sexta-feira, setembro 22, 2006

ESBOÇO PARA UMA POESIA INICIAL


DISTÂNCIA
*
A prumo, de súbito incandescente,
um traço de imagens desfaz-se dentro de mim
e apaga e acende,
ora sim, ora não,
as letras escritas dedo a dedo,
batendo a tecla provável,
talvez tudo outra vez, num torpor,
talvez tudo pela névoa breve do vapor,
deus electrónico aparecendo e desaparecendo
do fundo dessa outra memória,
afinal tão remota e virtual quanto a nossa,
e perto, e longe, e feia numa só dimensão,
plano côncavo,
caverna platónica,
sombra ou sombras
da revelação sem nome de nós talvez,
ontem, hoje, amanhã,
nessa distância, enfim, da luz rápida entre centímetros,
distância sempre, agora e depois,
caverna de silhuetas que, explodindo na luz,
partem em todos os sentidos,
perdendo-se sem retorno, para nunca nais,
na maior das distâncias, o infinito.

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