segunda-feira, setembro 17, 2007

ARTISTAS PORTUGUESES CONTEMPORÂNEOS | Paula Rego

cães vadios 1965

The Pillowman 2004 típtico

metamorfoseando-se, segundo Kafka 2002
Paula Rego é uma das mais importantes artistas do Portugal contemporâneo e fez grande parte da sua «escola», como ainda hoje acontece, em Londres. A primeira pintura deste conjunto é das mais antigas, dos anos 60, e, para muitos apreciadores da autora, ainda das melhores e mais inventivas séries de Paula, porventura muito na base do seu estudo
em instituições inglesas. Seja como for, as suas gravuras conservam o sentido de história e situam-se, por assim dizer, entre a sua fase dos anos 60 e a deste século.
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Paula Rego considera-se uma contadora de histórias, mesmo quando a sua obra, na década de 60, se mostrava convulsiva e abstracta: ela encontrava sempre nesse universo estilhaçado os cães de Barcelona, o regicídeo, entre outras «narrativas» de um imaginário carregado de fantasmas alegres e sombrios, mundo afinal orgânico que parecia desmembrar-se e dilacerar-se de dentro para fora.
Desde o fim dos ans 70, Paula Rego, usando em Londres um modelo feminino quase grotesco à partida, trabalha a crayons de óleo situações aterradoras, algo abjectas, mostrando a mulher numa situação de escravatura actual, engtre cenários de hoje ou fingidamente de outra época. A par dessa linha, os personagens multiplicaram-se e as histórias (ou alegorias) vieram descrever interiores e exteriores em sucessivas encenações meio absurdas, o que se pode apreciar nas obras feitas para a Presidência da República (o martírio do sagrado) como no tríptico «The Pillowman» (2004). A cena da metamorfose, a pequena assasina, war, são outros temas de uma infinidade de peças que se espalham pelos museus do mundo e estarão presentes dentro em breve no Museu Rainha Sofia, Madrid.
A técnica poderosa, a fealdade dos seres a par de rostos que aspiram à beleza da escese, tudo isso passa por grandes composições onde o realismo se casa com o expressionismo, talvez mesmo com o surrealismo, cenas ásperas, tão contemporâneas quanto medievais, a violência encoberta, o desejo, a carne degradando-se em vida, as encenações de situações angustiantes, as coisas soltas, o mundo, o destino humano entre maldades e a beleza juvenil. Ao fundo, na paisagem ou entre janelas, a morte. Paula Rego não o representa mas ela faz-nos pressentir essa dimensão figurada ou ausente.











ANJO 1998

5 comentários:

fernanda disse...

Bela análise, tanto quanto conheço a obra de Paula Rego, e muito certeira.
O seu texto é igualmente belo.
Prefiro as obras mais antigas dela, talvez por ter o "drama" mais diluído. As obras mais recentes têm imensa força, por isso é difícil conviver com elas.

Betty Coltrane disse...

Adoro o trabalho de paula Rego, é uma das minhas artistas favoritas. Gostei da sua análise, como se vem tornando hábito, quem sabe, sabe...

deixo-lhe um abraço e um sorriso, e obrigado pelo belo olhar sobre esta grande artista!

Carla disse...

Continuo em recuperação da cirurgia que sofri, mas mais calma agora que regressei a casa após ter estado 2 semanas ausente.
Ainda me encontro um pouco atordoada, mas aos poucos vou regressando, hoje ao retornar ainda me fogem as palavras… por isso desejo apenas um bom fim de semana
••. ¸.♥ Beijos ♥ ¸.• ♥≈Nღdir≈♥

P. Guerreiro disse...

Conheço a obra gráfica da Paula Rego através de uma edição, em três volumes, responsabilidade da Visão e do JL. Muito do que sei sobre esta extraordinária mulher provém da leitura desses livros.
Gostei do facto de ter escolhido um dos quadros mais furiosos de Paula Rego para começar o post. Efectivamente o "Stray Dogs" (The dogs of Barcelona), consequência de um acto municipal em Barcelona, revela toda a força de Paula Rego.
Adoro as mulheres da Paula, em termos artisticos bem entendido, nelas não existe lugar para a fragilidade, mesmo quando se encontram em situação para que tal ocorresse. É a imagem de uma mulher que aguenta, pode sofrer mas aguenta.
Como sempre a leitura dos seus textos é uma excelente fonte de informação, crítica e inteligência.

Anónimo disse...

Adoro o trabalho da Paula Rego goxto mt dos desenhos dela são mt fixes e intresantes. bjx continua assim!!!