domingo, setembro 02, 2012

AFUNDEM O SERVIÇO PÚBLICO DA RTP1 NA RELVA

MATEM A RTP2
ÀS MÃOS DO CAVALEIRO DAS TREVAS
SEMPRE A MELHOR ESCOLHA 
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Logo ao pequeno almoço, João Lopes, crítico de cinema e de olhar apurado, apeteceu-lhe variar um pouco e comer uma boa taça de morangos, a par da projecção do fabuloso e bem apoiado filme MORANGOS COM AÇUCAR. Toda a gente sabe do que se trata, justamente na hora em que o governo, sem tabus nem histerias, se prepara para vender ou concessionar o canal 1 da RTP e fechar a sete chaves o canal 2, onde ainda perpassa um leve perfume de cultura, integrando notícias e referências de quase todas as artes sobreviventes em Portugal e no estrangeiro. Ao lado do repasto, o crítico tinha uma nota e uma imagem sobre o filme «Oslo, 31 de Agosto», filme da Noruega, sem morangos.
Ao começar, pouco depois, a escrever a sua coluna para o DIÁRIO DE NOTÍCIAS, acentuando, nomeadamente: «não se pode esperar que um público educado por Morangos com Açucar mostre o mínimo interesse em ver, por exemplo Oslo, 31 de Agosto, um belo filme norueguês, estreado no mesmo dia de Morangos, que não passou em nenhum noticiário televisivo. Tem a ver com quê? O ser ou não ser jovem, a dificuldade de amar e a dependência de drogas. E tem alguns actores sem tiques publicitários, a começar pelo brilhante Anders Danielsen Lie.»

«Oslo, 31 de Agosto»
João Lopes chama a atenção para o ostracismo a que vai ser remetido este filme. As performances das bilheteiras «desenham uma fronteira intransponível.» Reconhecendo Esse desastre cultural, Lopes acrescenta apenas «que o comércio é a primeiríssima forma de cultura. Na sua inquestionável inteligência, os responsáveis pela operação Morangos com Açucar sabem que esse evento existe «como um perverso ministério da cultura, com um poder simbólico superior ao de qualquer instituição educacional.» E sublinha: «Meus senhores, eis a crua verdade: os grandes agentes culturais são vocês».


o homem do leme: deixa a RTP 1 para um opaco campo de relva

Pela nossa parte, esta intervenção de João Lopes é exemplar: e este tipo de «discurso» deveria constar do contrato de concessão da RTP1 a uma «agência privada». Por conceder apenas, e à borla: não compensa em nada o país, nem a história nem a descoberta científica ou cultural. A excelência dos privados (mito lusitano sem nexo) vão tratar da sua courela, criar outras e mais clientelas acéfalas, desbaratar um fio condutor que deveria ser moderno e isento.
Sobre este bizarro e mal anunciado evento, João Lopes é oportunamente sarcástico: «A conjuntura apela ao desespero da caricatura. Assim, depois de pelo menos duas décadas de metódica degradação populista do espaço televisivo, nasceu das pedras da calçada uma avalancha de gente preocupada com os destinos da RTP, incluindo alguns políticos que nunca ligaram ao assunto. António Borges foi o santo milagreiro: com meia dúzia de palavras displicentes, conseguiu consagrar o reconhecimento de uma verdade rudimentar, regularmente enunciada por alguns críticos de televisão nos desertos do nosso pensamento democrático: que a televisão (e, em particular, a RTP) é uma questão absolutamente prioritária na conjuntura político-cultural portuguesa.»

Diremos nós, deste sítio de reflexão, oiçam as palavras deste homem e olhem para as sombras que restam na vil exploração das imagens e das consciências.


OREMOS

1 comentário:

jawaa disse...

Sem mais comentários, poderia dizer, porque tudo está dito. Eu também li hoje as palavras acertadas de João Lopes no DN. A nossa TV serve o interesse dos grandes e poderosos, é o moderno «ópio do povo».
Ah, queria dizer que acabei de ver num canal MEO uma reportagem sobre a moda das bonecas de que falou há dias, bebés de mentira que se tornam obcecação de mães de família, uma bizarria de meter medo - e que nos EUA chegam a atingir o valor de sete mil dólares!!!