sábado, fevereiro 03, 2007

LATAS COMO SARDINHAS EM LATA

criação de Tiago Miranda («Actual») 3.02.07

QUE RECICLAGEM

Não resisti a partilhar convosco esta imagem paradigmática do muito que, à flor da nomeação, tenho apresentado aqui. A grande percentagem de lixos produzidos nas chamadas sociedades de consumo já não cabe nos espaços concebidos para enterramentos e aterramentos diversos. E até nem se pode, nas escalas em redor, falar de abandonar detritos em desertos, ou em terreno baldio, ou na esquina dos subúrbios das grandes cidades. Porque a contaminação atinge níveis generalizáveis e é preciso inventar modos limpos de pulverizar os vários lixos e até de reciclar os que têm possibilidades de cumprir esse ciclo. Timidamente, há por aí uns potezinhos para receber cartões, plásticos e vidros, matérias escrupulosamente trazidas por algumas donas de casa que separam o lixo, fazem um enorme trajecto para chegar aos tais contentorzinhos completamente errados para o fim em vista, e assim cumprem um dever proclamado na televisão. O Estado tem de trabalhar este problema mais a sério: é muito mais eficaz (e livra-nos da enorme poluição visual dos contentores) fornecer sacos aos munícipes, com anilha de fecho, os quais deveriam ser colocados na rua, à noite, mas com a certeza de que seriam recolhidos nas duas ou três horas mais próximas, todos os dias. A recolha dos diversos tipos de lixo tem de ser feita, de facto, todos os dias, incluindo sábados e domingos, com carros e trabalhadores minimamente formados nesta área das contingências urbanas. O que parece, assim, sair caríssimo, é ultrapassado pelos milhares de toneladas de lixo recicláveis em tempo útil.

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