lembremos de «A Peste», de Camus. A busca do homem, contra uma realidade absurda, assaz destruidora dos valores individuais.
A pastosidade da escrita de Saramago, a sua falta de sentido visualizador através da palavra, tornam ´«Ensaio sobre a Cegueira» algo obtuso e pouco empolgante. O filme de Meirelles descodifica sombras e ocultações, usa efeitos de fotografia, encenação e montagem, com forte qualidade expressiva e belíssimo recorte plástico. As diversas situações, crise após crise, tem um lado de blasfémia esclarecedora, faz-nos ver com a mulher que vê, sentir a grandeza da sua força, do se humanismo, da sua esperança. Há soluções cinematográficas, inclisive a passagem a uma certa unificação pelo branco e pelos valores cinza, que nos arrebatam e iluminam, desberta após descoberta. Saramgo é-nos dado a ver pela densidade funcional do filme de Meirelles. E quando a mulher, na varanda da sua casa transformada em albergue, na escolha solidária da paz, ergue os olhos ao céu, num espanto de atmosfera branca e pergunta quando será a sua vez, o realizador baixa a câmara, entrando em campo o esplendor semi-desfeito da cidade em todo o horizonte, a chave humana da salvação é desvendada à clara luz da manhã.
Vejo o livro como um hino à comunidade. É como se estivesse a dizer que é preciso tirar a visão às pessoas para que possamos, finalmente, criar um ambiente de solidariedade comunitária. Fernando Meirelles
segunda-feira, novembro 10, 2008
COSMOGRAFIA DO DESLUMBRAMENTO E DO LIXO
Há cerca de cinquenta ou sessenta anos a revista «Colliers» já publicava, pelo imaginário de van Braun, largos conjuntos de projectos dedicados às viagens no espaço cósmico, ou pelo menos entre os planetas mais próximos do Sistema Solar. Alguns desses projectos inspiraram, por fraccionamento, as verdadeiras pistas das primeiras cápsulas tripuladas (com vantagem para os soviéticos, nessa altura) e as possíveis viagens entre planetas. A prudência tecnológica, e as próprias limitações orçamentais, conduziram ao estudo de sucessivos rastreios comandados à distância, usando satélites artificiais capazes de orbitarem a Lua, Venus ou Marte, fase em que se acedeu a importantes conhecimentos sobre esses astros, tendo em conta cartografias decisivas e detecção dos componentes da armosfera, do solo, de uma grande variedade, aliás, de acções robóticas relativas a espectros químicos, por exemplo, cujos resultados eram enviados para a Terra. Pelo uso posterior, ou a par destes métodos, de sondas com meios de aterragem, movimentação e pesquisa, hoje já se pode defender que conhecemos praticamente todo o planeta Marte, além de estarmos cada vez mais informados sobre Vénus, Mercúrio, Júpiter ou Saturno, com exploração paralela dos vários satélies desses astros. De resto, ao lado desta programação que acabou por se estender até ao limite do Sistema Solar, além de sondas atiradas para o infinito, através da nossa Galáxia, o homem foi cumprindo um trabalho de avanço até à Lua, acabando por fazê-lo por intermédio do Projecto Apolo e de sucessivas viagens com astronautas que não só alunaram como trabalharam na superfície do nosso satélite.
Todo este conjunto de acções no espaço exterior à atmosfera terrestre, incluindo uma possível viagem até à superfície de Marte, precisa cada vez mais, no território do nsso planeta e em estações orbitais de carácter experimental e logístico, com astronautas permamentes, trocados em tempo próprio, o que se preparou, agora numa colaboração entre os mais avançados países ligados à exploração do espaço, com instalações entretanto já caducadas. Passou-se para a junção modular de nova concepção, habitáculos com gente a bordo, em rotação, sobretudo pela criação das recentes naves mediadoras, «Vai-vem». Essas naves de ida e vinda transportam vários astronautas, possindo um grande porão, apropriado, para carregamento de partes diversas, muito material de construção ou de sobrevivência, em ordem a cumpir as fases estruturantes da Estação em órbita, à qual atracam os cargueiros/mensageiros, cujos tripulantes convivem com os «residentes», fazendo, por intermédio de um grande braço móvel das naves mediadoras, o transbordo das mercadorias desse ponto para lugares estratégicos, na proximidade do ponto de montagem. Ao longo de todo este tempo, várias décadas, os estrategas de diferentes especialidades, passaram a controlar uma imensa rede de satélites robóticos que giram em torno da Terra, segundo diversas rotas, permitindo alertas de defesa, redes de comunicação e vigilância, a par de outras vias que são mais votados a experiências de retorno.
A imagem aqui publicada, de grande realismo, «imita» certas fotografias tiradas no espaço e em circunstâncias semelhantes. Este género de estações eram as «anunciadas» na «Colliers», nos anos cinquentam, e cujo modelo Kubrick usou no seu filme «2001, odisseia no espaço». Quase tudo, nesse filme, fazia parte de uma invenção decalcada em projectos «possíveis». Mas as chamadas Plataformas de Anel foram por enquanto abandonadas. Tarkoski realizou o seu filme «Solaris» num cenário a condizer com esse tipo de instalação cósmica, embora procurando, entre ruínas e lixo abandonado, desenvolver profundas reflexões sobre o homem, sua existência e situação no Universo. A figuração plástica que nos propõe Miguel Soares reveste-se, para além da sua singularidade enquanto espectáculo, a um tempo histórico do futuro no qual Plaraformas com esta confiuguração anelar, meio construídas ou meios desconstruídas teriam uso. Pode tratar-se de um desastre futuro, lixo em volta da constrção arruinada, assim destinada a vogar no silêncio até qualquer possível aproximação e queda na Terra. Mas as fases de construção chegam a parecer espectáculos assim. Os astronautas engenheiros não pousam as suas «caixas de ferramentas» numa mesa a seu lado, mas apenas no vazio e perto de si. Daqui e dali se recolhem peças, ferramentas, cabos, ligando o que há para ligar, encaixes, desperdícios de facto, consolidação dia a dia, semana a semana, ano após ano. E o que é mais inquitetante é o facto de uma rota orbital diversificada estar hoje carregada de satélites artificiais, restos de naves e de peças, caixas provisórias, tudo na mesma linha de comportamento que foi enchendo o nosso habitat dos mais diversos lixos, vulgares ou cada vez mais perigosos. Os mesmos erros além do horizonte. E talvez um dia, num local longínquo, colonizado pelo homem, espécie superior mas de difícil adaptação a uma profunda mudança de sentido e medida, dado a esta à sua mania de crescimentos apocalípticos.
domingo, novembro 09, 2008
DESENHAMENTO | PALAVRA/IMAGEM:PUREZA

quinta-feira, novembro 06, 2008
SOBRE A ARTE CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA | José Carlos Teixeira
Antes de qualquer formulação dedicada ao público, as relações de José Carlos Teixeira têm sido testadas nesse âmbito perfomativo, convivial, de ensaio de ideias, todo o tempo em registo vídeo das conversas trocadas. Entre as sombras e as claridades, calculadamente, as personagens falam das suas experiências, quer se mostrem imprecisas, quer surjam debruçadas sobre a realidade, a sua intrínseca movência, a prática em revelação constante na linha do seu discurso ou das não histórias no rumor de cada introspecção, sem medo, razão das emoções que nelas formam a falsa certeza do espaço de afirmação temporal, é presente e é devir, conjugando a pertinência do nosso apelo pelo espectáculo, sem negar o valor expressivo do plano paralítico (no papel que nos cabe) para não nos alienarmos à escassez significativa de um meio riquíssimo de hipóteses formais ou de ligações dialécticas com a experiência e o seu inverso absurdo.
A pesquisa de José Carlos Teixeira, icluindo vídeo-instalações como «ESSAY ON UNSHEL TRED BODIES» ou «38 minutes of anthropology», tende a estabelecer actos separados e ligações imprevistas sobre a natureza dos nossos sentidos no contexto cultural a que pertencemos. A gravação de discursos orais encadeados, ao confrontar passagens do inglês para o português, avisa-nos sobre a qualidade das experiências individuais e em grupo, mostra-nos como os nossos sentidos estão a ser estimulados e como esse facto envolve diversas sonoridades ou expressões poéticas, sem versos, sem tonalidades cromáticas, sem espectáculo, mesmo quando, em certo momento do estudo, o operador tenta criar «desacertos» e «acertos» no corte das imagens, no seu enquadramento, no recurso ao close-up, manipulação plástica e cinética que matém no off funciona a decorrência das falas, já sem que saibamos a quem pertencem. Não se trata portanto de seguir um guião mas de reunir e confrontar as sensibilidades, urgências, nostalgias, métodos, coisa nenhuma.
Etnógrafo do profundo sentido do homem, experimental e contornando o espectáculo, José Carlos Teixeira parece desdobrar os pontos de vista, ou, como disse Elizabeth Line, «os corpos convertem-se em topografias debaixo do olhar do autor.» Por exemplo: «procuram um equilíbrio entre a promiscuidade extrema do movimento nómado, característico da era do capitalismo global e o seu próprio enraizamento.» Ver a instalação fotográfica, legendada, e confrontar essa instalação com a sua edição em vídeo, são atitudes bem diferentes afinal perante coisas semelhante: a mensagem densifica-se, a dimensão autoral do objecto ganha mais determinação.
O fenómeno da desterritorialização não tem apenas efeitos libertadores, incidindo sobre a identidade. Teixeira terá desconstruído o melhor que há na qualidade individual da pessoa (e os vídeos o demonstram em parte), enquanto a ocasionalidade tende a contribuir para tornar redutora a forma da nossa admirável contingência. Aquela ponte de outra geografia mostra, de um modo inquietante, pela aceleração das mobilidades entre velhas rotinas e gente acossada pela vida actual, sombras sem rosto, sem nome, pedaços de coisas vogando na madrugada em direcção a um amanhecer lasso.
Rocha de Sousa, com base num estudo publicado
quarta-feira, novembro 05, 2008
BARACK OBAMA, PRESIDENTE DOS EUA

John McCain