Manuel Alegre, poeta antes de tudo, espírito cuja vontade política se tem vinculado ao Partido Socialista, tem ultimamente atravessado, não um deserto, não uma anhara, mas uma certa invernia belicosa, inusitada e chata. A perplexidade tem tomado conta do poeta, aceno de criação próxima ou apelos das esquerdas coloridas. A verdade é que Manuel Alegre tem sido um importante protagonista da vida nacional, entre os factos da glória abrilista até essa hora em que se candidatou à Presidência d República, acabdo por somar um punhado de votos razoável, pérolas para negociar entendimentos e os sinuosos asssédios da esquerda. Tais forças sonham com um partido, o poeta a presidi-lo. Com a sua nobre presença no hemiciclo da Assembleia da República, Alegre está feliz e perplexo ao mesmo tempo. Não pode deixar de lembrar-se do PDR, aventura de Zenha e Eanes. E isso mais o impele para segurar bem a cabeça, rasurando breves declarações. Contudo, ali no seu canto, vai mandando (da esquerda gráfica e bem pensante) algumas setas ao palco do poder, deliciando-se certamente em pensar pela sua mesma cabeça e votando a suspensão do estatuto de avaliação dos professores, novelo imenso inventado pela inamovível Ministra da Educação, fístula do Sistema, método sinuoso e de discutível utilidade científica. domingo, janeiro 25, 2009
O POETA E O POLÍTICO, PERPLEXO
Manuel Alegre, poeta antes de tudo, espírito cuja vontade política se tem vinculado ao Partido Socialista, tem ultimamente atravessado, não um deserto, não uma anhara, mas uma certa invernia belicosa, inusitada e chata. A perplexidade tem tomado conta do poeta, aceno de criação próxima ou apelos das esquerdas coloridas. A verdade é que Manuel Alegre tem sido um importante protagonista da vida nacional, entre os factos da glória abrilista até essa hora em que se candidatou à Presidência d República, acabdo por somar um punhado de votos razoável, pérolas para negociar entendimentos e os sinuosos asssédios da esquerda. Tais forças sonham com um partido, o poeta a presidi-lo. Com a sua nobre presença no hemiciclo da Assembleia da República, Alegre está feliz e perplexo ao mesmo tempo. Não pode deixar de lembrar-se do PDR, aventura de Zenha e Eanes. E isso mais o impele para segurar bem a cabeça, rasurando breves declarações. Contudo, ali no seu canto, vai mandando (da esquerda gráfica e bem pensante) algumas setas ao palco do poder, deliciando-se certamente em pensar pela sua mesma cabeça e votando a suspensão do estatuto de avaliação dos professores, novelo imenso inventado pela inamovível Ministra da Educação, fístula do Sistema, método sinuoso e de discutível utilidade científica. quarta-feira, janeiro 21, 2009
VISCERAIS COMENTADORES DE BANCADA
terça-feira, janeiro 20, 2009
JANEIRO, 1980: PATRIMÓNIO NACIONAL
Portugal é rico em patrimónios deste tipo, na sua traça final, ao abandono. Este trecho de um rua inteira, resultado de tremor de terra que ocorreu nas ilhas Terceira e Graciosa no dia 1 de Janeiro de 1980. Ninguém pensava que o horror de 1973 se repetisse. Mas aconteceu. Morreram 71 pessoas, houve 400 feridos, e mais de 15 mil pessoas ficaram se abrigo. Rui Ochôa, que se encontrava nos açores, escreveu ara a revista Única que mais de 8o% dos edifícios de traça renascentista ficaram destruídos. A tragédia dava lugar a uma profunda desolação semanas depois da catástrofe. Igrejas, edifícios públicos e habitações sucumbiram a um sismo de 7,2 e tudo indicava que os açoreanos teriam de esperar, entre dores, muito tempo dedicado à rconstrução. Muita população via, uma vez mais, as suas casas destruídas. A emigração para a América colocou-se, de novo a muita gente. Há sequelas, para memória futura, que ainda assinalam o horror daquee dia: eram 16 horas e 42 minutos,
domingo, janeiro 18, 2009
PERGUNTA INQUIETANTE DE MIA COUTO
E SE OBAMA FOSSE AFRICANO?A partir da época em que conheci aceitavelmente o escritor Mia Couto, nas suas presenças, na sua obra, entre notícias de amigos e colegas, fiquei sempre com a ideia de que ele era um interessante contador de histórias, um surpreendente inventor de palavras, e isso deu-me também a noção de um trabalho antropológico, de um olhar do branco africano capaz de se filiar, pela cabeça e pelo coração, no contexto de Moçambique mais profundo. A verdade é que à medida que ele se notabilizava, viajando frequentemente a Lisboa e mantendo aqui contactos de influência (não estou a falar de tráfico), o retrato que eu fazia deste autor ganhou prolongamentos e próteses intercontinentais, começei a vê-lo, sobretudo por vias mediáticas, por vezes até à saciedade, como entidade capaz de ter um pé em África e outro na Europa, particularmente em Portugal, onde a sua fama tem feito com que instituições várias tenham preterido criadores portuguses, de inegável mérito, a favor de Mia Couto. Há muitas razões para isso, algumas eventualmente louváveis, e por certro as sequelas da memória colonial, das guerras, entre sentimentos de artistas por lá abandonados ou minimizados apesar da vontade de os tornar parte do espaço lusófono. Devagar, e muito depois de Mia Couto, chegaram outros, Pepetela, Rui Carvalho, vários, incluindo a comunicação via Internet.
Mia Couto publicou (ou publicaram-lhe) um oportuno artigo na revista/única (17.01.2009), sob o título E se Obama fosse africano? A redacção da revista publica uma pequena nota que diz ter o escritor moçambicano assistido com reservas às reacções eufóricas com a vitória de Obama (presume que em Moçambique, ou África em geral). A desconfiança é justificada porque, como dizia Franz Fanon, a passagem súbita de populações ocupadas e primitivas à contemporaneidade (na sua expressão técnico-cultural) provocaria grandes tragédias e difíceis assentamentos de identidade. Se a descolonização portuguesa foi lenta e desatrada, as outras todas (muito resultantes de concepções desemcadeadas após o termo da segunda Guerra Mundial) não evitaram sequelas por vezes hediondas. Os regimes nacionais, um pouco pouco por toda a parte, em África, cristalizaram em ditaduras impensáveis e prioridades militares paralisantes, as guerras civis e tribais sucederam-se e os países (que nunca lhes ocorreu alterar as fronteiras coloniais) regrediram até situações inenarráveis: a riqueza de Angola não reedifica a justiça política e social, Moçambique precisava de ter petróleo e menos insidiosos racismos. Ruanda e Uganda escusavam de consumar em três meses um dos maiores massacres da história humana (800.000 mortos), a África do Sul já deveria ter menos assassinos nas ruas, a Guiné sobrevive entre golpes de Estado e ditadores inconsequentes, o Zimbabwue pertence a Mugabe mesmo que ele sobreviva ao último habitante, o Congo, que já teve um dono inominável, desfaz-se em pedaços e carnificinas. Exemplos que não esgotam esta verificação breve.
Com mais brandura, o que se compreende, Mia Couto, aliás também preso pelo tema, reconhece esta realidade e é dela que parte para fazer a pergunta sobre Obama. Para ele Obama não teria o menor espaço de manobra em África, incluindo Moçambique, seria agredido, preso e sabe-se lá que mais. O escritor sublinha: «Os Bushes de África não toleram a democracia». A odiada América ainda consegue gerar estas ondas de combate aceitável, a riqueza de debates e de complexas escolhas. A esperança em Obama é por boas razões mas ele próprio já relativizou (no centro da crise mundial) o poder das soluções. Mia Couto conta que o Zambiano Keneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país como filho de malawianos». As raças africanas (já lá foi o tempo em que se dizia que a África é para os africanos) combatem-se a este nível, do geral ao particular, e os senhores do poder, sentados em montanhas de armamento, decretam as exclusões, as discriminações, os massacres.
Este corajoso depoimento de Mia Couto termina com palavras de esperança, imaginando o tempo em que todas as entnias e raças africanas terão oportunidade de celebrar, na sua casa, «aquilo que agora festejamos em casa alheia». Só não faz a estimativa de quantas gerações terão de ser sacrificadas para que isso aconteça. Seja como for, e por isso a ferida dos que viveram África não sara, esse Continente, possível salvador de outros excessos, é ensurdecedoramente belo, fica-nos no sangue, é património da humanidade, deveria ter um destino ecuménico e nunca ser poaauíso pelo sistemas do crescimento sempre. Talvez seja consolador imaginar um não crescimento equilibrante, sem metrópoles gigantescas, nel lixos asfixiantes, nem terras apodrecidas, nem fomes e doenças aterradoras.
domingo, janeiro 11, 2009
A BELA INICIAÇÃO DA ACTRIZ SOFIA ESCOBAR
sábado, janeiro 10, 2009
OS IMPERDOÁVEIS MUSICAIS DE FELIPE LA FÉRIA
do texto Juizo Final:
Terminamos nós, em rodapé, a fim de que tanta desgraça não nos afunde: é que, ao que parece, há frente de cada português está sempre um abismo. Fiquemos perto de Amália, que quase roçou a perfeição, e consideremos La Féria um artesão megalómano do teatro de revista à portuguesa
