Esta conhecida escritora das nossas letras, protagonista de grandes êxitos editoriais, em particular quanto aos milhares de livros vendidos, tem sido louvada e combatida por diferentes protagonistas da cena intelectual portuguesa, cronistas e críticos literários, aos quais ela responde de forma desnivelada, sobretudo desnecessária. Agora apareceu a atacar os «blogues», aquilo a que chama, destemperadamente. «um território de guerrilha suja, protagonizada pelos terroristas da Internet». Assim, tal e qual, todos ao molhe. Olhe, Margarida, eu uso este «territótio» como uso a pintura, o cinema e a literatura. Saberá você que, tendo eu uma obra vasta e de qualidade reconhecida (sem pretensão às filas da frente, claro), fizeram-me ancorar aqui e além, poucas críticas aos meus livros sabotados pelas máquinas editoriais e outras, pouco estudo da pintura, audiências da tarde, pelas seis horas na televisão (séries culturais sobre arte), um cinema de ensaio premiado lá fora e usado sobretudo na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Este ficar entre parenteses, este esboço de esquecimento, estas marcas do tráfico de influências inacessível, tudo isso (fora a vida académica) são dores que você não sente, circunstância que pode afectá-la, deixando-a contudo refém de um êxito periférico, cujo significado mais profundo tem maior importância quantitativa do que literária, presumo. Públiquei «Os Passos Encobertos» (romance), «Amnésia» (teatro), «Angola 61, uma crónica de guerra» (factos reais de uma comissão em Angola), «A Culpa de Deus» (romance, para um ensaio sobre o livre arbítrio). Foi decisivo o romance «A Casa Revisitada». Está para sair «Memória das Velhas Artes e os Segredos Conventuais», «Nojo aos Velhos também», e escrevo entretanto crítica de arte no JL, como aconteceu no Diário de Lisboa, Colóquio, Opção. Não estou a fazer o meu currículo: estou a mostrar-lhe que esta obra, reconhecida por personalidades de grande relevo, por vezes até indignadas com os silêncios, não passa pelo largo crivo oferecido à sua escrita. E isso revela como se sufoca em Portugal, como se discriminam valores erradamente, porque, para falar do seu caso, convido-a a ler A Culpa de Deus, avaliando-o segundo o seu critério, tentando perceber se tal obra é menos digna do que qualquer das suas. O que fazem as distribidoras e os escritores uns com os outros? Você acharaia mal que constitíssemos um Observatório para esta área, entidade ordenadora de quantidades, qualidades, regras, pareceres, propostas e definições vinculativas em certos casos? Se você não monta nenhum «blog» é porque pode escrever um livro num mês e atirá-lo para além da própria Internet. E creia que nem todos os bloguistas são terroristas, porque, em geral, são muitas coisas mais. Veja lá não lhe apeteça o caminho de Espanha, como o nosso colega Saramago, a globalidade subverte tudo em toda a parte. Faça por admirar também os seus inimigos. Torne as suas indignações matéria literária.
sexta-feira, setembro 07, 2007
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4 comentários:
Puxa!!! Até fiquei engasgada!!!
Não me sai nada... o sentido das palavras ficaram encravadas na garganta...
Mas que golada tio meu :o
Acutilante!
Ela diz isso no «Jornal de Negócios».
O «Jornal de Letras» e as Letras propriamente ditas, deixa para os outros, não tem tempo para perder com essas coisas.
Muito bem, palmas, palmas!!!!! Quem é essa senhora, afinal? Literatura light, sem conteúdo... Digo isto porque já tentei ler alguns dos seus livros, e não consegui passar da primeira página, de tão maus que eram.
Parabéns!!
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