Francis Bacon
Inaugurou-se ontem, 26 de Junho de 2007, em Lisboa, Portugal, o Museu Colecção Berardo, instituição que se alcandorou no Centro Cultural de Belém, após um tempo de grande polémica entre o próprio Joe Berardo e o Estado: o empresário ameaçava levar o seu espólio artístico para França, nem mais nem menos. Há cerca de um ano, em Agosto de 2006, foi enfim criada (coisa cada vez mais recorrente por cá) a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea da Colecção Berardo (assim até 2016), o que implica um contrato de cedência sem custos do Centro de Exposições do CCB, após o qual o Governo português terá a opção de compra da colecção. Até então as obras não serão classificadas como património nacional, sendo possível que circulem, em parte, fora do País. Mas há mais contemplações: a Fundação Berardo poderá mover um fundo anual para aquisição de obras, o que, a acontecer, terá a divisão igual de despesas por Berardo e o Estado hospitaleiro. Berardo será presidente vitalício da sua Fundação e concederá, depois de toda esta máquina de efeitos especiais e importantes cedências, uma cara exposição de arte contemporânea a Portugal e a Mundo. Ao fim dos 16 anos, já terá corrido muita tinta sobre este bizarro acordo. O fim, se Portugal continuar pobre, é mais ou menos previsível. Houve tempo em que os grandes coleccionadores, ricos e com o sentido do dever público, cediam as colecções por completo (Gulbenkian) ou ofereciam ao País Fundações inteiras, como Arpad e Vieira da Silva. Para não falar em preciosas bibliotecas, gestão de espólios (SNBA) e assim por diante.
A programação do Museu Colecção Berardo deverá orientar-se pela rotação dos vários movimentos artísticos que a integram. Por muitas subjectividades que as escolhas contenham, a verdade é que o conjunto das inclui 862 obras. O objectivo desta recambolesca negociação concentra-se em dar a conhecer a evlução das artes plásticas no século XX, permitindo, ou potenciando mesmo, o intercâmbio de obras de arte com outras de instituições estrangeiras semelhantes. Embora nada do que está escrito saia destas fronteiras, Berardo atreveu-se a dizer que este acontecimento «significa o concretizar do sonho de ter um gande centro de arte em Portugal, onde os artistas portugueses possam expor as suas obras e o público nacional ver peças dos melhores autores e museus mundiais.»
Berardo parece esquecer-se que isso tem acontecido através de um largo mecenato e de outras instituições públicas e privadas, sem que o país possa hoje considerar-se propriamente desactualizado. Aquilo de que ele fala deveria implicar a desafectação do Centro de Belém deste contrato, após, e a breve trecho, a construção de um edifício inteiramente construido para a colecção Berardo -- e, quem sabe, talvez à sua custa e futura exploração das mais valias.
O programa anunciado para o funcionamento inicial do Museu comporta grupos de fotógrafos e e pintores, nos quais aparecerão, como seria inevitável, obras de Helena Almeida, Ângelo de Sousa e Paula Rego. Depois o surrealismo será obrigatório e autores relevantes, como Warhol, Bacon, Picasso, Magritte, serão também, e por outro lado, integradores de afinidades com artistas portuguses
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Segundo os noticiários em circulação, imprensa e TV
1 comentário:
Pois é, genialtioJoão...continuamos a utilizar a arte em função do dinheiro ao invés do dinheiro em função da arte.
Convenhamos que até estes "recabolescos negócios" são feitos com "arte"...
Todavia, mau grado estas insinuosas aspas: mais vale um museu de arte moderna e contemporânea dum Berardo qualquer (cheio de intenções controversas) na mão, que dois museus de credibilidade inquestionável a voar.
Um abraço do seu maisnovosobrinho que o admira...cof, cof, cof...isto sou eu, continuando a tossir, mas um pouco melhor, obrigado.
Miguelutandocontraovírus...da gripe?
P.S. Beijos á Mami ;-)
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