Enquanto convocava esta fotografia da Terra vista da Lua a fim de a trazer para aqui, na linha daquele fascínio que as imagens do espaço cósmico exercem sobre nós. Tinha o televisor ligado, atrás de mim, e ouvia vagamente as vozes de um programa da tarde. A certa altura, ao enquadrar a imagem, ouvi um diálogo onde se citavam vários casos de antropofagia no nosso próprio país, entre o boato e o facto provado, além de outras citações de semelhantes acontecimentos confirmados no estrangeiro. Um noivo mata e decompõe a noiva, comendo-a até ao limite do possível. Os intervenientes falavam de impulsos de origem longínqua na espécie humana e de outras metamorfoses neurológicas inquietantes. Um deles dizia mesmo que é legítimo relacionar estes fenómenos com a situação do feto, durante a gravidez, como um ser dependente de uma alimentação orgânica, vinda da mãe, como se verifica depois do nascimento, pela demorada deglutição do leite materno.
A fotografia tinha surgido, certa e normalizada, mas eu havia esquecido o motivo que me levara a publicá-la. Olhei demoradamente aquela distância diurna e nocturna e apaguei o título que tinha escolhido para esta imagem, trocando-o por este que vos remeto, com uma velha pergunta que as viagens espaciais, concretas e imaginadas, ajudam a colocar cada vez com mais angústia.
5 comentários:
Não somos mais do que um fugaz raio de cor mais ou menos brilhante, que mal aparece logo se apaga.(Pondo de lado as angústias, penso-me um bocadinho daquele azul lá ao fundo com um anjo olhando por mim da lua.)
A fotografia é bonita e invulgar.
deixou-me agora a pensar... é uma questão de tal modo complexa, q não consigo sequer raspar-lhe a superfície. Vou ficar a pensar nisso.
Um abraço!
Somos um minusculo ponto no universo...
beijos
Gostei do seu blog.
adorei o seu blog. E os desenhos beijinhos
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