quarta-feira, agosto 01, 2007

NA MORTE DE MICHELANGELO ANTONIONI


Anteontem de manhã, quando morreu Ingmar Bergman, muitos cineastas reflectiram sobre a existência de Michelangelo como o último representante de uma era de ouro desta arte soberba.
Afinal, doze horas depois morria tranquilamente o realizador italiano cuja grandeza, no ser e na realidade inalienável, marcara o seu tempo e o pensamento humano de forma profunda. Por estranho que pareça, uma espécie de destino conferiu simultaneidade e sentido simbólico ou trágico à morte destes dois homens. Aqui os lembramos, sonhando com a perenidade da sua mensagem.
No jornal O Público, Inês Nadais acompanha-nos assim:
«Chamar-lhe o cineasta da incomunicabilidade era outra forma de lhe chamar ''cineasta burguês'' -- mas, para ele, em 1950, já não havia outro cinema a fazer: era mais importante parar nas personagens para ver o que é que, de tudo o que se passava (a guerra, o pós-guerra, coisas que eram importantes de mais para não terem deixado vestígios nas pessoas) . Antonioni pensava então: «Comecei assim a analisar as condições de aridez espiritual e de frieza moral da burguesia. Precisamente porque me parecia que nessa ausência de qualquer interesse além do seu, nesse estar totalmente virado para si próprio, sem um contraponto moral, parecia existir matéria suficientemente imporante para um exame» Do realizador em 1961.
A maneira despojada como olhava para o mudo era transportada para uma câmara lenta e fria: a prótese adequada para o cineasta indagar os estados de alheamento, a lassidão dos gestos, o modo indeciso, desprendido, como as pessoas se afundavam no espaço urbano, em parte abandonadas pela luz, mascarando o quotidiano e encobrindo a incerteza do desejo.




Antonioni com Wenders:
tendo perdido a fala, Michelangelo
realizou o seu último flme em
colaboração com aquele colega




Mónica Vitti
«Obberwald













Eclipse ____________ _____________ Zabink Point

2 comentários:

naturalissima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
naturalissima disse...

Adormecimento de mais um homem que deixou marcas importantes e de muito valor na história do cinema...

hoje não me sinto muito virada para comentários...

fique bem... ;-)
sobrinha sua