na extinta Galeria Nacional de Arte Moderna
Vostell será, ao primeiro contacto, um ser da cultura urbana. Mas a sua acção sobre o território abana as estruturas de uma estabilidade afinal falsa. E transporta para o espaço público as coisas encobertas, velhos produtos encantatórios, reconstruindo a televisão inócua, absurda e indisponível. A artificialidade dos cenários pode decorrer de uma aspiração simultaneamente de denúncia, testemunho, sátira -- um julgamento sem regras, dividindo em modalidades indescritíveis a arte moderna, a sua fé, rasgando antigas convenções e belos modelos que indiciavam o sagrado, agora de facto sem ornamentos e cargas majestáticas, na perda insanável de todas as santidades.
No domínio dos eventos artísticos, na destruida (pelo fogo) Galeria Nacional de Arte, margem direita do Tejo e resto da Exposição do Mundo Português, devemos lembrar a apresentação antológica de Wolf Vostell, que se revestiu da maior importância e permitiu aos artistas modernos deste país arriscarem posições interventivas por vezes de mérito muito assinalável.
No domínio dos eventos artísticos, na destruida (pelo fogo) Galeria Nacional de Arte, margem direita do Tejo e resto da Exposição do Mundo Português, devemos lembrar a apresentação antológica de Wolf Vostell, que se revestiu da maior importância e permitiu aos artistas modernos deste país arriscarem posições interventivas por vezes de mérito muito assinalável.
Vostell é um autor, no pleno sentido da palavra. Quando os artistas europeus começaram a procurar os novos estímulos vindos da América, também Vostell viajou para tais distâncias e, nos lugares próprios, desfocou conceitos, apropriou-se de campos operativos recentes como entendeu. O happening interessou-o de maneira particular, mas, ao aceder às correntes emergentes na altura, deu relevo à performance, então tida por original daquela latitude cultural. Ele deu-lhes sentido de contracorrente, política e socialmente.
Um facto relevante decorre pelo seu uso da chamada «des-colagem» como princípio criativo e sintoma de diferentes orientações interventivas. Vostell foi informalmente definido, neste e noutros campos, pela sua constante aproximação das coisificações temáticas ou alegóricas. «Fascina-me (disse) os sintomas e as várias emanações como a constante metamorfose do espaço em redor, expressão artística na sua destruição em geral, sempre como dissolução e justaposição, razão bem forte para operar. Des-colagem é a produção principal no uso da destruição e autoconstrução, em contra-distinção da colagem, aglutinação heterogênea, objectos que não esquecem a assemblage»
A ideia de confrontação das artes teve o seu período mais aceso durante a guerra do Vietnam. A variedade e contundência polémica de diferentes tipos de experiências de índole artística, atravessou a América de costa a costa, derramando-se aqui e além como gesto das tribos em formação possessiva.
Sem comentários:
Enviar um comentário