segunda-feira, fevereiro 26, 2007

O CUBANO, ZOOLOGIA E KAFKA

Em anexo ao que se pode ler um pouco abaixo sobre João Jardim, cita-se aqui parte do texto «Jardim zológico», de Joana Amaral Dias no «Diário de Notícias» de 28.02.07:
«Jardim não é um animal político. É todo zológico. O maior dinocamaleão da nossa praça. As suas estratégias vão da intimidação à vitimização. Num ápice, passa das exigências ao continente à insinuação da independência. A Madeira tanto é bem sucedida quanto é carenciada. Para Jardim, basta juntar água. Instantâneo. Quando lhe convém, exibe o PIB e brada que a Madeira é um êxito. Só não diz que esse PIB é um balão cujo ar sopra do offshore. Quando lhe dá jeito, garante que a Madeira precisa de investimentos e que os cubanos a asfixiam. A ilha tem dos concelhos mais pobres de Portugal, apresenta 18% de desemprego e gravíssimas assimetrias. Este jogo do gato e do rato foi resultando. Agora, a Europa e a República decidiram-se por um dos papéis e assumiram que a Madeira é abastada»
Jardim saltou do seu palácio, aterrou na assembleia e na praça pública, atirando ao governo do continente todos os impropérios que foi capaz de reunir -- e todos nós sabemos como esse seu léxico é poluído. Declarou então que se demitia, facto que chamou reviolucionário e democrático. Só lhe faltava, no Carnaval, uma bonita boina à Guevara.
«O que arrisca?. Só espera mais do mesmo. E o resultado que terá em 2007 será melhor do que o que teria em 2008, com a nova lei eleitoral. Assim, recandidata-se ainda sem os efeitos do emagrecimento das verbas e capitalizando o ressentimento dos madeirenses. Desafia Sócrates. Justifica o futuro. Aconteça o que acontecer, a explicação está dada: a culpa é da Lei da Finanças Regionais. E até consegue interpelar Cavaco e piscar o olho à oposição que esteve contra essa lei. Marques Mendes vai para o banco.»
A mutação imposta a Jardim não cabe à administração portuguesa: ele nunca foi o jardim; tem vivido na frescura da ilha, mas Kafka vai materializar-se lá, capaz de metamorfoses que fazem estremecer a zoologia.
«A nova Lei imporá a Jardim uma verdadeira mutação. Já não se trata de uma mera pele ou de uma simples camuflagem. Por mais fatiotas que desfilem, os madeirenses sabem que uma cigarra não passa a formiga. Podem continuar a votar por medo, vingança ou rancor e manter tudo na mesma. Ou podem, finalmente, aprender a moral da história.»
Que será de Portugal quando Jardim passar a chamar-se Gregor?

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