quinta-feira, outubro 29, 2009

TALIBÃS: NEM GUERRA SANTA NEM CONSCIÊNCIA

fotos distribuídas pela Reuters, in Diário de Notícias


Procurando afrontar os Estados Unidos, porque Hillary Clinton chegara em visita ao Paquistão, os talibãs, habitualmente infiltrados no seio da população, executaram um dos maiores atentados jamais visto naquela zona. Um carro armadilhado, logo pela manhã, começou a circular pela principal rua de Peshawar e foi disparado sobre o mercado cheio de gente, provocando uma carnificina de 100 mortos e 217 feridos, alguns dos quais em estado muit graves.
As forças internacionais, sob mandato da ONU, nunca terão meios para destruir tamanha força e uma estratégia deste género. Nem pensem os generais que comandam tais forças em qualquer tese que os faça vitoriosos, mesmo a longo prazo. Em última instância, os militares exteriores terão de enfrentar uma retirado, o que fará deles (seja qual for a encenação) os verdadeiros derrotados.
Esta grande mancha de sangue e de terror que alastra por toda aquela região, incluindo, além do Paquistão, o Iraque, o Afeganistão e o Irão, sem falar da eterna crise do Médio Oriente, é uma aventura sem retorno e praticamente impossível de legitimar perante a irracionalidade dos talibãs. A guerra santa é, sobretudo, uma guerra cega, um vazio cultural profundo, nem se pode resumir a qualquer proposta ideológica, territorial ou civilizacional. As crianças são usadas como combatentes forçados, manipuladas das formas mais abjectas, tudo em nome de causas difusas e objectivos enviezados. Contra a audição da música, dos cânticos, os talibãs incitaram as crianças a uma escola concentrada na memorização do Corão. Uma sociedade pensada assim, em que as artes não podem ter expressão nem audiência, é um «buraco negro» insuperável, sem estatuto humano e civilizacional. «Não há civilização sem arte.»

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

Todas as guerras são imcompreensíveis, principalmente as que que provocam a morte da inocência. Especialmente esta, repleta de razões ocas e que de santa só tem o nome.

Excelente análise existencial, visando aqueles que ao invés de assumirem a responsabilidade dos seus actos, remetem-na para um deus que nunca lhes pediu nada. Neste mundo injusto e diante a incapacidade para o melhorar, a revolta é o sentimento que melhor nos serve.

Um abraço, João!